63ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia |
SQUAMATAS DE UM FRAGMENTO URBANO DE MATA ATLÂNTICA – PERNAMBUCO, NORDESTE DO BRASIL |
Camila Nascimento de Oliveira 1 Carlos Valença do Nascimento Silva 2 Natália Iunskoski Marques Ramos 1 Marília Larocerie Lupchinski Magalhães 1 Geraldo Jorge Barbosa de Moura 3 |
1. Depto. de Zoologia, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE 2. Universidade de Pernambuco (UPE) 3. Prof. Dr. /Orientador - Lab. de Herpetologia - Depto. de Biologia - UFRPE. |
INTRODUÇÃO: |
O conhecimento faunístico sobre a Mata Atlântica ainda é escasso em relação ao grande potencial deste bioma, que possui um alto grau de endemismo de espécies, abrigando uma abundante fauna de “répteis”, pela grande variedade de habitats e microhabitats. A grande pressão antrópica sobre este bioma, ao longo dos anos, acarretou na sua fragmentação, transformando-o em fragmentos isolados. O clado Squamata é constituído pelos lagartos, serpentes e anfisbenas, formando um grupo que é considerado bioindicador levando em conta que a presença ou ausência de algumas espécies pode ter relação com alterações ambientais. O trabalho teve como principal objetivo originar uma lista com a composição das espécies de Squamata do Jardim Botânico do Recife. A carência de estudos sobre os “répteis” do Jardim Botânico torna a pesquisa sobre a composição faunística deste grupo considerável, pois além de ser inédito para a localidade, contribuirá positivamente para o conhecimento da biodiversidade local, cooperando com o trabalho de educação ambiental do próprio Jardim Botânico. |
METODOLOGIA: |
O presente trabalho foi realizado entre os meses de janeiro a março de 2011 no Jardim Botânico do Recife, localizado na BR-232, km 7,5; no bairro do Curado, Estado de Pernambuco. O Jardim Botânico compõe um remanescente de Mata Atlântica descontínuo, ocupando uma área de 10,7ha, que se enquadra como Floresta Ombrófila Densa, sendo um fragmento antropizado que contribui para a manutenção da biodiversidade em paisagens urbanizadas. A amostragem dos Squamata foi realizada por meio de armadilhas de interceptação e queda, instaladas em quatro estações de captura, em diferentes pontos da mata. Em cada linha, foram implantadas quatro baldes de 60 litros, dispostos linearmente e unidos por cerca guia de dez metros de comprimento e cinqüenta centímetros de altura. Foram relatadas no trabalho espécies encontradas ocasionalmente, pelos observadores que caminhavam pelas trilhas para verificar as armadilhas. No caso das serpentes, também por registros em coleção do próprio Jardim Botânico. |
RESULTADOS: |
Foram encontradas um total de 12 espécies pertencentes ao clado Squamata, sendo oito de lagartos e quatro de serpentes. Os lagartos estão distribuídos em seis famílias: Gymnophthalmidae (Dryadosaura nordestina Rdrigues, Freire, Pellegrino & Sites Jr., 2005), Iguanidae (Iguana iguana Linnaeus, 1758), Polychrotidae (Polychrus marmoratus Linnaeus, 1758 e Anolis fuscoauratus D'Orbigny, 1837), Spherodactylidae (Coleodactylus meridionalis Boulenger, 1888), Teiidae (Ameiva ameiva Linnaeus, 1758 e Tupinambis merianae Duméril & Bibron, 1839), Tropiduridae (Tropidurus hispidus Spix, 1825) e as serpentes em três famílias: Boidae (Epicrates cenchria Linnaeus, 1758 e Boa constrictor Linnaeus, 1758), Colubridae (Chironius flavolineatus Boettger, 1885) e Elapidae (Micrurus ibiboboca Merrem, 1820). Algumas espécies encontradas ocorrem apenas em áreas florestadas, como os representantes da família Polychrotidae. Já as espécies, M. ibiboboca, E. cenchria, A. ameiva, T. merianae, têm ocorrência tanto para áreas florestadas como para a Caatinga. O Dryadosaura nordestina é endêmico de remanescentes de Mata Atlântica do Nordeste do Brasil. Pode-se atribuir a pequena quantidade de espécies encontradas, ao pouco tempo de esforço amostral, como também por se tratar de uma área antropizada. |
CONCLUSÃO: |
O registro dessas espécies pode auxiliar na elaboração de estratégias de conservação para o Jardim Botânico, pois preenche as lacunas amostrais, possibilitando o conhecimento da biodiversidade de Squamata em locais que sofreram fragmentação, servindo de base para compreender os efeitos dessa ação sobre os aspectos ecológicos das espécies. Sendo de muita importância para revelar a existência de espécies sensíveis ou tolerantes a este transtorno. Outro fator relevante é a presença de espécie endêmica da Mata Atlântica, que reforça ainda mais a necessidade de conservação desse remanescente, pois sua sobrevivência depende da preservação do bioma. |
Palavras-chave: Jardim Botânico, Lagartos, Serpentes. |