63ª Reunião Anual da SBPC

A. Ciências Exatas e da Terra - 3. Física - 2. Ensino de Física

UMA ANÁLISE DAS QUESTÕES DE TERMODINÂMICA NOS VESTIBULARES DO RIO DE JANEIRO.

Cintia Vaguel Lopes 1 José Rodrigo da Paiva Rodrigues 1 Priscila Guimarães de Medeiros 1 Gabriela Lopes Cabral 1 Frederico Alan de Oliveira Cruz 1

1. Bolsista PIBID - Depto de Física - UFRRJ 2. Bolsista PIBID - Depto de Física - UFRRJ 3. Bolsista PIBID - Depto de Física - UFRRJ 4. Bolsista PIBID - Depto de Física - UFRRJ 5. Prof. Dr./ Orientador – Depto de Física - UFRRJ

INTRODUÇÃO:

No Brasil, como acontece em muitos países do mundo, o número de candidatos aos cursos superiores é maior que o número de vagas disponíveis nas Universidades. As etapas de seleção dos alunos que irão ocupar as vagas disponíveis diferem na metodologia, mas muitos deles possuem uma prova de ingresso que no Brasil é chamada de vestibular. O chamado vestibular exige dos estudantes conhecimento nos mais diferentes temas, apresentados a eles durante sua formação desde o ensino fundamental até o médio. Esse processo de seleção tem como objetivo, abranger os conhecimentos comuns às diversas formas de educação do ensino médio, sem ultrapassar este nível de complexidade, avaliando a formação e aptidão intelectual dos candidatos para estudos avançados. No caso específico da Física, muitas provas podem de alguma maneira, não estar selecionando os alunos mais aptos a prosseguir nos cursos oferecidos pelas mais diferentes IES existentes no país. Nesse trabalho, avaliamos as questões de Termodinâmica presentes nos vestibulares do Rio de Janeiro com o objetivo de analisar a relação dessas questões com a realidade e com o raciocínio lógico.

METODOLOGIA:

Foram analisadas as questões de Termodinâmica das provas de vestibulares das Universidades Públicas do Estado do Rio de Janeiro localizadas na Região Metropolitana do Estado (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Universidade Federal Fluminense, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro) e do Exame Nacional do Ensino Médio entre os anos de 2005 e 2010. As questões foram separadas em quatro grupos de acordo com as características apresentadas por elas em seu enunciado, onde classificamos como: Questões com aplicação direta de fórmulas (F), Questões que exigem conteúdo teórico ou raciocínio lógico (T), Questões com caráter tecnológico (TC) e questões com base histórica (H). Ao final da classificação as questões foram analisadas e em seguida foi possível traçado um perfil de como são apresentados os conteúdos ligados a Termodinâmica nas provas de acesso ao Ensino Superior.

RESULTADOS:

Na análise das questões foi possível observar que a maioria delas apresenta a solução pela aplicação direta de fórmulas (F), isto é, 39,3% das questões são resolvidas sem exigir do aluno os conceitos teóricos e sem entendimento do processo físico relacionado à questão. A questão perde o caráter físico e passa a ser encarada apenas como uma operação matemática. Em relação às questões que exigem um conhecimento dos conceitos físicos (T) estas representam 24,6% das questões analisadas, sendo caracterizadas por exigir um nível de abstração e entendimento da física relacionada, isto é, fazendo associação com o conteúdo conceitual aprendido em sala de aula. As questões que possuem um grau maior de complexidade, isto é, usam aplicação de fórmula associada ao entendimento teórico (F + T), representam 34,4% do total de questões analisadas. No caráter de contextualização das questões, apenas 4,9% apresentam relação com as novas tecnologias ou estão ligadas a fatos cotidianos (TC), isto é, os problemas abordados na maioria das vezes não têm qualquer relação com a realidade do aluno. Por último, percebemos que apenas 1 questão, representando 1,6% das questões analisadas, possui alguma referências histórica ao conteúdo estudado.

CONCLUSÃO:

Nesta análise foi possível perceber a falta de contextualização das questões ligadas à termodinâmica, ou mesmo uma abordagem histórica dos tópicos. Esse distanciamento entre as questões e a realidade, favorece o não entendimento dos temas abordados com o cotidiano e assim contribuindo para o tratamento sem importância dos tópicos estudados pelos alunos. Percebemos também a falta de interdisciplinaridade nas questões, de forma a integrar as competências envolvidas nas diferentes disciplinas do currículo do Ensino Médio. Percebemos também que a maioria das questões favorece os alunos que simplesmente decoram as equações, sem agregar a ela um conhecimento significativo. Consideramos que falta de educação científica, ao longo da formação dos alunos, contribua fundamentalmente para essa realidade. É importante ressaltar que uma avaliação bem elaborada, pode incentivar o interesse pelo conhecimento científico e selecionar os alunos mais aptos aos cursos de graduação. Considerarmos também que a contextualização das questões é fundamental para que os alunos passem a estudar física de forma mais “correta” e deixem de ser reféns da memorização.

Palavras-chave: Ensino, Termodinâmica, Vestibular.