63ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 11. Economia
UTILIZANDO A METODOLOGIA DE VALORAÇÃO CONTIGENTE PARA ESTIMAR OS BENEFÍCIOS GERADOS PELO MUSEU DE ARTE DE GOIÂNIA (MAG)
João Pedro Tavares Damasceno 1
Matheus Gonçalves França 1
1. Universidade Federal de Goiás (UFG)
INTRODUÇÃO:
Como muitos bens e atividades culturais são gratuitos, é importante que se lance mão de alternativas para se obter um valor de mercado que expresse em quanto as pessoas valoram tais bens e atividades. Um método eficaz que vem sendo amplamente utilizado por economistas para estimar benefícios e custos ambientais, e que recentemente vem sendo aplicado na área de economia da cultura, é o Método de Valoração Contingente (MVC). Através do MVC, é possível descobrir o quanto as pessoas pagariam para participar de determinada atividade ou utilizar-se de determinado bem. Esse valor é então tomado como uma aproximação do quanto esse bem ou atividade gera de benefícios para o indivíduo em questão. Na ausência de estimativas desse gênero, poderia-se facilmente ofertar bens culturais num nível maior ou menor a um padrão aceitável, resultando em perda de bem-estar para a sociedade, bem como o de incentivos públicos ou privados que, na ocasião, estariam sendo empregados de forma errônea. O presente trabalho constitui uma aplicação do MVC para estimar um valor de mercado para o Museu de Arte de Goiânia (MAG), baseado nos benefícios que o local gera para seus participantes.
METODOLOGIA:
A metodologia aplicada no trabalho consiste de duas técnicas distintas de valoração contingente, o técnica do open-ended e a do referendo. Neste trabalho foi utilizada uma amostra com tamanho inicial de 50 observações através da aplicação de questionários no Bosque dos Buritis, na cidade de Goiânia, Goiás. Em todas os entrevistados utilizou-se ambas técnicas, verificando a DAP (disposição à pagar) e a DAA (disposição à aceitar); onde o primeiro consiste em perguntar ao entrevistado o quanto ele está disposto a pagar pelo bem; enquanto, no segundo caso, o quanto a está disposta a aceitar para abrir mão do bem.
RESULTADOS:
Quanto ao perfil dos entrevistados, das 50 observações, a maioria das pessoas possuíam cor branca (46%), eram estudantes (32%) ou empregados (30%), e com o ensino médio completo (32%). A idade média era de 29,6 anos, sendo que a idade que apareceu com maior freqüência foi de 18 e 21 anos. A renda com maior freqüência foi entre 3 e 5 salários (R$ 1.530,00 - R$ 2.550,00). Os entrevistados visitam anualmente uma média 5,34 locais culturais (museus, exposições, feiras culturais), gastam em média, mensalmente, R$ 39,46 e um tempo de 2 horas e 11 minutos em atividades culturais. A média da DAP (disposição a pagar) para visitar o Museu de Arte de Goiânia foi de R$ 11,04. A técnica do referendo pré-determinou o valor de R$ 5,00 e perguntou a DAA (disposição a aceitar) por este valor. Das observações, 43 aceitaram pagar o valor pré-determinado, isto é, 86% dos indivíduos aceitaram pagar pagar 5 reais para entrar no museu. O percentual elevado de pessoas que aceitaram pagar este valor dá uma indicação de que o valor certo pode ser próximo ao estipulado. Além disso, foi realizado uma análise das variáveis que influenciam a DAA. A variáveis cor, idade, ocupação, quantidade de visitas a locais culturais não mostram-se significativas para explicar a DAA. As variáveis significativas foram educação, gasto com atividades culturais e renda.
CONCLUSÃO:
Considerando-se que na amostra, o valor médio da DAP do método do open-ended foi de R$ 11,04, o que indica ser um bom referencial de valor para se mensurar os benefícios do Museu de Arte de Goiânia (MAG). O método do referendo reforça este valor referencial, uma vez que o valor proposto de R$ 5,00, muito abaixo do valor médio da DAP, teve um excelente nível de aceitação (86%), sendo um valor extremamente elevado para a probabilidade condicional de R$ 5,00 ser o valor correto, sendo talvez necessário aumentar o valor da DAA para um valor mais próximo do DAP, podendo inferir, assim, que o valor poderia ser superior a R$ 5,00. O presente trabalho não tem pretensões de ser um único referencial da relevância que museus, no caso o museu de Arte de Goiânia (MAG), tem para a população analisada. Mas contribui para verificar a importância dada a esse tipo de atividades culturais, e faz questionar se o incentivos públicos estão condizentes com o esperado.
Palavras-chave: Economia da Cultura, Metódo de Valoração Contingente, Museu de Arte de Goiânia.