63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental |
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE BIOLOGIA: DESCOBRINDO CAMINHOS A PARTIR DE EXPERIÊNCIAS EXITOSAS DE EGRESSOS DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA FEDERAL DE PERNAMBUCO |
Monica Lopes Folena Araújo 1 Tereza Luiza de França 2 |
1. Universidade Federal Rural de Pernambuco 2. Universidade Federal de Pernambuco |
INTRODUÇÃO: |
Estudos de Guimarães (2004) e de Araújo (2008) mostram-nos que professores de biologia e de geografia são aqueles que mais atuam com a educação ambiental (EA) nas escolas. Assim, preocupa-nos a formação destes profissionais para a atuação com a temática, pois esta tem influência direta em suas práticas docentes. Para melhor compreender a formação inicial de professores de biologia em relação à EA, optamos por buscar professores de biologia egressos das universidades públicas federais localizadas em Recife-PE que tivessem experiências exitosas com EA na educação básica. Nesta perspectiva, o objetivo geral do presente trabalho foi analisar a formação inicial de professores de Biologia em relação à EA. Especificamente, procuramos conhecer a experiência exitosa orientada por eles, suas concepções de EA, os professores que abordaram a EA na formação inicial e a forma de abordagem. Na busca pelos professores egressos fomos à Secretaria Estadual de Educação, onde conseguimos informação relevante: a realização de Mostras Pedagógicas de Experiências Bem Sucedidas da Rede Pública Estadual de Ensino de Pernambuco. Estas têm sido promovidas pela referida Secretaria desde o ano de 2009 e são eventos anuais, portanto, no ano de 2010 tivemos a sua segunda edição. |
METODOLOGIA: |
Através do site da Secretaria Estadual de Educação tivemos acesso às experiências exitosas apresentadas pelos professores de biologia nos anos de 2009 e 2010. Restringimos nossa busca aos trabalhos apresentados por professores de Biologia de escolas públicas localizadas na Região Metropolitana do Recife que eram egressos da UFPE e da UFRPE. Percebemos que, dos sete trabalhos sobre EA apresentados na I Mostra Pedagógica, três são de professores egressos da UFPE (sendo um de letras e dois de geografia) e dois são de professoras egressas da UFRPE (ambas de biologia); o que indica-nos que as IES inserem profissionais no mercado de trabalho que atuam com a temática ambiental. Verificamos também que em quatro trabalhos há o professor de biologia e que, em dois destes trabalhos, há a parceria de professores de geografia e de biologia. Já na II Mostra Pedagógica foram apenas três trabalhos sobre EA e todos foram apresentados por professores de biologia, sendo um deles egresso da UFRPE. Após este mapeamento, fizemos contato telefônico com os professores e agendamos entrevistas, que ocorreram em dezembro de 2010, com aqueles que eram egressos de cursos de licenciatura em biologia da UFRPE (três professores), pois não identificamos professores egressos da UFPE. |
RESULTADOS: |
Os trabalhos exitosos realizados com EA tiveram “abordagem social, da relação humana e da relação do homem com o meio”, deste modo valores como a solidariedade e o respeito à vida foram destacados. Tais valores levam-nos a pensar que a prática docente com EA está implicada no fazer social, que é também histórico, e que produz saberes, valores, atitudes e sensibilidades (CARVALHO, 2006). Apenas um trabalho foi interdisciplinar, envolvendo as disciplinas biologia e geografia. Os professores pensam que “educação ambiental é uma mudança de atitude” e que “educação ambiental é mobilizar, é sensibilizar, é motivar a mudar de comportamento, tanto no ambiente como com as pessoas ao seu redor”. Lembramos que comportamentos são ações observáveis que podem estar ou não relacionadas às atitudes do sujeito. Assim, a EA deve estimular a formação de atitudes diferenciadas em relação à temática ambiental. Ao perguntarmos aos egressos se os mesmos tiveram professores que abordaram a EA na formação inicial e de que forma isso ocorreu, eles nos disseram que “os professores abordavam, contextualizavam, mas somente ideias, eles não focavam a educação ambiental”. Destacaram um professor de ecologia que “falou de EA mostrando livros que tratavam da questão ambiental”. |
CONCLUSÃO: |
A formação dos professores entrevistados não os preparou para seu exercício profissional com a EA, demonstrando que houve investimento no conteúdo específico em relação a questões ecológicas e ambientais, mas houve pouco investimento na formação pedagógica para atuar com a EA; contrariando a necessária formação de professores voltada para a atuação profissional defendida por autores como Garcia (1999), Tardif (2002) e Leite (2004). Nesse sentido, os professores afirmaram ter investido em formação continuada por iniciativa própria para suprir suas necessidades formativas. Estes resultados indicam-nos novos caminhos que podem ser percorridos nos cursos de formação de professores, como a necessária integração entre as disciplinas conhecidas por “específicas”, como é o caso da ecologia, e as disciplinas “pedagógicas”, como os estágios supervisionados. Este trabalho conjunto pode minimizar a lacuna formativa dos professores e ajudá-los efetivamente em suas práticas docentes com a EA. Verificamos também a necessidade de mais pesquisas serem realizadas acerca de experiências bem sucedidas na educação básica e na educação superior, pois estas podem indicar mais caminhos para a melhoria dos cursos de formação de professores em todo o país. |
Palavras-chave: Formação de professores, Educação ambiental, Professores de biologia. |