G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem |
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PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES / Uma experiência pedagógica com a internet. |
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Maria Dalva de Souza Siqueira 1
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1. Profa.MS/ Professora - Depto de Área de Núcleo Comum - IFMT
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INTRODUÇÃO: |
A relação professor-aluno tem se mostrado conflitante no mundo todo pela violência nas escolas, ataques de alunos aos professores, colegas e outros funcionários, depredações de carteiras, paredes, livros e materiais de uso público na escola. As agressões são físicas, morais, com uso de tecnologia da informação e através de montagens de fotos, filmes, vídeos com documentários agressivos e depreciativos. A experiência vivida e aqui relatada como uma prática de ensino-aprendizagem surgiu num desses contextos, quando a professora viu seu nome e o da escola expostos, sem nenhum critério, num vídeo feito de sua aula, na internet. Na opinião do autor, ali explicitada, a aula era de sermão, onde a professora avaliava os resultados das provas e a preocupação com as notas, falta de interesse e compromisso dos alunos. Não pareceu justo se acomodar diante do fato, mas, a ação/reação não seria de punição, mas, educativa levando os alunos a refletirem sobre suas ações e a repensarem suas atitudes além de mostrar, como conteúdo programático de Geografia, a análise e reflexão da produção do espaço por uma sociedade em constante processo de mudanças, do qual alunos e professores também participam. Assim foi elaborado e desenvolvido o projeto pedagógico – pra não dizer que não falei das flores. |
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METODOLOGIA: |
O projeto aconteceu por etapas: dinâmica de Grupo, seminário, discussão em sala, visita a creche, pesquisa sobre direitos e garantias legais e Socialização dos resultados. Os temas foram: Violência no trânsito; Ciclo da pobreza; Moradia; Sistema de informação e qualidade de vida; Depredação dos prédios públicos; contextualizados e, explorando os temas transversais: cidadania, ética, respeito, ambiente, tiveram apoio no livro texto: Periferias da globalização; Urbanização e meio ambiente; Desigualdades sociais e pobreza; A revolução técnico-científica. Iniciado em 2009, o projeto se estendeu em 2010, nas turmas A e B. O comentário sobre o vídeo na internet, só aconteceu na última etapa, na socialização. A visita a creche, num projeto interdisciplinar com Relações Interpessoais fortaleceu os temas transversais. Foi discutido temas como boa convivência e respeito com base na constituição, religiões, código de posturas, regimento escolar, código civil sobre funcionário público e exposição da imagem, além da fábula da águia e da galinha, de James Aggrev, ilustradas com situações do cotidiano e música de Vandré que deu nome ao projeto, em vídeo também na internet, finalizando o projeto. |
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RESULTADOS: |
O projeto teve várias modificações. O sentido de punir foi substituído por ajudar a transformar, convencer pela argumentação baseado em que a educação é o caminho da dignidade, e respeito, dispensando inclusive a carta de retratação, uma sugestão inicial. O vídeo na internet também permaneceu para lembrar que respeito e cidadania também são conteúdos de Geografia. Na dinâmica de grupos, questões propostas estimularam a pesquisa e facilitaram a contextualização, sempre incluindo a escola. Em toda situação foi discutida a questão da violência verbal, física e moral, no tráfego urbano, na depredação dos prédios públicos, no ciclo da pobreza e riqueza, na questão da moradia, no sistema de informação e qualidade de vida, a conexão com o mundo e desconexão do seu entorno, do vizinho, da escola, a convivência e privacidade no contexto da informática, apresentando projetos de soluções possíveis. Juan Casassus, em pesquisa da UNESCO destaca o clima emocional em sala de aula, tranqüilidade, relacionamento com os alunos e nível de violência, que fazem a diferença. Os alunos trabalham os temas, se envolveram discutindo os mesmos problemas que criaram com o vídeo, a indisciplina da sala de aula, as agressões e desrespeito com a professora, com a escola e com os colegas. |
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CONCLUSÃO: |
Os alunos se mostraram surpresos com a legislação e normas legais de punição por exposição da imagem e nome do professor e escola. A maioria parece não saber dos limites da internet e de identificação dos autores da ação. A contextualização do conteúdo programático, trabalhado nos temas mostrou a utilidade da disciplina e a abrangência deles na vida do aluno, no seu dia a dia e que os limites devem ser respeitados para usufruir dos direitos de convivência saudável. Um dia na creche mostrou aspectos da desigualdade social, reforçada pela fábula de águia e da galinha, ilustradas com figuras do cotidiano da cidade, da escola e das aulas de campo. Na socialização, os alunos perceberam a gravidade de seus atos, assistindo sem comentário o vídeo feito pelos colegas e o da música de Vandré. O projeto mostrou ser necessário que as escolas e principalmente, os professores, vítimas mais próximas dos alunos, procurem trabalhar mais com o tema da agressividade e agressão. Muitos outros projetos devem ser desenvolvidos com participação dos alunos para que usem a internet como uma ferramenta nas mãos do homem e não como um espaço livre e isento de responsabilidades e que, principalmente não seja repetida a convivência agressiva da sociedade, sem punições e limites e sem esquecer as flores. |
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Palavras-chave: internet, respeito, cidadania. |