63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional
ANÁLISE DOS BENEFÍCIOS DA ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA DURANTE A HEMODIÁLISE VISANDO À QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES QUE DESENVOLVERAM A DOENÇA RENAL CRÕNICA
José Belarmino de Sousa 1
Valdirene Aparecida de Simões Santos 2
Tatiana de Arruda Ortiz 3
Fabio Ferreira Diamantino 4
Rosely Honorato de Arruda Carvalho 5
1. Depto. Fisioterapia – UNIC Tangará Sul
2. Depto. Fisioterapia – UNIC Tangará Sul
3. Profa. Mestre / orientadora – Depto. Fisioterapia – UNIC Tangará Sul
4. Prof. Esp. / orientador – Depto. Fisioterapia – UNIC Tangará Sul
5. Profa. / orientadora – Depto. Fisioterapia – UNIC Tangará Sul
INTRODUÇÃO:
A Doença Renal Crônica (DRC) é conceituada como uma síndrome complexa, conseqüente a perda, geralmente lenta e progressiva da filtração glomerular, principal mecanismo de excreção de produtos tóxicos gerados pelo organismo. Com o avanço para o quinto estágio da doença (Síndrome Urêmica), as modalidades terapêuticas mais utilizadas são a diálise peritoneal e a hemodiálise.
A hemodiálise é uma modalidade terapêutica capaz de proporcionar maior longevidade e uma freqüência cada vez menor de complicações, porém, é uma modalidade terapêutica responsável por um cotidiano monótono e restrito, favorecendo o sedentarismo e a deficiência funcional, fatores que refletem na qualidade de vida.
O exercício físico vem sendo apontado como co-adjuvante no tratamento de pacientes com DRC. Um protocolo de exercícios físicos elaborados por fisioterapeutas oferece um treinamento sistemático e planejado de movimentos corporais e posturais com a intenção de proporcionar ao paciente, meios de tratar ou prevenir comprometimentos.
O presente trabalho foi proposto com o objetivo de avaliar os efeitos da atuação fisioterapêutica na qualidade de vida de pacientes com DRC durante a realização da hemodiálise.
METODOLOGIA:
Este estudo constituiu-se da análise de um programa de exercícios físicos direcionados a pacientes portadores de DRC submetidos à hemodiálise na unidade de nefrologia da cidade de Tangará da Serra – MT. O trabalho foi realizado entre 08/02/2010 e 30/06/2010 após aprovação do comitê de ética e pesquisa e após consentimento formal e esclarecido dos participantes. Como instrumento de avaliação utilizou-se o Questionário Genérico de Qualidade de Vida SF-36, traduzido e validado no Brasil.
No programa de reabilitação os seis participantes submeteram-se a 32 sessões de fisioterapia, com freqüência de duas vezes semanais. As sessões foram realizadas durante as duas primeiras horas da hemodiálise, com duração de aproximadamente 40 minutos por sessão. No início dos exercícios eram verificados os sinais vitais (PA e FC). A seguir eram realizados Alongamentos para membro superior (exceto o que continha a fístula), Coluna Cervical, e membros inferiores. Na seqüência eram realizados exercícios ativos livres com e sem cargas; Exercícios metabólicos; Exercícios na diagonal; Pompage na região cervical e exercícios respiratórios. Ao término de cada sessão verificava-se novamente os sinais vitais.
Para análise estatística, foi utilizado o teste T de Student, com o valor de significância, P < 0,05.
RESULTADOS:
Em relação aos dados obtidos através da análise do QQV-SF 36, pode-se observar que, nos 8 domínios houve um aumento da pontuação após a realização do programa de fisioterapia, quando comparado a fase pré-terapia e relevância estatística no domínio DOR p=0,01, assim como observado no estudo de Soares et al (2007), em que também se observou um ganho em 5 domínios e relevância estatística no domínio Dor p=0, 006.
Ao observar cada domínio, encontramos os seguintes dados: Capacidade Funcional (CF), a média de pontuação inicial foi de 66,67 ± 19,15, e média final de 87,33 ± 13,81, p=0,06; Nos Aspectos Físicos (AF) a média inicial, 58,33 ± 30,28 e a média final de 70,83 ± 24,58 p= 0,45; Estado Geral de Saúde (EGS) média inicial de 51,83 ± 14,25 e média final de 61,67 ± 14,71 p= 0,26; na dimensão vitalidade (VIT) média inicial de 53,67 ± 7,39 e final de 62 ± 7,48 p= 0,08; na dimensão Aspectos sociais média inicial de 60,68 ± 14,94 e média final de 68,18 ± 15,20 p=0,41; Aspectos Emocionais (AE) média inicial de 48,61 ± 35,91 e final de 59,83 ± 34,22 p=0,59 e na dimensão Saúde Mental (SM) média inicial de 65 ± 8,92 e final 74,33 ± 6,50 p=0,07.
Nos estudos de Painter (2000) e Seixas (2009), também observaram ganho significativo na capacidade funcional, com p=0,04 e p= 0,03 respectivamente.
CONCLUSÃO:
As amostras estudadas comprovam a importância da fisioterapia para esta população. No presente estudo concluiu-se que o exercício físico contribui para a diminuição da dor e o aumento da funcionalidade o que interfere diretamente na qualidade de vida desses pacientes. Observou-se melhora em todos os domínios avaliados pelo QQV-SF36. Porém, houve diferença significativa no quesito dor, com p=0,01.
Além das vantagens habituais, a realização de exercícios durante as sessões de hemodiálise traz vantagens adicionais como maior aderência ao tratamento, conveniência de horário e redução da monotonia do processo de diálise. É recomendado que o exercício seja realizado nas duas primeiras horas da hemodiálise.
Palavras-chave: Hemodiálise, Exercício físico, Qualidade de vida.