63ª Reunião Anual da SBPC |
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 2. Economia e Sociologia Agrícola |
A LUTA DAS MULHERES AGRICULTORAS NO ASSENTAMENTO MARIANA, EM PALMAS – TO |
Conceição Aparecida Previero 1 Laurena Knorst Florencio 2 Adila Maria Taveira de Lima 3 Deise Laiz dos Santos 4 Keila Barbosa Milhomem 5 |
1. Profa. Dra./ Orientadora - Engenharia Agrícola - CEULP/ULBRA 2. Pós-colheita de Produtos Agrícolas, CEULP/ULBRA 3. Universidade Federal do Tocantins – UFT 4. Pós-colheita de Produtos Agrícolas, CEULP/ULBRA 5. COOPEX, CEULP/ULBRA |
INTRODUÇÃO: |
A população rural na sua maioria é constituída por homens. Entre tanto, atualmente as mulheres estão mais organizadas, lutando por direitos que trazem qualidade de vida para todos. Dados do IBGE revelam que o universo feminino rural é constituído por 4,1 milhões de trabalhadoras na agricultura família do país, 600 mil delas são responsáveis por estabelecimentos agropecuários. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) estima que as mulheres sejam responsáveis por mais de 50% da produção mundial de alimentos, contribuindo para a profissionalização dessas trabalhadoras que não se denominam mais como sendo do lar e sim agricultoras. Isso demonstra que o período patriarcal foi em parte superado, levando em consideração o cenário nacional dessa mudança. A família agrícola pode ser constituída pela figura do homem, mas as mulheres estão assumindo o papel titular nos trabalhos do campo, assim o estudo objetivou avaliar a realidade deste contexto no Assentamento Mariana em Palmas, TO. |
METODOLOGIA: |
O estudo desenvolvido é parte do Projeto “Transferências Tecnológicas para a Conservação de Grãos e Sementes - TRANSTECON” e se valeu de revisão de literatura; visitas para observação sistemática nos meses de fevereiro de 2008 a abril de 2010; entrevistas e aplicação de questionário pré-estruturado no Assentamento Mariana nos meses de abril e maio de 2008. O questionário sócio-econômico aplicado entre os agricultores familiares dividia-se em dez subitens (I - Informações pessoais, II - Aspectos sociais, III Condições sanitárias, IV - Saúde, V - Educação, VI - Organização social, VII - Capacitação, VIII - Identificação da produção, IV - Aspecto e V - Manejo e conservação do solo. Um total de 14 famílias respondeu ao questionário. Os dados obtidos foram protocolados em uma planilha do Statistical Package for Social Sciences (SPSS). |
RESULTADOS: |
Dos questionários aplicados 92,85% dos homens se intitularam chefes de família, somente um questionário trazia como chefe da família a mulher, mesmo tendo companheiro. Esse quadro demonstra que quando há a presença do homem na casa ele ainda é considerado o chefe, as mulheres raras vezes se assumem como titulares do núcleo familiar, na agricultura familiar esse fato é marcante. Na história a luta cotidiana das agricultoras é baseada no envolvimento que elas têm com a terra, perpassando a mera compreensão do plantar e colher, as mulheres do Assentamento Mariana lutam para se desenvolver enquanto agricultoras, mulheres e cidadãs. Atuam como membros da Associação do Assentamento, se capacitam em diversas áreas do conhecimento, voltaram para as salas de aula, comercializam os produtos nas feiras da capital do Estado, colhem e processam frutos do cerrado para o sustento das famílias, pode-se encontrá-las cuidando das abelhas criadas no cerrado extraindo o mel natural para consumo, tornando-as verdadeiras pesquisadoras populares. São fruticultoras, primam pela sustentabilidade, sem usar agrotóxicos ou devastar o meio ambiente, se preocupam com o aproveitamento, são conhecedoras de sementes, seja para o cultivo ou para conservação, criam galinha caipira melhorada e vivenciam o sistema agroflorestal. |
CONCLUSÃO: |
A pesquisa apontou que as mulheres agricultoras têm ainda um longo caminho a percorrer, não para serem iguais ou superiores aos homens, mas para poderem erguer uma bandeira de vitória enquanto sujeitos de sua própria história. Trabalhadoras reconhecidas perante os olhos de quem têm sensibilidade, enquanto isso no Assentamento Mariana as mulheres continuam gerando filhos, amamentando, educando-os e cultivando as terras, mas a determinação de algumas irá contagiar outras e serão ainda reconhecidas pelas suas capacidades, dependendo delas não só a continuação da espécie humana, mas a perpetuação das sementes que brotam da terra a cada estação. |
Palavras-chave: Agricultura Familiar, Mulheres, Reconhecimento. |