63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia |
A GEOGRAFIA E A LINGUAGEM CARTOGRÁFICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS |
Cleide Brasil Rodrigues 1 Maria José Gonçalves de Melo. 2 |
1. Secretaria de Educação de Pernambuco 2. Profa. Mestra./ Orientadora pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco |
INTRODUÇÃO: |
Este trabalho é resultado de uma pesquisa qualitativa descritiva realizada na Escola Senador Petrônio Portela, da rede estadual, cujo público alvo foram os estudantes e professores da EJA do período noturno. A presente pesquisa decorre de experiências vivenciadas com estudantes na sala de aula e professores em capacitação, na qual se chegou à conclusão de que a prática educacional, sem levar em consideração o contexto sócio político econômico e o espaço geográfico em que estão inseridos, não atende as perspectivas de vida. Assim sendo, a pesquisa tem como objetivo principal proporcionar aos estudantes a compreensão de seu espaço, através da cartografia. Usando como método a leitura de mapas, como facilitador da aprendizagem, possibilitando uma leitura de mundo, mais contextualizada. Nisto traduz sua originalidade. Ao professor se faz necessário uma abordagem mais aprofundada desta leitura e da diversidade dos recursos cartográficos, levando-os a fazer uso como instrumento indispensável à percepção e a interpretação do espaço vivido pelo educando, como também por lhes fornecer uma visão geral do mundo. O trabalho apresenta sugestões de atividades para se trabalhar a Geografia, utilizando a linguagem cartográfica, numa abordagem dinâmica, em suas múltiplas dimensões. |
METODOLOGIA: |
Este trabalho é resultado de uma pesquisa qualitativa descritiva que se caracterizam frequentemente como estudos que procuram determinar status, opiniões ou projeções futuras nas respostas obtidas. A sua valorização está baseada na premissa que os problemas podem ser resolvidos e as práticas podem ser melhoradas através de descrição e análise de observações objetivas e diretas. A pesquisa se realizou na Escola Senador Petrônio Portela, da rede estadual, cujo público alvo foi os estudantes e professores da EJA do período noturno. Os estudantes que estão frequentando atualmente representam 70% dos 120 matriculados no início do ano letivo, na faixa etária entre 16 e 29 anos, no total de 84. A pesquisa foi realizada em duas etapas: na primeira etapa foram aplicados questionários com 30 estudantes, que corresponde a 25,2 % dos que frequentam, visando identificar as dificuldades deles no uso da leitura cartográfica. Também foram aplicados questionários com 06 professores, que ministram o componente curricular Geografia, buscando vislumbrar as dificuldades dos docentes na aplicabilidade da leitura cartográfica. Na segunda etapa, foi realizado um teste avaliativo para os mesmos estudantes que responderam o questionário com o objetivo de fazer uma análise da teoria x prática. |
RESULTADOS: |
Os resultados desta pesquisa demonstram que na maioria das vezes, a prática que predomina é a tradicional ao fazer uso da linguagem cartográfica, que se caracteriza pela aplicação de atividades em que os estudantes copiam mapas, pintam, escrevem nomes de capitais, cidades, etc. e apenas memorizam dados. Essa visão deve-se aos percentuais obtidos nos questionários e teste avaliativo. Pois, 50% dos docentes informaram não dominar esses conteúdos. Perguntou-se aos estudantes como gostam de estudar Geografia, 87%, responderam que preferem aulas expositivas, 13% alegaram preferir aulas com mapas. Depois, sobre o que chama atenção ao observar um mapa, 98% prefere localizar países, e 2% rios. Outro item foi localizar no mapa fatos noticiados na mídia, 29% disseram ter interesse, e 71% não. Porém, quando questionados sobre o não uso de mapas nas aulas de Geografia, 100% concordaram que as mesmas devem ter mapas. Mas, ao aplicar teste avaliativo, cuja proposta era localizar o Brasil, um continente ao norte da linha do Equador, o Trópico de Capricórnio e a identificação dos hemisférios, foram obtidos dados distintos, 100% conseguiram localizar o Brasil, 13,3% arriscaram localizar o continente ao norte da linha do Equador e o Trópico de Capricórnio, os outros 87,7% não realizaram atividade. |
CONCLUSÃO: |
Na realidade, a prática do dia-a-dia encontra-se fundamentada no ensino tradicional, diretivo e centrada na figura do professor. Quanto ao estudante é de um ser passivo, que assimila apenas os conteúdos e não pensa sobre o que é ensinado. Esta prática do ensino de Geografia é dominante nas escolas, salvo raros casos, que, mesmo com o advento da tecnologia de informação e comunicação - TICs, os instrumentos de ensino continuam os mesmos: quadro de giz e livro didático. Portanto, cabe ao professor incorporar, no cotidiano escolar, as situações desafiadoras, questionadoras, sobre o uso dos mapas, pois: vai-se a escola para aprender a ler, a escrever, a contar. Por que não aprender a ler uma carta geográfica? Diante dos resultados, é imprescindível uma maior qualificação dos professores, e assim viabilizar ao educando condições para se apropriarem das informações transmitidas no mapa, passando do espaço vivido ao percebido e deste ao concebido. Enfim, é responsabilidade de todos os educadores viabilizarem essa leitura de mundo, para que os estudantes aprendam a lidar com os avanços do século XXI, que exigem novas aprendizagens. Assim, o educando aprende que ele é sujeito do processo de conhecimento. Portanto, “Mestre não é quem ensina, mas quem de repente aprende.” (Guimarães Rosa). |
Palavras-chave: Ensino de Geografia, Linguagem Cartográfica, Educação de Jovens e Adultos. |