63ª Reunião Anual da SBPC |
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva |
AVALIAÇÃO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL EM IDOSOS E DOS FATORES DE RISCO CARDIOVASCULARES ASSOCIADOS |
Lígia Marquez Andrade 1 Bruna Lannuce Silva Cabral 1 Laís Carneiro Naziasene Lima 1 Shuellem de Oliveira Jacomini Nunes Godim 1 Adélia Yaeko Kyosen Nakatami 2 Eugênia Emília Walquíria Inês Molinari-Madlum 3 |
1. Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, Universidade Federal de Goiás 2. Faculdade de Enfermagem, Universidade Federal de Goiás 3. Profa. Dra./Orientadora - Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, Universidade Federal de Goiás |
INTRODUÇÃO: |
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é o agravo mais comum na população adulta em todo o mundo. É uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial (PA). É definida como pressão sanguínea diastólica > 90 mmHg e/ou pressão sanguínea sistólica > 140 mmHg. A HAS tem alta prevalência e baixas taxas de controle, é considerada um dos principais fatores de risco modificáveis e um dos mais importantes problemas de saúde pública. Faz parte de uma síndrome metabólica e cardiovascular bastante complexa, caracterizada também por resistência insulínica, dislipidemia mista, sobrepeso ou obesidade, disfunção endotelial, microalbuminúria, hipertrofia ventricular esquerda e uma tendência prótrombótica, entre outros achados fisiopatológicos diretamente relacionados ao incremento do risco cardiovascular. Entre os fatores de risco para mortalidade, a hipertensão arterial explica 40% das mortes por acidente vascular cerebral e 25% daquelas por doença coronariana. O objetivo desse estudo foi identificar a prevalência da hipertensão arterial referida na população idosa da cidade de Goiânia e as possíveis associações com outros fatores de risco cardiovasculares. |
METODOLOGIA: |
A amostra foi constituída por voluntários de ambos os sexos com idade igual ou superior a 60 anos, que aceitaram participar da pesquisa mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Goiás. Foi calculada uma amostra probabilística da população idosa em Goiânia. Desta forma 934 indivíduos foram entrevistados. Para este estudo foi utilizada uma subamostragem composta por 223 indivíduos dos quais se procedeu a coleta de sangue para posterior análise de marcadores biológicos. A Pressão arterial foi aferida em dois momentos durante a entrevista domiciliar com intervalo mínimo de 3 minutos entre a primeira e a segunda medida, registrando-se a última. Posteriormente a medida da pressão arterial foi classificada de acordo com o recomendado pela VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2010). As variáveis numéricas foram avaliadas entre os diferentes grupos pelo teste de Kolmogorov-Smirnov. O teste-t de Student não pareado foi aplicado para analisar os dados quando a média de dois grupos amostrais foi comparada. O nível de significância adotado foi p< 0,05. O processamento dos dados e a análise estatística foram realizados através do GraphPad Prism Software 3.0. |
RESULTADOS: |
A prevalência estimada de hipertensão arterial referida na amostra em estudo foi de 68,16%. Dentre os idosos hipertensos 39,47% são homens e 60,52% mulheres. A presença de HAS foi associada a outros fatores de risco cardiovasculares: 22,36% dos idosos referiram ser diabéticos, 41,44% possuíam colesterol elevado, 29,6% triglicérides elevado e 40,0% estavam acima do peso de acordo com a classificação de Lipschitz (IMC > 27 corresponde a sobrepeso); 10,52% tiveram um episódio de Acidente Vascular Cerebral e 9,86% relataram ter sofrido Infarto Agudo do Miocárdio. O índice de massa corpórea foi correlacionado com a idade, mostrando um decréscimo estatisticamente significativo após ser feita uma comparação entre os grupos de 60 a 69 anos e o de 80 a 89 anos (p=0,0086) e também entre os grupos de 70 a 79 anos e o de 80 a 89 anos (p=0,0378). Revelando uma redução da massa corporal com idade. A medida da pressão arterial casual foi classificada de acordo com o recomendado pela VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Em PA ótima (14,0% dos idosos), normal (12,6%), limítrofe (16,66%), estágio I (7,33%), estágio II (8,0%), estágio III (8,6%) e PA sistólica isolada (32,66%). Esses dados revelam dificuldades no controle da hipertensão pelos idosos incluídos neste estudo. |
CONCLUSÃO: |
A presença de hipertensão arterial, de diabetes mellitus, de obesidade e de dislipidemias guardam entre si uma complexa relação, tendo em comum em sua etiologia o estilo de vida e a herança genética. Em nosso estudo, a hipertensão arterial apareceu associada a esses fatores de riscos na maioria dos idosos, revelando um possível aumento do risco cardiovascular. O índice de massa corpórea dos idosos teve uma redução estatisticamente significativa com o aumento da idade. Esse resultado corresponde ao encontrado em outros estudos devido ao decréscimo de estatura, acúmulo de tecido adiposo, redução da massa corporal magra e diminuição da quantidade de água no organismo com o aumento da idade. A avaliação da hipertensão arterial revelou prevalência próxima à identificada por outros estudos, além de identificar dificuldades para um controle satisfatório dos níveis pressóricos na população idosa. Onde, 56,69% dos indivíduos estavam com a PA não controlada no momento da aferição. Em conjunto os resultados mostram que uma atenção especial deve ser voltada aos indivíduos idosos tanto para as ações de prevenção, de controle da hipertensão, quanto para os fatores de risco correlacionados, assim como para as de promoção à saúde. |
Palavras-chave: Hipertensão Arterial, Fatores de Risco Cardiovasculares, Idosos. |