63ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 2. Ciência da Computação - 4. Engenharia de Software
MODELAGEM DA INTERAÇÃO HUMANO-COMPUTADOR EM SISTEMAS ESPECIFICADOS ATRAVÉS DE INFO CASES
Átila de Araújo Braga 1
Michel Heluey Fortuna 2
1. Depto. de Ciência da Computação – Univ. Fed. de Juiz de Fora (UFJF)
2. Orientador - Depto. de Ciência da Computação – Univ. Fed. de Juiz de Fora (UFJF)
INTRODUÇÃO:
Info case (IC) é um tipo especial de caso de uso (UC), voltado para a especificação de sistemas de informação. UCs são descrições do comportamento de um sistema e dos atores que com ele interagem para alcançar seus objetivos ao utilizar o sistema. A técnica de UCs é parte integrante da UML (Unified Modeling Language) e está disseminada entre os profissionais da computação, o que faz dela um padrão de fato da indústria de desenvolvimento de software. Diferentemente, a técnica de ICs é recente e descreve menos comportamento do que os UCs, enfatizando mais os fluxos de informação trocados entre o sistema e seus atores. Com isso, ICs são mais concisos que UCs e possibilitam a derivação semiautomática de um diagrama de classes para o sistema. Surgem então duas questões: que tipo de comportamento é deixado fora dos ICs e que impacto essa ausência pode ter no projeto da interface humano-computador (H-C) do sistema? Dependendo do impacto, ICs terão mais ou menos chances de substituir a técnica de UCs na especificação de sistemas de informação. O presente trabalho procurou responder essas questões buscando dois objetivos: 1) Caracterizar precisamente o comportamento presente nos ICs e UCs; e 2) Mostrar como o comportamento nos ICs pode instruir o projeto da interface H-C de um sistema.
METODOLOGIA:
Foi feito um levantamento do estado da arte na área de modelagem da interface H-C de sistemas interativos, focando sistemas de informação. Procurou-se, entre outras coisas, identificar taxonomias existentes na área que pudessem servir de base para a caracterização do comportamento nos ICs e UCs. Os passos seguintes foram: 1) Definição de uma taxonomia adequada para caracterizar o comportamento envolvido nos ICs e UCs; 2) Determinação dos subsídios que cada tipo de comportamento especificado em ICs e UCs fornece para a modelagem da interface H-C; e 3) Determinação dos elementos do modelo da interface H-C que podem ser derivados a partir de elementos dos ICs. Os resultados obtidos e as hipóteses enunciadas ao longo do trabalho foram validados através de um estudo de caso. Nesse estudo, foi feita a classificação de cada comportamento descrito nos ICs de um sistema com base na taxonomia definida, confirmando assim, pelo menos para o caso específico, a capacidade da taxonomia de classificar todas as instâncias de comportamento presentes nos ICs. Em seguida, foram aplicadas as regras definidas no trabalho para a derivação dos elementos da interface H-C. Os elementos assim obtidos foram então avaliados segundo as diretrizes e melhores práticas da área de projeto de interfaces H-C.
RESULTADOS:
Um dos resultados deste trabalho foi a definição de uma taxonomia para classificar o comportamento descrito em ICs e UCs. Segundo ela, o comportamento que aparece nos ICs é o comportamento informacional. Esse comportamento é caracterizado pela sua capacidade de gerar mudança de estado no sistema ou em seu ambiente, e inclui, por exemplo, o comportamento dos atores ao ativar os ICs e o comportamento do sistema ao fornecer informações de saída para os atores. Já o comportamento exclusivo dos UCs é o comportamento não-informacional, que não produz mudança de estado. Esse comportamento inclui, por exemplo, o comportamento do sistema solicitando intervenção dos atores ou produzindo feedback a essas intervenções. A investigação mostrou evidências de que o comportamento não-informacional pode ser derivado a partir do informacional. Outro resultado do trabalho foi a definição de regras para a derivação de elementos da interface H-C a partir dos ICs. Segundo essas regras, os atores podem ser mapeados nos operadores da interface, tipo e o domínio (valores possíveis) de cada item elementar de informação são mapeados no formato, tipo e validação de controles de entrada, os objetos são mapeados em opções do menu principal do sistema, e cada IC dá origem a uma subopção desse mesmo menu.
CONCLUSÃO:
Este trabalho analisou o tipo de comportamento que ICs e UCs especificam, estabelecendo uma taxonomia para esse comportamento. Também estabeleceu evidências de que o comportamento descrito nos ICs é uma simplificação adequada daquele descrito nos UCs, no sentido de que este último pode ser derivado do primeiro. Outra contribuição do trabalho foi estabelecer um mapeamento da especificação de ICs em elementos da interface H-C do sistema. Dessa forma, foi possível avaliar como a simplificação de comportamento nos IC prejudica o projeto da interface H-C: fica faltando o comportamento que permite mostrar a dinâmica da interação dentro de cada unidade de percepção (janela). Na elaboração da interface H-C a partir de ICs ficou clara a importância do diagrama de classes (DC) como subsídio para essa tarefa. Mas neste caso, a utilização de ICs trás vantagens sobre UCs, já que o DC é, em grande parte, derivado automaticamente a partir dos ICs, o que não acontece com UCs. A maior limitação desse trabalho foi a pouca experimentação realizada para validar as hipóteses de pesquisa, que se baseou em apenas um estudo de caso. Por esse motivo, uma possível continuação desse trabalho deveria se concentrar em realizar novos estudos experimentais capazes de fortalecer as conclusões aqui apresentadas.
Palavras-chave: Info Cases, Interface Humano-Computador, Sistemas de Informação.