63ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Educação Física e Esportes - 1. Educação Física e Esportes
A INFLUÊNCIA DO NÍVEL ECONÔMICO SOBRE O DESENVOLVIMENTO MOTOR DE MENINOS E MENINAS PRÉ-ESCOLARES
Joana Noronha Louzada Magni 1,2,4
Kelly Andara de Azevedo 1,2,4
Maicon Pontes 2,4
Miriam Stock Palma 2,3,4
1. Bolsista do Programa de Educação Tutorial - PET/ESEF
2. Escola de Educação Física - ESEF
3. Profa. Dra./ Orientadora Dep. Educação Física - UFRGS
4. Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
INTRODUÇÃO:
Os anos pré-escolares são caracterizados pela aquisição de um amplo espectro de habilidades motoras que possibilitarão às crianças um domínio gradativo de seus corpos, o que repercutirá positivamente nas relações que estabelece com os ambientes pelos quais transita. A criança de 4 a 6 anos de idade encontra-se na Fase dos Movimentos Fundamentais (Gallahue e Donnelly, 2007) e, ainda que os fatores biológicos exerçam influência sobre a aquisição de habilidades motoras, a literatura tem apontado outras variáveis como determinantes do seu desenvolvimento motor. As características de movimento de um indivíduo variam com a idade, porém o gênero e o nível econômico também têm sido indicadas pelos estudiosos como fatores de impacto sobre o desempenho de habilidades motoras vivenciadas por meninos e meninas. Portanto, este estudo objetivou avaliar e comparar o desenvolvimento motor de meninos e meninas pré-escolares provenientes de diferentes níveis econômicos.
METODOLOGIA:
Participaram do estudo 81 crianças (39 meninas e 42 meninos), com idades entre 4 e 6 anos, matriculadas em Jardins de infância de cinco escolas de Porto Alegre/RS. Para a verificação do desenvolvimento de habilidades motoras fundamentais foi utilizado o Test of Gross Motor Development – Second Edition (TGMD-2), de Ulrich (2000). O TGMD-2 avalia 12 habilidades motoras amplas, divididas em dois subtestes: locomotor e de controle de objetos. Através da aplicação do questionário Critério de Classificação Econômica Brasil, da ABEP, o qual verifica o nível econômico da família da criança, através da indicação da posse de itens e o grau de instrução do chefe de família, este estudo classificou as crianças A1, A2 e B1 em nível alto (n=32), crianças B2, em nível médio (n=22) e crianças C, D e E, em nível baixo (n=27). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFRGS, sob n° 2008166. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi assinado pelos pais/responsáveis de cada criança e o Termo de Consentimento Institucional, assinado pelos diretores das escolas. Além disso, a concordância verbal de cada criança foi considerada para a sua participação na investigação. Para a análise estatística dos dados foi utilizado o software SPSS, versão 18.0.
RESULTADOS:
Através do teste Oneway ANOVA foi constatada similaridade quanto ao desenvolvimento motor de crianças provenientes de diferentes níveis econômicos relativamente às habilidades locomotoras (p= 0,306), de controle de objetos (p= 0,983) e ao Coeficiente Motor Amplo (CMA) (p= 0,666). Nas habilidades locomotoras, crianças de nível alto apresentaram média de 7,31 (± 1,67), de nível médio, média de 6,95 (± 1,79) e de nível baixo, média de 6,56 (± 2,14). Nas habilidades de controle de objetos, crianças de nível alto apresentaram média de 7,63 (± 2,32), de nível médio, média de 7,55 (± 2,52) e de nível baixo, média de 7,52 (± 2,08). Quanto ao CMA, crianças de nível alto apresentaram média de 84,66 (± 9,84), de nível médio, média de 83,36 (± 10,17) e de nível baixo, média de 82,22 (±11,04). Ao serem comparados os valores obtidos pelos meninos dos três níveis econômicos, foi verificada similaridade de desempenho em habilidades locomotoras, de controle de objetos e no CMA (p≥ 0,05). Em relação à comparação entre as meninas dos três níveis econômicos, o mesmo foi observado, com exceção das habilidades locomotoras, em que foi constatada diferença significativa entre os desempenhos de meninas de nível alto e baixo, com superioridade das de nível alto (p= 0,047).
CONCLUSÃO:
Os resultados desta investigação divergem em relação aos achados dos poucos estudos que objetivam verificar a influência do nível econômico sobre o desenvolvimento de habilidades motoras de crianças, como, por exemplo, os de Willrich et al. (2009) e Damiani e Barros (1992), que demonstraram que crianças de nível econômico baixo apresentam desempenhos motores inferiores às de níveis mais altos. Pressupõe-se, assim, que as crianças avaliadas em nossa pesquisa envolvam-se de forma semelhante em atividades físicas, o que seria traduzido pela ausência de diferença estatisticamente significativa nos resultados de crianças provenientes de diferentes níveis econômicos. Buscando-se ainda verificar se tais diferenças existem, ao se levar em consideração o gênero, de forma geral pôde-se observar similaridade de desempenho, à exceção das meninas de níveis alto e baixo, no subteste locomotor. Uma possível explicação para a existência dessa diferença poderia ser o fato de que meninas de nível econômico alto estariam sendo mais estimuladas a atividades locomotoras, como correr, saltar, equilibrar-se, quando comparadas às meninas de baixo nível econômico.
Palavras-chave: desenvolvimento motor, crianças pré-escolares, nível econômico.