63ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 2. Ciência da Computação - 6. Inteligência Artificial e Redes Neurais
SENTIR OU NÃO SENTIR?
Vitória Vasconcelos 1
Leonardo Cisneiros 2
1. Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE
2. Prof.Orientador - Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE
INTRODUÇÃO:
A computação afetiva é uma área experimental. Seu principal pressuposto, segundo Picard no livro Affective Computing, é que ela pode prover melhor interação homem-máquina e tornar computadores mais inteligentes. Entre as muitas questões que estas suposições trazem a tona estão algumas como: “Emoções realmente influenciam ou são necessárias a inteligência?”, “Computadores poderiam ser capazes de possuir emoções?” e “Quais as consequências e implicações éticas destes fatos?”.Estre trabalho aborda um problema dentro da “simulação versus síntese” de emoções. Quando se fala em simular características emocionais em máquinas o que se quer dizer é: faze- las se comportar como se tivessem emoções ao interagir com humanos e/ou replicar funcionalidades próprias de mecanismos afetivos (isso sem contudo possuir sentimentos). Enquanto sintetizar implica em reproduzir, ainda que de maneira simplificada, esses fenômenos com sentimentos reais. A principal diferença entre simular e sintetizar a partir deste ponto de vista seria o qualia (a capacidade individual e subjetiva de experimentar tais sensações ). Esta pesquisa aborda a pergunta: “Sintetizar pode ser mais eficiente que simular as diversas funções que as emoções desempenham?”.
METODOLOGIA:
Esta trabalho tem carácter teórico (pelo menos em sua fase inicial) e para realizá-la buscou -se evidências a favor ou contra tanto a síntese quanto a simulação de emoções. Foram analisados diversos materiais em áreas como Inteligência Artificial, Computação Afetiva, Filosofia da Mente e Consciência de Máquina.
RESULTADOS:
Este campo é bastante controverso. Alguns como McCarthy, em The little thougts of thinking machines, acreditam que dotar máquinas de emoções seria um erro e que já existem responsabilidades suficientes com preocupações éticas com animais e seres humanos. Minsky escreve, em The emotion machine, que apesar da cultura popular ensinar que pensamentos e emoções são coisas diferentes, o conceito do que é racional (pensamento lógico) é uma fantasia e que emoções são utilizadas para resolver problemas. Para Sloman, em Why robots will have emotions, a necessidade de lidar com um mundo mutável e praticamente imprevisível faz com que qualquer sistema inteligente com múltiplos motivos e poderes limitados tenha emoções, o indicador de bateria e a proteção antivírus são analogias a mecanismos de sobrevivência desse tipo mas eles não são realmente afetivos. Representar atributos emocionais sem a posse de emoções é algo possível e até seres humanos fingem quando é conveniente. O que alguns pesquisadores acreditam é que a busca por uma eficiência cada vez maior no desempenho dessas funções levaria a síntese em vez da simulação de emoções em máquinas (Ortony e Picard). Se isso realmente é verdade seria preciso encontrar um ponto de equilíbrio, já que emoção demais também pode atrapalhar.
CONCLUSÃO:
Simular tem funcionado bem na maioria dos casos e ainda não existem mecanismos fortes para sintetizar emoções per si em máquinas (se isso pode ser feito ou não é outra discussão). Dá mesma forma que podem existir muitas maneiras de tratar um problema é possível ver o sistema afetivo como um tipo de solução biológica. As emoções têm diversas funções que em alguns casos podem ter sido mais úteis no passado do que agora – a evolução cultural é mais rápida do que a biológica. Do ponto de vista funcional não existem evidências que comprovem que sintetizar emoções em máquinas seja mais eficiente que simular seus papeis. Isto é quase um paradoxo: sensações são uma especie de qualia e sem elas não existe consciência (a peça que falta para tornar computadores criativos e inteligentes). Em termos evolutivos afeto e consciência surgiram de foma correlacionada. Alguns cientistas tem trabalhado num novo campo da computação chamado Consciência de Máquina em pesquisas como qualia artificial, mas até agora não existe algo especifico para emoções . Na tentativa de escapar da aparente contradição estudiosos como Ortony e Picard defendem que o caminho natural é partir da simulação em direção a síntese.
Palavras-chave: Emoções, Simulação, Síntese.