63ª Reunião Anual da SBPC |
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia - 1. Silvicultura |
GERMINAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE MUDAS DE GUATAMBU DO CERRADO (Aspidosperma macrocarpon Mart.) EM DIFERENTES SUBSTRATOS VISANDO À RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS. |
Glaucia Regina Santos 1 Ana Magalhães Cordeiro Teixeira 2 Paulo Henrique Lima 3 Paulo Siqueira Junior 1 Fernando Gama Peres 4 Soraya Alvarenga Botelho 5 |
1. Depto de Ciências Florestais, Universidade Federal de Lavras – UFLA 2. Engenheira Florestal, SNC Lavalin Marte 3. Programa de Pós-graduação em Agroecologia e Desenvolvimento Rural – UFSCAR 4. Gestor Ambiental, Eletrobrás Furnas 5. Profa. Dra./Orientadora – Depto de Ciências Florestais – UFLA |
INTRODUÇÃO: |
Aspidosperma macrocarpon Mart. é uma espécie decídua, heliófita, seletiva xerófita, latescente e característica de ambientes secos do cerrado. Conhecida popularmente como “guatambu do cerrado”, esta espécie, que pertence à família Apocynaceae, possui madeira própria para a construção civil e naval, dormentes, marcenaria e carpintaria. A resolução SMA 08 de 2008 da Secretaria do Meio Ambiente do estado de São Paulo destaca Aspidosperma macrocarpon Mart. como uma espécie vulnerável à extinção, o que justifica ainda mais seu uso em projetos de restauração ambiental. A produção de mudas capazes de se desenvolver em áreas degradadas é um importante passo para o manejo da atividade de recuperação ambiental. Atualmente é notável o aumento de estudos na área de produção de mudas, mas pouco tem sido feito no sentido de analisar o desenvolvimento de espécies nativas do cerrado, devido a dificuldades de identificação botânica, dormência e conhecimento limitado sobre fenologia e fisiologia. O guatambu do cerrado produz, anualmente, pouca quantidade de sementes, dificultando assim a produção de mudas desta espécie. Neste contexto, o objetivo deste trabalho é comparar duas composições de substrato e analisar os parâmetros: percentual de germinação, desenvolvimento da muda e custo do substrato. |
METODOLOGIA: |
O experimento foi conduzido no Viveiro de Furnas Centrais Elétricas S.A. na Usina Hidrelétrica Luiz Carlos Barreto de Carvalho, localizada em Pedregulho-SP, durante o período de novembro de 2010 a março de 2011. Os tratamentos foram: T1 = substrato comercial, vermiculita e Húmus (2:1:1) e T2 = areia e substrato comercial (3:1) sendo este ultimo tratamento feito da seguinte forma: metade superior do tubete foi preenchida somente de areia e metade inferior de uma mistura de substrato e areia (1:1). As sementes foram coletadas e armazenadas durante um período de 45 dias para, posteriormente, serem beneficiadas e semeadas em tubetes. A análise de custo dos substratos foi realizada a partir de orçamentos fornecidos por comerciantes da região. Foram orçados três preços e optou-se por utilizar o preço intermediário. O percentual de germinação foi acompanhado até 100 dias após a semeadura, enquanto os parâmetros de desenvolvimento da muda - altura, diâmetro do coleto e número de folhas - foram mensurados 130 dias após a semeadura. |
RESULTADOS: |
Os dados de germinação e desenvolvimento de mudas foram submetidos à análise de variância e ao teste de Tukey através do software SISVAR. O delineamento experimental adotado foi inteiramente casualizado, com 2 tratamentos e 4 repetições de 54 tubetes, totalizando 216 tubetes por tratamento. Para a análise do percentual de germinação, os dados foram transformados em arco seno da raiz quadrada da %/100, entretanto, para possibilitar melhor visualização os valores serão apresentados em porcentagem. A estabilização da germinação ocorreu 84 dias após a semeadura e as médias de germinação foram: T1 = 18,98% e T2 = 20,37%. Os resultados das médias de altura da muda, diâmetro do coleto e número de folhas foram, respectivamente: T1=13,15cm, 0,43cm e 7,4 folhas/planta e T2=13,46cm, 0,44cm e 7,8 folhas/planta. Os parâmetros de germinação e desenvolvimentos de mudas não apresentaram diferenças significativas para os substratos testados. Quanto à análise de custo dos substratos, o substrato T2 apresentou um custo quatro vezes menor do que o T1. |
CONCLUSÃO: |
A partir dos resultados apresentados, conclui-se que os parâmetros germinação e desenvolvimento de mudas foram indiferentes aos tipos de substrato testados. Desta forma, o substrato T2 é o mais indicado, principalmente, por ser menos oneroso. Apesar de apresentar baixa taxa de germinação, a produção de mudas de guatambu do cerrado mostrou-se tecnicamente viável, resultando em mudas vigorosas e aptas ao plantio em aproximadamente 5 meses após a semeadura. Estudos sobre a viabilidade das sementes devem ser realizados visando aumentar a germinação e conseqüentemente o sucesso do processo de produção de mudas da espécie. |
Palavras-chave: Aspidosperma macrocarpon Mart., Cerrado, Recuperação de áreas degradadas. |