63ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 10. Comunicação - 8. Comunicação
Mapeamento sobre a imprensa do Pólo Juazeiro-Ba e Petrolina-Pe (1901-1999): a construção de um Acervo.
Adzamara Rejane Palha Amaral 2
Andréa Cristiana Santos 1
1. Profa. msa Orientadora-Depertamento de Ciências Humanas-Uneb-campus III
2. UNEB
INTRODUÇÃO:
Os estudos na área da história da imprensa no Brasil têm crescido progressivamente, contudo, em cidades do interior do país, há ainda muitas dificuldades para localizar acervos que preservem a fonte jornal. Muitas vezes, os periódicos se encontram deteriorados, dificultando o acesso. Também há poucas informações sobre os comunicadores que atuaram na imprensa.
Diante disto, esta pesquisa foi criada com a finalidade de fazer um mapeamento para identificar os profissionais da imprensa do pólo Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), visando compor um acervo com exemplares de jornais, imagens fotográficas, depoimentos orais, entre outros. Também pretende documentar aspectos da cultura e dos modos de produção do fazer jornalístico, demonstrando sua evolução técnica, das primeiras tipografias ao ambientes virtuais.
A cidade de Juazeiro, no norte da Bahia, foi um importante pólo comercial no início do século XX, dando passagem para mercadorias e pessoas que se dirigiam ao norte do país. A cidade Petrolina (PE) é circunvizinha e também se constituiu em um relevante centro comercial. Nessas duas cidades, proliferou desde o início do século XX uma imprensa artesanal, mas que fez circular informações. No decorrer dos anos, ambas as cidades conheceram os meios de radiodifusão e de televisão.
METODOLOGIA:
Para subsidiar a pesquisa, utilizou-se a metodologia pertinente à história da imprensa a partir dos estudos de Marialva Barbosa e Marcos Morel (2005) e Tânia Regina de Luca (2005). Partido das recomendações de Barbosa&Morel, foi feita uma abordagem quantitativa com levantamento sistemático dos veículos de comunicação existentes. Na primeira etapa, foi feito um inventário com a identificação dos títulos, imagens, editorias, publicidade, número de páginas; nome dos profissionais; e a tipificação das mensagens conforme o conteúdo.
Também, durante a pesquisa, foi feita uma análise circunstanciada do lugar de inserção dos periódicos e de programas de rádio, relacionando-o ao contexto histórico, social e cultural ( LUCA: 2005). Para viabilizar esse processo metodológico, no primeiro momento foi feito um levantamento de cada jornal, edição de rádio e foram realizadas visitas às redações de televisão para mapear quem foi profissional e a função que exercia. Esse levantamento foi feito nos periódicos, conferindo expediente de cada edição, e de entrevistas orais para saber quem eram os comunicadores que atuavam no rádio e televisão. O trabalho resultou na identificação de 215 nomes de pessoas que trabalharam como profissionais da comunicação e coleta de 100 imagens fotográficas. No segundo momento, foi feita a análise de conteúdo de algumas edições de jornais, a fim de identificar o conteúdo das mensagens.
RESULTADOS:
Em Juazeiro, registra-se a presença de jornais a partir do ano de 1895, com O Sertanejo. Posteriormente, surgiram pequenos periódicos como A Pérola e A Crisálida. Editado por Jesuíno Inácio da Silva, O Correio do São Francisco (1901-1911) foi o primeiro a ter maior longevidade. De 1930 até 1950, o tipógrafo José Diamantino de Assis editou A Marrêta, O Banjo, O Jacuba, Itiubense e O Esporte. Na cidade de Petrolina, O Pharol foi fundado em 1915 por João Ferreira Gomes que circulou 74 anos na região. Depois, foi a vez de O Sertão, de Cid Carvalho. Esses jornais têm a característica de trazer notícias locais e regionais. A modernização dos jornais começa a partir de 1973, com O Jornal de Juazeiro, de Paganini Mota Nobre. Foi o primeiro jornal a utilizar off-set, e circula até hoje como Diário da Região.
Além dos jornais, outro sistema de comunicação foi o alto-falante, precursor da radiodifusão em 1940, que lançou muitos radialistas..Em Juazeiro e Petrolina, destacam-se as Rádios Juazeiro e Emissora Rural – A Voz do São Francisco, criada por Dom Antonio Campelo de Aragão, bispo da diocese, respectivamente. Já as emissoras TV São Francisco (Juazeiro) e TV Grande Rio (Petrolina) foram implantadas na década de 1990
CONCLUSÃO:
A partir desta pesquisa, pode-se comprovar que esta imprensa vivenciou algumas fases: artesanal, quando era feita por tipógrafos e com tecnologia ainda rudimentar; a transição do alto-falante, em circulação nos anos 1940, para o rádio, implantado nas décadas de 1950 e 1960, e a modernização com a profissionalização dos impressos, que ainda hoje circulam como o Diário da Região, até a chegada da televisão na década de 1990.
Neste período, registrou-se ainda a imprensa de natureza religiosa como a mantida pela Diocese de Juazeiro e Petrolina; a comunicação comunitária com os Comunicadores Populares; e experiências de uma imprensa alternativa e humorística como o Berro D’Água.
A pesquisa documentou que existe uma relação muito intrínseca entre jornalismo e cultura, pois alguns dos comunicadores vão se utilizar dos meios para divulgar artistas vinculados à indústria cultural nascente na primeira metade dos anos 1950, bem como a relação com a política, pois alguns comunicadores vão se candidatar para cargos eletivos na Câmara dos Vereadores. Deve-se registrar ainda que, apesar da pesquisa ter documentando a presença de 215 profissionais, ainda há muito a ser pesquisado, o que pode ampliar consideravelmente este acervo.
Palavras-chave: História da Imprensa, Alto-falante, Memória..