63ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 5. Zoologia Aplicada |
VIABILIDADE BIOLÓGICA DO PERCEVEJO PREDADOR Zelus longipes (HETEROPTERA: REDUVIIDAE) MANTIDO SOB DIFERENTES PRESAS EM LABORATÓRIO |
Amanda Santana Vieira 1 Jessica Laner Rodrigues Lima 1 José Cola Zanuncio 2 Hélcio Gil-Santana 3 Alexandre Igor de Azevedo Pereira 1 |
1. Instituto Federal Goiano-Campus Urutaí, Laboratório de Entomologia, Urutaí/GO. 2. Instituto Federal Goiano-Campus Urutaí, Laboratório de Entomologia, Urutaí/GO. 3. Depto. de Biologia Geral/ BIOAGRO, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa/MG. 4. Depto. de Entomologia, Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro/RJ. 5. Instituto Federal Goiano-Campus Urutaí, Laboratório de Entomologia, Urutaí/GO. |
INTRODUÇÃO: |
Percevejos predadores desempenham importante papel na regulação de teias alimentares em sistemas naturais, por isso, diversos estudos têm enfatizado o uso desses insetos como agentes de controle biológico em sistemas artificiais tanto agrícolas como florestais. A família Reduviidae inclui o maior número de espécies predadoras terrestres, sendo representado por diversas espécies que se alimentam de pragas em diferentes agroecossistemas. Apesar da grande importância econômica a adaptabilidade biológica desses percevejos sob condições laboratoriais ainda são escassos. O objetivo foi comparar a viabilidade e o ganho de peso dos estágios imaturos de Zelus longipes (Heteroptera: Reduviidae) com larvas de Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) ou pupas de Tenebrio molitor (Coleoptera: Tenebrionidae). |
METODOLOGIA: |
O trabalho foi realizado no Instituto Federal Goiano-Campus Urutaí, Laboratório de Entomologia, em Urutaí (GO). Adultos, ovos e ninfas do percevejo predador Zelus longipes foram coletados em área cultivada com milho irrigado através do pivô central pertencente ao IF Goiano (Campus Urutaí) para estabelecimento da criação massal em laboratório. Adultos e ninfas de Z. longipes, coletados no campo, foram separados de acordo com o seu estágio de desenvolvimento e acondicionados em potes plásticos (500ml) ou em gaiolas teladas de madeira (30x30x30cm). Após a eclosão, as ninfas de primeiro estádio do predador foram submetidas a três regimes alimentares: (1) água + pupas de T. molitor; (2) água + pupas de T. molitor + adultos de mosca Drosophila melanogaster (Diptera: Drosophilidae) e (3) água + lagartas de S. frugiperda + moscas. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com 20 repetições por regime alimentar. Os parâmetros de duração (dias) e mortalidade (%) por estádio e em todo período ninfal foram quantificados, além do peso de ninfas, machos e fêmeas de Z. longipes, recém-emergidos, que foram pesados com balança de precisão (± 0,1 mg). Os dados foram submetidos à análise de variância e suas médias comparadas pelo teste de Duncan (P= 0,05). |
RESULTADOS: |
Ninfas de Z. longipes alimentadas apenas com pupas de T. molitor não atingiram a segunda fase ninfal, com maior período de desenvolvimento em comparação aos outros tratamentos no primeiro estádio. Porém, quando alimentadas com T. molitor e moscas ou lagartas de S. frugiperda e moscas, as ninfas atingiram a fase adulta. A duração entre esses dois últimos tratamentos foi similar tanto no primeiro, como nos segundo e quinto estádios. A família Reduviidae possui predadores generalistas; a oferta de diferentes presas pode favorecer o desenvolvimento desses inimigos naturais em cativeiro. Não houve diferença entre os pesos das ninfas de terceiro estádio e entre os machos adultos submetidos aos tratamentos com pupas ou lagartas. Porém, as ninfas de segundo, quarto e quinto estádios, além das fêmeas com lagartas e moscas tiveram maior peso em comparação com as ninfas e adultos com T. molitor e moscas. Z. longipes apresentou maior mortalidade quando ninfas foram alimentadas com pupas de T. molitor e moscas que com S. frugiperda e moscas em todos os estádios ninfais. Dietas à base de moscas não são adequadas para esse predador até a fase adulta. O peso corpóreo indica fecundidade, além de ser útil para aferir a qualidade de agentes de controle biológico mantidos em laboratório. |
CONCLUSÃO: |
Pupas de Tenebrio molitor como exclusiva fonte alimentar não é suficiente para suprir as exigências do predador Zelus longipes. O desenvolvimento do predador criado em cativeiro e tendo como alimento pupas e moscas foi similar à dieta com lagartas de Spodoptera frugiperda e moscas, nos segundo, terceiro e quinto estádios de desenvolvimento. A mortalidade de Z. longipes foi similar entre os tratamentos com pupas e moscas ou lagartas de S. frugiperda e moscas. Maiores valores de peso corpóreo foram encontrados para as ninfas segundo, quarto, quinto e fêmeas adultas de Z. longipes quando alimentadas com lagartas de S. frugiperda e moscas em comparação com pupas de T. molitor e moscas. |
Palavras-chave: Predação, Criação Massal, Entomofagia. |