63ª Reunião Anual da SBPC |
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 8. Química |
BIODIESEL A PARTIR DE ÓLEO RESIDUAL TRATADO E SUA CARACTERIZAÇÃO |
Marcela Albino de Carvalho 1 Claudia Cristina Cardoso Bejan 1,2 |
1. Universidade Federal Rural de Pernambuco 2. Profa. Dra./ Orientadora - depto de Química - UFRPE |
INTRODUÇÃO: |
A crescente demanda de biodiesel no país vem favorecendo o desenvolvimento de novas pesquisas para obtenção do biodiesel com qualidade aceitável pela legislação, visando uma maior economia e um menor impacto ambiental. Um dos segmentos de destaque nessa linha de pesquisa se dá quanto à busca de novas matérias-primas. Dentre elas destaca-se o óleo residual de fritura por colaborar com a redução dos impactos ambientais que o mesmo causa além dos benefícios pertinentes ao uso de biodiesel como um biocombustível.1 Entretanto, um dos fatores limitantes do uso do óleo de fritura se dá quanto à sua variável qualidade, dependendo de seu uso prévio, devido à presença de restos de alimentos, água e contaminantes oriundos das reações hidrolíticas que o triglicerídeo sofre durante processo de cocção dos alimentos.2 A fim de identificar a necessidade de um tratamento desse óleo previamente ao seu uso como matéria-prima na síntese do biodiesel, esse trabalho mostra a comparação de duas formas de purificação desse óleo e da diferença na qualidade do biodiesel dependendo da pureza dessa matéria-prima. |
METODOLOGIA: |
i) A degomagem foi realizada adicionando 50 mL de água pré - aquecida à 80ºC à 100g do óleo de fritura previamente peneirado. Depois amostra foi levada à estufa à 110ºC por 30 minutos. ii) O processo de esterificação foi realizado seguindo a metodologia de barros et. al, 2008. iii) A reação de biodiesel foi realizada seguindo a metodologia de Geris et. al, 2007. O excesso de metanol foi removido sob pressão reduzida em rotaevaporador à temperatura de 55 °C. E em seguida foi separada as fases em um funil de separação. iv) A lavagem via seca foi realizada seguindo a metodologia de Faccini, 2008. v) O índice de acidez foi realizado seguindo a metodologia de Vasconselos et. al, 2002. O resultado foi obtido através da expressão segundo Santos et. al, 2009. vi) O índice de saponificação foi realizado seguindo a metodologia de Souza et. al, 2007. vii) Para determinação de umidade pelas normas européia EN ISSO 12937 é utilizado o método Coulométrico Mark Fischeer por não disponibilizar este método no laboratório foi realizado a determinação da seguinte forma: aqueceu-se a cápsula de porcelana em estufa por 1 hora, em uma temperatura de 110 ºC, colocou a amostra em um dessecador onde foi pesada e novamente foi levada à estufa e depois ao dessecador. Este processo foi realizado até a massa do óleo/biodiesel permanecer constante. |
RESULTADOS: |
A qualidade do óleo resultante se fez através do Índice de Acidez (IA), rendimento e o teor de umidade (TU). Onde o óleo bruto apresentou o IA (3,37 mg KOH/g) e TU (0,07 %), o óleo degomado IA (2,98 mg KOH/g), rendimento (97,17 % em massa) e TU (0,60%), e o óleo esterificado IA (1,38 mg KOH/g), rendimento (94,29), e TU (1,50%). Percebe-se que houve uma diminuição significativa após o tratamento do óleo. Por apresentar menor IA, o óleo esterificado foi usado como matéria-prima para a síntese de biodiesel, na expectativa de reduzir a formação de sabões. As especificações do biodiesel do óleo bruto (BOB) e do biodiesel do óleo esterificado (BOE) se fizeram através do IA, índice de saponificação (IS), rendimento e TU. O BOB apresentou IA (0,27 mg KOH/g), IS (136,0 ppm), rendimento (93,20 % em massa), e TU (0,03%), e o BOE apresentou IA (0,28 mg KOH/g), IS (100,7 ppm), rendimento (86,57 % em massa), e TU (0,70%). O baixo rendimento na síntese do BOE pode ser atribuído à maior umidade do óleo de partida, o que permite maior formação de sabões, e pode ter sido a razão dessa maior umidade no biodiesel resultante, estando esse acima dos padrões estabelecidos pela ANP (0,05%). Observa-se que tanto BOB quanto BOE apresentam o IA dentro das especificações da ANP (0,80 mg KOH/g). A pesar da legislação não definir limites máximos para o IS, observa-se que esse índice é menor para o BOE, diminuindo com mais eficiência o número de sabões e catalisadores presentes no biodiesel. |
CONCLUSÃO: |
Apesar da lavagem do óleo de fritura com água quente ser o método mais comumente usado como tratamento prévio nas sínteses de biodiesel, percebeu-se que ele não interfere significantemente no IA, sendo mais viável, para esse fim o método da esterificação. Entretanto nota-se que,torna-se desnecessário sua purificação prévia para a síntese do biodiesel. |
Palavras-chave: Purificação, Óleo de fritura, Biodiesel. |