63ª Reunião Anual da SBPC |
A. Ciências Exatas e da Terra - 3. Física - 2. Ensino de Física |
FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE FÍSICA PARA O ENSINO DE ASTRONOMIA: ALGUMAS POSSIBILIDADES E REFLEXÕES |
Denis Eduardo Peixoto 1 Eugenio Maria de França Ramos 2,3 |
1. Mestrando, Programa de Pós-Graduação em Física / Universidade Estadual Paulista / IGCE UNESP Rio Claro 2. Prof. Dr. / Universidade Estadual Paulista / UNESP 3. Centro de Educ. Continuada em Educ. Mat., Científica e Ambiental / CECEMCA UNESP |
INTRODUÇÃO: |
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) sugerem que o Ensino de Astronomia deveria aparecer durante todo o Ensino Fundamental e em parte do Ensino Médio. Fatores diversos - como (a) formação docente deficiente na temática, (b) erros conceituais em livros didáticos, (c) falta de material de apoio para os docentes - fragilizam a implementação deste conteúdo na Educação Básica. Particularmente no ensino sobre Leis de Kepler, no caso da Física, a ênfase em apenas aspectos matemáticos contribui para que estudantes percam o interesse pela Astronomia. No presente trabalho analisamos parte de um estudo sobre formação para o Ensino de Astronomia, realizada na disciplina Prática de Ensino da Licenciatura em Física na Universidade Estadual Paulista, campus de Rio Claro, SP, nos anos de 2009 e 2010. Futuros professores de Física aproximados de conhecimentos de tópicos de Astronomia, desenvolveram pequenos projetos educacionais, inseridos em atividades de estágio supervisionado. Tal formação, mesmo em nível introdutório, surtiu efeitos interessantes tanto na promoção para o Ensino de Astronomia, como na própria formação dos futuros docentes, particularmente colocando-os na condição de lidar com temáticas novas, uma situação inevitável considerando-se o avanço do conhecimento. |
METODOLOGIA: |
Foram feitas observações de professores em formação, durante elaboração de atividades de docência de Prática de Ensino, voltadas para organização de um minicurso de Astronomia, com carga horária de 6 h. Para subsidiar os licenciandos, oferecemos uma formação de 16 h, em encontros com 2 h semanais, explorando os conhecimentos que possuíam sobre o tema, discutindo dúvidas e aprofundando conceitos. Utilizou-se no curso apresentações multimídia, exposições de vídeos, softwares especializados e construção de kits demonstrativos de baixo custo, como bolinhas de isopor e espetos de churrasco, que permitiram simular alguns eventos como os eclipses, fases da Lua e estações do ano. Os temas propostos foram selecionados segundo os PCN, como: Sistema Solar, Sistema Sol-Terra-Lua, Estrelas e Galáxias, História da Astronomia e Observação do céu. Após essa formação inicial, os licenciandos organizados em grupo elaboraram propostas e organizaram materiais didáticos, bem como a futura aplicação para estudantes da Educação Básica e para a comunidade acadêmica. Realizamos prévias do minicurso, oportunidade em que puderam ser lapidados conceitos, corrigidas eventuais falhas e aprimorada a organização didática. Alguns momentos das prévias como dos minicursos foram registradas em vídeo para estudo. |
RESULTADOS: |
Analisando as prévias do minicurso chamou-nos bastante atenção a fonte bibliográfica utilizada na confecção das apresentações: poucas pessoas se preocuparam em olhar o vasto conteúdo de Astronomia disponível na biblioteca do campus, preferindo conteúdos de páginas da Internet. Embora a Internet seja um ótimo meio de comunicação, é preocupante como referência, sobretudo se considerarmos as atualizações do conteúdo de Astronomia, em constante mudança devido a diversas descobertas realizadas por sondas, satélites e até mesmo por astrônomos amadores. Correções e lapidações de conceitos como também da organização didática puderam ser realizadas nas prévias e, feito isso, as apresentações ocorreram sem maiores problemas. Apenas uma pequena questão foi evidenciada: mesmo depois do curso introdutório e das prévias, algumas informações importantes sobre o Sistema Solar foram omitidas, como a presença de outros corpos além do Sol e dos oito planetas. Do ponto de vista da formação para a docência, observamos marcante evolução dos licenciandos, seja no envolvimento com o tema como na atividade didática. A preocupação em lidar com um assunto, até então, considerado novo, fez com que a maioria se sentisse pouco segura no início, mas mostraram-se capazes de enfrentar as turbulências da criação. |
CONCLUSÃO: |
Constatamos que a temática Astronomia desperta o interesse não apenas dos alunos, mas também dos professores, que demonstram uma enorme vontade em trabalhar esse assunto em suas aulas, mas que, infelizmente, não conseguem fazê-lo devido a falta de segurança que sentem com relação ao tema. Nesse sentido o trabalho formativo realizado foi particularmente construtivo. Por outro lado, verificamos que a facilidade de se obter informações que vivenciamos nos dias atuais se tornou um fator preocupante para o Ensino de Astronomia, uma vez que professores que não possuem formação nesse conteúdo talvez não consigam avaliar adequadamente a qualidade de sites da Internet e também de documentários televisivos, até mesmo quanto a dublagens (que, inúmeras vezes, proporcionam erros quanto a grandezas como distâncias e escalas de tempo, por exemplo). Faltam, ainda, aos docentes materiais de apoio e atividades de formação para o Ensino dessa área de conhecimento, tanto inicial quanto continuada. Do ponto de vista da formação, o trabalho com assuntos que os futuros professores precisam pesquisar e organizar desvelou uma importante necessidade da docência, qual seja: o compromisso com a constante atualização de conhecimentos e o permanente estudo da evolução da Ciência e da Tecnologia. |
Palavras-chave: Formação de Professores, Ensino de Astronomia, Prática de Ensino. |