63ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 2. Letras - 5. Letras
A IMPORTANCIA DO ACOMPANHAMENTO LONGITUDINAL COMO PROCEDIMENTO DE ANÁLISE NO ESTUDO DE PATOLOGIAS DA LINGUAGEM
Daniela Pereira de Almeida 1
Nirvana Ferraz Santos Sampaio 2
1. Depto de Estudos Linguísticos e Literários - UESB
2. Dra./Orientadora - Depto de Estudos Linguísticos e Literários - UESB
INTRODUÇÃO:
Neste trabalho, temos como objetivo abordar os estudos de patologias da linguagem, com enfoque no funcionamento da linguagem oral, visando, também, avaliar, através do acompanhamento longitudinal, o funcionamento da linguagem de um sujeito afásico, o senhor EM, que ao sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC) passou a apresentar como sequela a afasia, ou seja, dificuldades de colocar a linguagem em funcionamento. Com isso, buscaremos compreender os meios que ele utiliza para se comunicar, sejam eles verbais ou não-verbais. Para a realização deste trabalho, tomamos como base a Neurolinguística Discursiva (ND), já que esta apresenta uma concepção contrária á tradição afasiológica, entendendo o sujeito afásico como sujeito da linguagem.
METODOLOGIA:
Realizamos encontros semanais com o senhor EM, a partir do o acompanhamento longitudinal (procedimento metodológico). A constituição do corpus foi feita por meio do registro dessas sessões de acompanhamento, utilizando dispositivo digital para a gravação dos dados (MP3 Player), feita em um asilo de Vitória da Conquista. Os episódios foram transcritos para possibilitar a coleta e análise de dados significativos. Dessa forma, analisamos a fala de um idoso, através do acompanhamento longitudinal como procedimento metodológico. O sujeito em questão é o senhor EM, 63 anos, diabético e hipertenso, vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) que deixou como sequela hemiplegia à direita (lado direito do corpo paralisado) e afasia, caracterizada, neste caso, por dificuldade na enunciação oral.
RESULTADOS:
A afasia é uma das perturbações da linguagem decorrente de uma lesão focal adquirido no Sistema Nervoso Central, com isso o sujeito afásico apresenta dificuldades em se expressar. Durante o acompanhamento longitudinal o investigador utiliza metodologias que tem como objetivo inserir o sujeito afásico em situações dialógicas que fazem sentido, isto é, em um contexto significativo. Dessa forma, a Neurolinguística Discursiva considera o sujeito afásico como um produtor de discurso, permitindo que este se insira em práticas verbais utilizando, também, processos linguísticos de significação como meio de se comunicar e estabelecer a linguagem, sendo este um dos fatores que tornam o acompanhamento longitudinal um procedimento importante na avaliação do funcionamento da linguagem do sujeito afásico. Observa-se que o senhor EM, mesmo tendo instabilidades na sua fala, consegue se fazer compreendido. Dessa forma, é através do exercício da linguagem, ou seja, em uma situação comunicativa, que o senhor EM faz uso de seu repertório linguístico, dando ao investigador possibilidade de analisar o que ele realmente usa ao se comunicar e não o que deveria usar ou o que falta em sua linguagem.
CONCLUSÃO:
Assim, concluímos que o investigador utiliza os dados com o objetivo de analisar não o que o paciente não faz, ou o que falta para a compreensão de sua fala, mas sim o que ele faz, o que está presente em sua linguagem e os mecanismos que ele utiliza para se constituir como sujeito de linguagem. Ao longo do acompanhamento pudemos perceber que EM possui um repertório bastante limitado, sendo que as poucas frases que pronuncia são frases conhecidas, que estão prontas em sua mente. Para se comunicar, o senhor EM se apóia, na maioria das vezes, na fala do investigador, para responder a suas perguntas. Nesse sentido, é possível perceber que mesmo com dificuldades o sujeito afásico possui autonomia enunciativa.
Palavras-chave: Acompanhamento Longitudinal, Afasia, Linguagem.