63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 11. Morfologia - 5. Histologia
ANÁLISE DA INERVAÇÃO ENTÉRICA DO ÍLEO DE RATOS DIABÉTICOS APÓS SUPLEMENTAÇÃO COM L-GUTAMINA 2%
Mariana Machado Lima 1
Renata Virginia Fernandes Pereira 1
Jaqueline Nelisis Zanoni 2
1. UEM
2. Profa. Dra./Orientadora - Depto de Ciências Morfológicas
INTRODUÇÃO:
A neuropatia é uma das complicações crônicas características do diabetes mellitus. No trato gastrintestinal relaciona-se com alterações nos componentes do Sistema Nervoso Entérico, que desempenham importantes funções no controle da motilidade, secreção, fluxo sanguíneo, crescimento mucosal e aspectos do sistema imune local. Mecanismos vêm sendo estudados na tentativa de relacionar a extensão e a severidade da hiperglicemia com o desenvolvimento da neuropatia autonômica diabética. O aumento do estresse oxidativo associado ao diabetes é descrito como um importante mecanismo no desenvolvimento das complicações da doença, incluindo a neuropatia. A L-glutamina, um aminoácido condicionalmente essencial, é substrato para a formação da glutationa, um dos potentes antioxidantes endógenos que se encontra reduzido no diabetes com a exacerbação do estresse oxidativo. Assim, o objetivo do trabalho foi investigar o efeito da suplementação com L-glutamina a 2% sobre a população total de neurônios mioentéricos imunoreativos à proteína Hu (HuC/HuD) e a subpopulação de neurônios nitrérgicos imunoreativos à enzima óxido nítrico sintase neuronal (nNOS) do íleo de ratos diabéticos.
METODOLOGIA:
Vinte ratos machos Wistar (Rattus norvegicus) foram utilizados, divididos em 4 grupos: normoglicêmicos (N), normoglicêmicos suplementados com L-glutamina (NG), diabéticos (D) e diabéticos suplementados com L-glutamina (DG). Para o tratamento dos animais dos grupos NG e DG, a Lglutamina foi adicionada à ração na concentração de 2% (20g/kg de ração). Após 120 dias de tratamento, os ratos foram sacrificados e o sangue coletado por punção cardíaca para dosagem da glicemia e hemoglobina glicada. Os íleos foram coletados e submetidos às técnicas imunohistoquímicas HuC/D e nNOS. Foram realizadas análises quantitativas dos neurônios mioentéricos HuC/D imunoreativos e neurônios nitrérgicos através de imagens obtidas por amostragem do íleo de cada rato. Todos os neurônios presentes em 30 imagens por animal foram quantificados. A área de cada imagem foi de aproximadamente 0,23mm2
RESULTADOS:
Os grupos D e DG apresentaram níveis elevados de glicemia, hemoglobina glicada e perda de peso em relação aos animais normoglicêmicos, confirmando o estabelecimento do modelo experimental pela estreptozootocina. O diabetes mellitus promoveu a morte neuronal no grupo D, que apresentaram uma redução significativa de 20,75% no número de neurônios mioentéricos do íleo imunorreativos a proteína HuC/D, um marcador pan-neuronal. A L-glutamina preservou significativamente em 18,74% os neurônios do grupo DG quando comparados ao D. Assim, essa exerceu um efeito neuroprotetor, provavelmente relacionado à ação antioxidante realizada indiretamente pela mesma, através da elevação dos níveis de glutationa. O total de neurônios nitrérgicos, estudados por imunomarcação da proteína nNOS, para o grupo N foi equivalente a 24,8% da densidade neuronal total do plexo mioentérico. As densidades encontradas foram semelhantes entre os grupos estudados, mostrando que esta sub-população neuronal apresenta uma maior resistência à ação dos radicais livres, presentes em elevada concentração no diabetes mellitus. Portanto, outras populações de neurônios devem estar sendo lesadas com o desenvolvimento do diabetes, o que levou à redução do número total de neurônios do plexo mioentérico (HuC/D imunorreativos).
CONCLUSÃO:
Concluímos que no diabetes mellitus a L-glutamina 2% exerceu um efeito neuroprotetor, à medida que preservou de maneira significativa os neurônios HuC/D imunorreativos do plexo mioentérico do íleo.
Palavras-chave: Diabetes mellitus, Neurônios mioentéricos, L-glutamina.