63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública
AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA DE PORTADORES DE LESÕES CUTÂNEO-MUCOSA DO MUNÍCIPIO DE ARAGARÇAS-GO
Vanessa Neves de Lima 1
Carla Beatriz Fernandes de Oliveira 1
Lidiane Souza Bernardes 1
Renata Rodrigues Silva 1
Onislene Alves Evangelista de Almeida 2
Izabella Chrystina Rocha 3
1. Depto. de Ciências Biológicas e da Saúde – Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT
2. Enfa. Esp. - Fundação Universidade Federal de Brasília
3. Profa. Ms./ Orientadora - Depto. de Ciências Biológicas e da Saúde – UFMT
INTRODUÇÃO:
A ferida consiste em uma interrupção da solução de continuidade de um tecido corpóreo e pode ser desencadeada por fatores químicos, físicos e mecânicos. Sabe-se que existem inúmeros fatores, extrínsecos e intrínsecos, que influenciam no processo cicatricial de uma lesão que podem e devem ser considerados no âmbito do tratamento implementado, como por exemplo, as próprias condições nutricionais dessas pessoas. A nutrição exerce um papel fundamental para a saúde e manutenção de uma boa qualidade de vida, além de ser imprescindível na promoção dos processos de reparação das lesões cutâneas. Nesse sentido, para avaliar o estado nutricional de um portador de lesão, utiliza-se a antropometria como método para investigação desse estado, para tanto, as técnicas mais empregadas nesse método são o Índice de Massa Corpórea (IMC) e a Circunferência Abdominal (CA). Dessa forma, destaca-se que estas técnicas são de grande utilidade e importância para o estabelecimento de estratégias de intervenção, visando ampliar o conhecimento da população diretamente interessada. Assim, objetivou-se neste estudo conhecer as condições nutricionais, através da avaliação antropométrica (IMC e CA), dos portadores de lesões cutâneo-mucosas do município de Aragarças-GO.
METODOLOGIA:
Tratou-se de um estudo quantiqualitativo, transversal, descritivo-exploratório, cuja amostra, por conveniência, foi caracterizada por pessoas que apresentavam lesão cutâneo-mucosa e residentes na área urbana de abrangência das seis Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF) do município de Aragarças/GO. Foram indicados pelos Agentes Comunitários de Saúde a participar desta pesquisa 54 indivíduos, porém, por motivos de recusa, mudança de endereço e outros, a amostra final constituiu-se de 23 portadores. A coleta de dados foi realizada por meio da aplicação de um questionário estruturado em visitas domiciliares planejadas e agendadas, no primeiro semestre de 2010. Os dados estatísticos foram analisados em tabela simples de frequência, utilizando-se os programas de Microsoft Excel e Office 2007, para registro e tabulação dos dados e para os cálculos estatísticos que se fizeram necessários durante esta etapa. No que diz respeito às medidas antropométricas de IMC e CA, os valores de referência adotados para fins de análise foram as recomendações da World Health Organization (1997-1998). Primando a ética que envolve pesquisa com seres humanos, o estudo obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Júlio Miller de Cuiabá/MT, protocolo n° 704/CEP-HUJM/09.
RESULTADOS:
Em relação ao gênero dos participantes, a amostra estudada não apresentou diferenças significativas na sua distribuição, sendo 52,2% ao sexo masculino e 47,8% ao sexo feminino. A idade média dos portadores de feridas foi de 58,3 anos, sendo a idade mínima de 16 anos e a máxima de 89 anos, assim, na amostra houve prevalência de idosos. Quanto ao IMC observou-se sobrepeso em 50% das mulheres, destas, 30% encontrava-se em pré-obesidade e 20% em obesidade de grau I. Esse excesso de peso pode ser explicado por uma alimentação inadequada com consumo de alimentos mais calóricos. Ainda, têm-se os fatores relativos à idade das participantes que corresponde a uma média de 64,2 anos, no que favorece a obesidade pelo processo fisiológico do envelhecimento. Em relação ao gênero masculino, o maior percentual encontrou-se dentro dos limites de normalidade com 66,7%. Com referência à distribuição central da gordura corporal observou-se que 81,8% das mulheres apresentaram CA na faixa de alto risco para doenças cardiovasculares e/ou metabólicas, enquanto que, os homens apresentaram 25%. Estes resultados corroboram com as evidências encontradas na literatura de que o risco para obesidade centralizada aumenta com a idade e é maior nas mulheres (MARTINS; MARINHO, 2003).
CONCLUSÃO:
Diante do que foi exposto, percebeu-se que a grande maioria dos participantes portadores de lesões cutâneo-mucosas, 63,6%, encontrava-se com mais de 60 anos, ressaltando-se que a idade é um fator de risco para a população que convive com feridas. Ao avaliar as medidas antropométricas da população estudada denotou-se que o excesso de peso prevaleceu mais em mulheres do que em homens, assim como em outros estudos já realizados. O cenário encontrado apontou que as mulheres que apresentaram excesso de peso, principalmente obesidade abdominal, estiveram mais expostas a fatores de risco para doenças cardiometabólicas, as quais comprometem, direta ou indiretamente, o êxito do processo de cicatrização em portadores de lesões cutâneo-mucosas. Assim, uma avaliação do estado nutricional, por meio de medidas antropométricas de IMC e CA dos portadores de feridas cutâneas é de suma importância para o estabelecimento de estratégias de intervenção, visando a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis e, proporcionando uma cicatrização eficaz, uma vez que os marcadores de risco relacionados à nutrição, como os antropométricos, podem ser modificados com a adoção de estilo de vida saudável e controle do peso corporal.
Palavras-chave: Estado nutricional, Ferimentos e lesões, Cicatrização de feridas.