63ª Reunião Anual da SBPC
B. Engenharias - 1. Engenharia - 13. Engenharia Sanitária
CARACTERIZAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA INICIAL DE RIOS E LANÇAMENTOS NA REGIÃO COSTEIRA DO ESTADO DE ALAGOAS
Tácyo Santos Acioli 1
Karlyandra dos Santos Melo 1
Roberto Augusto Caffaro Filho 1
1. Departamento de Engenharia Ambiental, Centro de Tecnologia - CTEC, Universidade Federal de Alagoas – UFAL
2. Departamento de Engenharia Ambiental, Centro de Tecnologia – CTEC, Universidade Federal de Alagoas - UFAL
3. Prof. Dr. / Orientador – Departamento de Engenharia Ambiental, Centro de Tecnologia – CTEC – UFAL
INTRODUÇÃO:
Os males advindos da contaminação ambiental são por vezes difíceis de serem detectados. Podem ocorrer intoxicações agudas, mais óbvias, ou efeitos crônicos, somente observados ao longo do tempo ou mesmo de gerações.
Ao longo de seu desenvolvimento, o controle de poluição da água evoluiu para, além das análises físicas e químicas, incorporar análises ecotoxicológicas nas amostras como um todo.
Tais bioensaios são capazes de detectar efeitos das interações entre os contaminantes presentes na amostra, algo que análises químicas específicas não podem (Brack, 2003). Testes de toxicidade com organismos marinhos são utilizados para identificação e quantificação de níveis de contaminantes potenciais que oferecem risco à saúde humana bem como à biota aquática.
Neste trabalho foram analisadas amostras de rios e lançamentos que afetam a qualidade das águas costeiras de Alagoas. Artemia salina, um microcrustáceo de ecossistemas marinhos foi utilizado nos bioensaios.
O estado de Alagoas carece ainda de uma caracterização ecotoxicológica de suas águas, algo que é inclusive previsto em lei e para tal fato o trabalho foi idealizado, mostrando assim a sua relevância para o nosso estado.
METODOLOGIA:
Foram realizadas duas coletas na galeria de águas pluviais da Av. Álvaro Calheiros, situada no bairro de Jatiúca, e no Riacho do Ferro, localizado no bairro de Cruz das Almas e que deságua na praia de Cruz das Almas, ambos em Maceió. Foi realizada uma coleta na Lagoa da Anta, também situada no bairro de Jatiúca, e nos rios Meirim, Pratagy e Jacarecica, localizados no litoral Norte de Alagoas.
Indivíduos vivos de Artemia salina dispostos em tubos de ensaio (10 mL) foram expostos a concentrações distintas (10%, 40% e 70%) das amostras por 18 horas. Água do mar foi utilizada como controle. Terminada a exposição, o número de indivíduos mortos foi contado. A CL50, concentração letal que mata 50% dos indivíduos, foi calculada pelo método Trimmed Spearman-Karber.
Dicromato de potássio foi utilizado como substância de referência. Foram realizados exames microbiológicos em algumas amostras, além de um bioensaio em amostra de esgoto sanitário.
RESULTADOS:
Na primeira coleta, foi verificado efeito tóxico na galeria pluvial (CL50;18h de 31,2%) e no Riacho do Ferro (CL50;18h de 17,4%). Não foi verificada toxicidade na amostra da Lagoa da Anta e nem nas amostras dos rios.
Para verificar se a toxicidade observada é constante, foi realizada uma segunda coleta, com os seguintes resultados: CL50; 18h de 59,2% na galeria pluvial e CL50;18h de 35,4% no Riacho do Ferro.
Comparados os resultados da segunda coleta com os da primeira, a toxicidade foi aproximadamente a metade. Essa redução deve-se à diluição por água da chuva (precipitação de 22,5 mm).
A CL50;18h da amostra de esgoto foi de 30,3%, praticamente a mesma da galeria pluvial na primeira coleta. Exames microbiológicos nas amostras revelaram concentrações de coliformes totais da ordem de 107, indicando a presença de esgoto. Esta poderia ser a causa da toxicidade, pois artemia é sensível ao efeito tóxico da amônia (Svensson et al., 2005)
Entretanto, o Riacho do Ferro na primeira coleta (sem diluição por chuva) apresentou quase o dobro da toxicidade da amostra de esgoto. Isso indica que algo mais, além de esgoto, pode estar causando essa toxicidade. É possível que o chorume drenado do aterro semi-controlado de Maceió seja o responsável, pois alcança o mar através do Riacho do Ferro.
CONCLUSÃO:
Conclui-se que alguns lançamentos costeiros urbanos de Maceió apresentam potencial para causar impacto negativo no ecossistema marinho. A melhora no saneamento básico aparentemente seria capaz de eliminar esse efeito indesejável.
Conclui-se também que a precipitação afeta nos resultados e que análises ecotoxicológicas utilizando Artemia salina, que possui características intrínsecas do gênero, transformando-a em um organismo adequado para uso em ecotoxicologia com vistas ao monitoramento do ambiente marinho, garantem confiabilidade, viabilidade e custo-efetividade na rotina prática e/ou pesquisa científica, e são uma boa alternativa para avaliar a toxicidade de lançamentos.
Palavras-chave: Análises Ecotoxicológicas, Artemia salina, Toxicidade.