63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 2. Práticas Clínicas, Identidade e Relações de Gênero
SER MULHER HOJE: UM ESTUDO SOBRE A QUESTÃO DA MULHER NA CONTEMPORANEIDADE
Danielle Telles Fernandes 1
Erenice Jesus de Souza 2
Regina Célia Faria Amaro Giora 3
1. Programa de Pós-Graduação em Educação, Arte e História da Cultura, Universidade Presbiteriana Mackenzie – UPM
2. Programa de Pós-Graduação em Educação, Arte e História da Cultura, Universidade Presbiteriana Mackenzie – UPM
3. Profa. Dra./Orientadora - Programa de Pós-Graduação em Educação, Arte e História da Cultura, Universidade Presbiteriana Mackenzie – UPM
INTRODUÇÃO:
Atualmente, a mídia em geral veicula inúmeros discursos e representações sociais sobre o que é ser mulher hoje. A maioria deles faz apologia a uma característica atribuída à mulher ao longo da história: ser múltipla. Desta forma, esses discursos formatam diversos tipos de identidades que são devolvidas às mulheres através dos objetos de consumo. Marcadas pelo legado de estereótipos, as identidades das mulheres contemporâneas necessitam ser debatidas e esclarecidas, em vista de superar concepções que minam tanto o desenvolvimento subjetivo quanto o protagonismo e o reconhecimento social aos quais todas têm direito. Partindo do pressuposto de que as identidades de gênero são construídas historicamente, orientadas pelas relações de poder dominantes, este trabalho se propõe a escutar algumas vozes que falam através das mulheres de hoje, especialmente, as discussões acerca de suas presenças e atuações nas esferas pública e privada. Assim, este estudo investiga a condição das mulheres na contemporaneidade, principalmente, o consumo de identidades forjadas e produzidas pelo capitalismo, bem como a reprodução aparentemente inocente de valores morais, éticos e estéticos que estão a serviço dos interesses dominantes.
METODOLOGIA:
A pesquisa, de cunho qualitativo, foi desenvolvida por meio da realização de entrevista semi-estruturada, orientada por um roteiro de questões abertas. Para tanto, cinco mulheres da classe média, segundo dados do IBGE, com idades entre 25 e 35 anos, residentes na capital do Estado de São Paulo, participaram do processo, sendo cada uma delas abordada individualmente, em local de livre escolha, num total de cinco entrevistas. Cada uma das entrevistas teve duração média de 1 hora, devidamente gravadas e posteriormente transcritas, incluindo hesitações, risos, silêncios, bem como os estímulos do entrevistador. Na opção por um diálogo aberto sobre as questões, nenhum recurso externo, tal como imagens, textos ou sons, foi utilizado, em vista de não influenciar a dinâmica do processo de investigação. Por fim, no que diz respeito à análise dos dados, todo o conteúdo coletado possibilitou tanto o alcance de uma leitura social sobre a construção da identidade feminina na contemporaneidade, como também buscou preservar a singularidade e a autenticidade dos sujeitos envolvidos, em respeito à arquitetura cognitiva e afetiva apresentadas por eles.
RESULTADOS:
Na escuta das vozes das mulheres entrevistadas destacaram-se aspectos morais, éticos, estéticos, econômicos, culturais e históricos, os quais têm direcionado a presença e a atuação das mulheres na dinâmica da vida social, bem como a construção de suas identidades de gênero. O ideal da mulher bem sucedida, sofisticada, livre e autônoma, muitas vezes presente nos discursos veiculados pela mídia, nem sempre se encontra efetivado nos espaços público e privado, demonstrando que o caminho a ser percorrido ainda é longo, porém, possível, provocando reflexões que impulsionem ações concretas.
CONCLUSÃO:
A valorização das abordagens que voltam sua atenção às questões de gênero, e, de modo particular, à reflexão sobre a construção das identidades das mulheres no contexto contemporâneo, tem alcançado destaque nas mesas de debate nacionais e internacionais. Nesta perspectiva, a mulher tem resgatado sua história tanto pessoal quanto social de forma muito mais lúcida, e isto tem possibilitado condições favoráveis para o alcance real de parte do que antes era tido como utopia, sonho e até mesmo alucinação. Os valores morais, éticos, estéticos, culturais e econômicos que subsidiam as identidades forjadas para o consumo, precisam ser reconfigurados através da escuta das vozes dessas mulheres, objetivando, assim, tornarem-se mais coerentes com a realidade das mesmas. Desta forma, dinamizando o processo de investigação sobre as possíveis conquistas e, consequentemente, sobre os grandes desafios que marcam a vida de gerações.
Palavras-chave: Mulher, Identidade, Contemporâneo.