63ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia - 1. Silvicultura
BIOMETRIA DOS CACHOS, FRUTOS E SEMENTES DA PALMEIRA Hyospathe elegans Mart. ORIUNDA DAS CERCANIAS DE TARAUACÁ, ACRE.
Antonio Ferreira de Lima 1,2
Evandro José Linhares Ferreira 1,2,3
Adriano Santos da Silva 1,2
Cleison Calvalcante de Mendonça 1,2
José de Ribamar Bandeira 1,2
Geliane Mendonça da Silva 1,2
1. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA/Núcleo de Pesquisa do Acre
2. Herbário do Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre - UFAC
3. Orientador, INPA/Núcleo de Pesquisa do Acre
INTRODUÇÃO:
A palmeira Hyospathe elegans Mart. é uma espécie cespitosa, inerme e de pequeno porte, cujo estipe pode atingir até 8 m de altura e 3 cm de diâmetro. Possui 5-11 folhas pinadas com 3-27 pinas de largura variável e dispostas em um único plano. As inflorescências são infrafoliares e originam várias raquilas rígidas. Os frutos têm forma de elipse e o epicarpo liso adquire uma coloração negra quando os frutos amadurecem. A polpa é escassa, quase inexistente, e a semente abriga um único endosperma homogêneo em seu interior. Encontra-se amplamente distribuída na América Central e na bacia Amazônica. No Brasil pode ser encontrada no Acre, Amazonas, Amapá, Pará e Mato Grosso. No Acre ela ocorre no vale do rio Juruá, na oeste do estado. O habitat mais comum é o sub-bosque de florestas primárias de terra-firme. Pelo seu porte e elegância, esta espécie tem potencial de aproveitamento ornamental. Entretanto, não se encontram na literatura científica informações relacionadas às formas mais adequadas de propagação da espécie, incluindo a conservação e germinação de suas sementes. Nesse contexto, este trabalho objetivou avaliar biometricamente os cachos, frutos e sementes de H. elegans para subsidiar futuros trabalhos relacionados à conservação e germinação das sementes da espécie.
METODOLOGIA:
O experimento foi conduzido no Laboratório de Sementes Florestais do Parque Zoobotânico (PZ) da Universidade Federal do Acre (UFAC), em Rio Branco (10º02'11"S; 67º47'43"W; altitude: 152 m). Os frutos foram colhidos de plantas encontradas em uma área florestal localizado a 50 km da cidade de Tarauacá, Acre (8º03’30"S; 71º13'01"W. Altitude: 260 m). Três cachos com frutos maduros foram selecionados aleatoriamente de diferentes plantas, acondicionados em sacos plásticos e transportados para Rio Branco. Cada cacho foi pesado, seus frutos contados e suas partes contadas e medidas. Para a avaliação dos frutos, foram selecionados 100 unidades dos 3 cachos, sendo 20 do ápice, 60 da parte mediana e 20 da base do cacho A pesagem foi feita em balança com precisão de 0,01 g e as medidas de comprimento e diâmetro (mm) com paquímetro de precisão. Dos frutos foram avaliadas as seguintes variáveis: peso total, comprimento e diâmetro. Depois de medidos, os frutos foram descascados com o auxílio de uma faca. As sementes foram avaliadas quanto ao peso, comprimento e diâmetro. Os dados foram analisados no programa BioEstat 5.0. Para todas as variáveis avaliadas foram calculados os valores máximo e mínimo, média, desvio padrão, coeficiente de variação e o coeficiente de correlação de Pearson.
RESULTADOS:
O peso dos cachos variou entre 68-158 g (média=118,33 g). Depois de retirados os frutos, o peso da raque+raquilas variou entre 4,17-7,19 g (média=5,70 g), indicando que cada cacho produz entre 60,81-152,25 g de frutos maduros. Cada cacho apresentou entre 17-32 raquilas com comprimento variando entre 11,00-29,10 cm nas raquilas basais (média=21,90 cm; DP=4,90; CV=0,20%), 18,30-26,00 cm nas medianas (média=21,00 cm; DP=2,90; CV=0,10%), e 11,00-23,00 cm nas raquilas apicais (média=17,64 cm; DP=3,79; CV=0,21%). Cada cacho produziu entre 360-698 frutos maduros. O peso dos frutos variou entre 0,14-0,27 g (média=0,21 g; DP=0,02; CV=12,34%) e das sementes entre 0,11-0,23 g (média=0,18 g; DP=0,02; CV=12,44%). O comprimento dos frutos variou entre 0,70-1,00 cm (média=0,89 cm; DP=0,06; CV=6,72%) e das sementes entre 0,70-1,00 cm (média=0,86 cm; DP=0,06; CV=6,48%). O diâmetro dos frutos variou entre 0,50-0,70 g (média=0,63 cm; DP=0,05; CV=7,87%) e das sementes entre 0,50-0,70 g (média=0,60 cm; DP=0,04; CV=6,71%). O coeficiente de correlação de Pearson (r) foi forte entre as variáveis peso do fruto e peso da semente (r=0,8481), diâmetro e peso do frutos (r=0,6611) e diâmetro e peso da semente (r=0,5993). A correlação foi fraca entre o diâmetro do fruto e comprimento da semente (r=0,0577).
CONCLUSÃO:
Os frutos e sementes mostraram variabilidades equivalentes nas variáveis comprimento (6,72% x 6,48%) e peso (12,34% x 12,44%). Estes resultados sugerem que o volume de polpa dos frutos de H. elegans avaliados era insignificante. Esta afirmação é suportada pelo resultado da análise da correlação, que foi mais forte no caso do peso dos frutos e sementes (r=0,8481). A quantidade de frutos produzidos por cacho é elevada, aproximando-se das 700 unidades no caso do maior cacho avaliado durante este estudo. Este é um aspecto que favorecerá a realização de estudos sobre a conservação e germinação, que geralmente demandam milhares de sementes. Considerando que nos locais onde a espécie foi encontrada a população da mesma era considerável, a colheita de cachos em 10-15 plantas poderá ser suficiente para obter a quantidade de sementes necessárias para a realização dos estudos.
Palavras-chave: H. elegans, biometria, Acre.