63ª Reunião Anual da SBPC |
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia - 4. Conservação da Natureza |
COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E ESTRUTURA POPULACIONAL DE UMA COMUNIDADE DE PALMEIRAS DA FAZENDA EXPERIMENTAL CATUABA, ACRE, BRASIL. |
Geliane Mendonça da Silva 1,2 Evandro José Linhares Ferreira 1,2,3 José de Ribamar Bandeira 1,2 João Bosco Nogueira de Queiroz 1,2 Antonio Ferreira de Lima 1,2 Adriano Santos da Silva 1,2 |
1. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA/Núcleo de Pesquisa do Acre 2. Herbário do Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre - UFAC 3. Orientador, INPA/Núcleo de Pesquisa do Acre |
INTRODUÇÃO: |
As palmeiras são uma das famílias botânicas mais importantes e representativas da Amazônia em razão de sua ampla distribuição, abundância nos diversos ecossistemas e diversidade de usos e importância sócio-cultural e econômica de um grande número de suas espécies. Elas estão distribuídas por todos os biomas brasileiros, inclusive na Caatinga. A Amazônia abriga a maior diversidade de palmeiras do Brasil, com 35 dos 42 gêneros nativos e cerca de 150 das 193-208 espécies reconhecidas para o país. No Acre são encontrados 26 gêneros e 76 espécies. O conhecimento da diversidade e dos aspectos fitossociológicos das palmeiras nativas é importante porque pode subsidiar a elaboração de planos de manejo visando a conservação ou a exploração sustentável das diferentes espécies nativas e dos recursos que elas oferecem. O objetivo deste trabalho foi determinar a composição florística e estrutura populacional de uma comunidade de palmeiras de uma área florestal da Fazenda Experimental Catuaba da Universidade Federal do Acre (UFAC). Esta Fazenda é usada com fins didáticos e de pesquisa pelos docentes e discentes da UFAC e estudos que ampliem o conhecimento sobre sua flora são desejáveis porque contribuirão para melhorar a qualidade das atividades didáticas e de pesquisas desenvolvidas no local. |
METODOLOGIA: |
A Fazenda Experimental Catuaba localiza-se a 23 km da cidade de Rio Branco (10º04'S; 67º37'W; altitude média: 214 m) e possui uma área de 850 hectares. Sua vegetação é constituída por floresta primária de terra firme, floresta secundária e uma pequena área de pastagem cultivada. O relevo local é suavemente ondulado e o clima caracterizado por duas estações bem definidas: a chuvosa, entre meados de outubro e meados de abril, correspondendo a 75,05% das chuvas, e a seca, entre meados de abril e meados de outubro, com 24,95% das chuvas. A temperatura média varia entre 22 e 24ºC e a média de precipitação anual é de 1.973 mm. Para este estudo instalaram-se aleatoriamente 9 parcelas de 20 m x 20 m (3.600 m2), sendo 3 em área de platô, 3 em encosta e 3 adjacentes à rede de drenagem. Para determinar a diversidade florística foram registradas e avaliadas todas as palmeiras presentes nas parcelas. Para estudar a estrutura populacional, os indivíduos foram classificados em cinco classes de tamanho: 1: até 50 cm de altura; 2: mais de 50 cm e até 1 m; 3: acima de 1 m, sem estipe aparente; 4: com estipe aparente, não-reprodutivos; e 5: adultos em estágio reprodutivo. A identificação botânica das espécies foi realizada in loco por meio do reconhecimento de suas características dendrológicas. |
RESULTADOS: |
Foram encontrados 236 indivíduos em diferentes estágios de crescimento, pertencentes a 9 gêneros e 12 espécies de palmeiras. A área de baixio foi a que apresentou maior abundância de indivíduos (128) e a de encosta a menos abundante (53). Os gêneros mais diversificados foram Astrocaryum, Oenocarpus e Geonoma (duas espécies cada). Os gêneros Bactris, Socratea, Euterpe, Iriartea, Hyospathe e Desmoncus apresentaram apenas uma espécie cada. As espécies mais abundantes foram Iriartea deltoidea (84 indivíduos) e Astrocaryum gynacanthum (82 indivíduos). As espécies menos abundantes foram Desmoncus giganteus, Geonoma deversa e Oenocarpus mapora, com apenas um individuo. Do total de indivíduos amostrados, 131 eram plântulas (classe 1). As espécies mais abundantes nesta classe foram Iriartea deltoidea e Astrocaryum gynacanthum, com 79 e 23 indivíduos respectivamente. Nas classes 2 e 3 (jovens), foram encontrados 21 indivíduos. As espécies mais representativas nesta classe foram Astrocaryum gynacanthum e Euterpe precatoria, com 9 e 6 indivíduos respectivamente. Nas classes 4 e 5 foram encontrados 75 indivíduos. Astrocaryum gynacanthum e Euterpe precatoria são as espécies mais abundantes com 44 e 14 indivíduos respectivamente. |
CONCLUSÃO: |
Quando comparado com outros estudos realizados nas cercanias de Rio Branco, a composição florística de palmeiras nativas resultante do levantamento feito na Fazenda Catuaba, com 12 espécies e 9 gêneros identificados, sugere que a diversidade de palmeiras no local é relativamente baixa. Na Área de Proteção Ambiental Raimundo Irineu Serra, localizado a 7 km do centro de Rio Branco, foram encontradas 19 espécies e 12 gêneros de palmeiras. No Parque Zoobotânico, localizado dentro do campus da UFAC, foram identificadas 27 espécies e 13 gêneros de palmeiras nativas. No parque ambiental Chico Mendes foram identificadas 27 espécies e 11 gêneros de palmeiras nativas. Deve-se, entretanto, levar em conta que os estudos mencionados adotaram metodologias diferentes de levantamento. A estrutura populacional da maioria das espécies de palmeiras avaliadas é normal, com um número decrescente de indivíduos da classe 1 para a classe 5. Isto foi observado em Iriartea deltoidea, a espécie mais abundante, que tinha 77,38% de seus indivíduos incluídos na classe 1, 13,09% na classe 2, 2,38% na classe 3 e 5,95% na classe 5. |
Palavras-chave: Composição florística, palmeiras, Acre. |