63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 4. Odontologia - 10. Odontologia
AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO LABIAL EM PACIENTES SUBMETIDOS A TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO ANTINEOPLÁSICO
Rafael Ferreira 1
Lucas Monteiro de Vasconcelos Alves de Souza 1
Marcia Mirolde Magno de Carvalho Santos 2
Maura Rosane Valério Ikoma 3
José Endrigo Tinoco Araújo 4
Paulo Sérgio da Silva Santos 5
1. Graduando em Odontologia – Faculdade de Odontologia de Bauru/USP
2. Graduada em Odontologia - Universidade Paulista/São Paulo
3. Médica hematologista - Instituto Amaral Carvalho – Bauru/SP
4. Mestrando do Departamento de Estomatologia – FOB/USP
5. Prof. Dr./Orientador - Depto de Estomatologia – FOB/USP
INTRODUÇÃO:
A quimioterapia antineoplásica pode possibilitar a cura, para o controle do tumor, ou como adjuvante, como quando realizada após uma cirurgia curativa para evitar metástases. Entretanto, os quimioterápicos não atuam exclusivamente sobre as células tumorais, podendo possibilitar inúmeros efeitos colaterais a curto ou longo prazo. O sistema estomatognático é bastante vulnerável a toxicidade direta e indireta desencadeada pelas drogas antineoplasicas, provocando alterações significativas e limitantes na mucosa bucal. Uma das áreas bucais mais acometidas são os lábios, os quais são acometidos em cerca de30 a 70% dos pacientes sob terapia antineoplasica, com sinais clínicos de rachaduras e lesões ulcerativas. Estas alterações labiais provocam grande desconforto, limitação de abertura bucal além de aumentar a susceptilidade as infecções secundárias. Na literatura científica é escasso o número de trabalhos que avaliem a repercussão dos quimioterápicos sobre os lábios. O objetivo deste estudo foi avaliar as alterações labiais decorrentes da terapia antineoplásica quimioterápica.
METODOLOGIA:
Esta pesquisa foi aprovada (Processo nº 145/10) pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP) do Hospital Amaral Carvalho, respeitando a resolução 196/96. Foram avaliados 27 pacientes sob tratamento oncológico quimioterápico na Unidade Ambulatorial do Hospital Amaral Carvalho - Bauru/SP, que estavam utilizando os quimioterápicos com maior risco de toxicidade sobre os tecidos da boca. Os pacientes foram submetidos a exame clínico intra e extra-oral no ambulatório no dia do início do ciclo da administração do quimioterápico, e um segundo exame imediatamente após o término do ciclo de infusão das drogas, tempo esse que permite a instalação e/ou desenvolvimento das alterações bucais. Foi utilizado para esta avaliação a escala de graduação de Mucosite Oral da Organização Mundial de Saúde (OMS), além da avaliação clínica das alterações labiais (ressecamento, edema, rachaduras e outros sinais clínicos). Foi utilizada a avaliação subjetiva para as alterações sintomáticas labiais com um escore de zero a 10, sendo 10 a pior sintomatologia, através da Escala Visual Analógica (EVA) modificada, para responder questões referentes à dor, desconforto, limitação de abertura de boca e secura dos lábios.
RESULTADOS:
Da amostra (n=27), 13 (48,1%) pacientes não tinham histórico de mucosite oral e 14 (51,9%) já a apresentaram em algum momento. Ao final do ciclo de quimioterapia antioneoplásica 14 (73,6%) pacientes apresentaram ressecamento labial , 2 (10,5%) edema, 1(5,3%) queilite angular, 1(5,3%) rachaduras e 1 (5,3%) hematoma como sinais clínicos de alteração labial. Na avaliação de sintomas pela EVA obtivemos os resultados relatados em score acima de “0” indicando sintomatologia de dor em 2 (7,4%) pacientes, limitação de abertura bucal 3 (11,1%), desconforto 5 (18,5%) e ressecamento dos lábios em 11 (44,4%). Quando comparados os escores da avaliação inicial e a segunda avaliação após a quimioterapia dos sintomas relatados, houve relevância estatística somente para ressecamento dos lábios (p<0,018) pelo teste t pareado. Este estudo mostrou que após um ciclo quimioterápico antineoplásico considerável parcela da amostra apresentaram algum sinal clínico labial ou sintoma desfavorável. A secura nos lábios é um efeito colateral relevante para o paciente sob tratamento quimioterápico, portanto, os dados obtidos nesta pesquisa sugerem a necessidade de estudos relacionados a utilização de produtos adequados para prevenção e tratamento nestes pacientes.
CONCLUSÃO:
Os resultados desta pesquisa sugerem que os efeitos colaterais da quimioterapia antioneoplásica proporcionam limitações para a qualidade de vida dos pacientes oncológicos. Dentre as principais dificuldades, destacam-se o ressecamento e o desconforto labial.
Palavras-chave: Lábio, Quimioterapia, Toxicidade de Drogas.