63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial
Lembranças de vida: a voz de uma pessoa com deficiência
Gabriela Ruiz Berribille 1
Katia Regina Moreno Caiado 1,2
1. UFSCar
2. Profa. Dra./ Orientadora- Depto. Psicologia
INTRODUÇÃO:
Dados estatísticos do Censo de 2000 revelam que 14,5% da população brasileira possuem algum tipo de deficiência. Importante destacar que a Organização Mundial de Saúde, em 1989, já alertava para a “associação entre deficiência e pobreza, uma vez que em países subdesenvolvidos o percentual de deficientes é 15% maior quando comparado com os desenvolvidos” (NERI, 2003, p.105). Os dados brasileiros revelam que grande parte das pessoas deficientes sofre as conseqüências da desigualdade social que assola o país e exclui milhões de pessoas do acesso aos direitos sociais como: educação, saúde, trabalho, transporte, esporte, cultura e lazer. Porém, as causas da deficiência não são apenas conseqüências da pobreza. A deficiência pode estar relacionada a causas de caráter orgânico e ambiental, o que explica a presença de pessoas com deficiência em famílias com poder aquisitivo e acesso aos serviços de qualidade em educação e saúde. Provavelmente, são essas as famílias que garantem aos seus filhos uma escolarização com o ensino superior concluído.
É recente a produção de conhecimento sobre os processos de escolarização da pessoa com deficiência no ensino regular. Há pouca investigação sobre trajetórias de vida de pessoas com deficiência que concluíram o ensino superior (CARNEIRO, 2008; OLIVEIRA, 2008; VIANA, 2008).
METODOLOGIA:
Para a realização desta pesquisa, foi elaborado um projeto de trabalho que, após apresentação e discussão, teve suas etapas definidas a saber:
- Elaboração de Roteiro;
- Definição de requisitos para seleção do participante;
- Escolha do participante;
- Contato inicial para solicitar sua participação;
- Aplicação de um questionário de indicadores sócio-econômicos;
- Realização da entrevista;
- Transcrição da entrevista;
- Devolução da entrevista transcrita para conferência do entrevistado;
- Adequações, conforme a solicitação do participante;
- Primeira análise das informações obtidas;
- Elaboração do Relatório Parcial de Pesquisa;
- Aprofundamento das análises, com identificação de eixos temáticos;
- Categorização da entrevista por eixos.
RESULTADOS:
Contexto familiar:
“R: “Provas iguais, só que minha mãe fazia questionário, porque livro, não conseguia entender, porque você vai ler, ler, ler e não entendia nada, então minha mãe pegava esse livro e fazia questionário para eu estudar para as provas, ai eu ia bem.”
Escolarização:
”R: “Eu entrei na primeira série com 13 anos, quando eu entrei com 10, 11 anos minha mãe tirou porque não aceitavam, então ela me tiro, fez reclamação, e falaram para eu voltar, eu voltei com 13 anos, eu tava com 12 fazendo 13. Eu já sabia ler e escrever, fiquei na escola 6 meses fazendo matemática porque já sabia ler e escrever, mas precisei fazer a primeira série, podia pular a primeira série, porque eu já sabia ler, mas por causa da APAE não deu, lá eu também já comecei a aprender a falar.”
Convívio social:
“...L: “Em nenhuma prova você teve intérprete?”
R: “Alguns falavam que tinha que levar um laudo médico para pedir um intérprete. Eu fico revoltado! Porque é minha dificuldade. Briguei com alguns professores na faculdade porque eu queria que eles usassem outro método de ensino, com palavras mais fáceis porque eu não entendo todas as palavras. E alguns não aceitavam.”
CONCLUSÃO:
Escolarização:
”R: “Eu entrei na primeira série com 13 anos, quando eu entrei com 10, 11 anos minha mãe tirou porque não aceitavam, então ela me tiro, fez reclamação, e falaram para eu voltar, eu voltei com 13 anos, eu tava com 12 fazendo 13. Eu já sabia ler e escrever, fiquei na escola 6 meses fazendo matemática porque já sabia ler e escrever, mas precisei fazer a primeira série, podia pular a primeira série, porque eu já sabia ler, mas por causa da APAE não deu, lá eu também já comecei a aprender a falar.”
Convívio social:
“...L: “Em nenhuma prova você teve intérprete?”
R: “Alguns falavam que tinha que levar um laudo médico para pedir um intérprete. Eu fico revoltado! Porque é minha dificuldade. Briguei com alguns professores na faculdade porque eu queria que eles usassem outro método de ensino, com palavras mais fáceis porque eu não entendo todas as palavras. E alguns não aceitavam.”
Palavras-chave: Educação Especial, Ensino Superior