63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
VERIFICANDO AS CONCEPÇÕES DE ALUNOS DO IFG-CAMPUS JATAÍ SOBRE FENÔMENOS ASTRONÔMICOS COTIDIANOS
Cassiano Bueno Silva 1
Marta João Francisco Silva Souza 1,2
1. IFG-Campus Jataí
2. Profª Orientadora, IFG-Campus Jataí
INTRODUÇÃO:
Diversos trabalhos, como os de CANALLE, 2003 e LANGHI, 2004, apontam que é muito comum observar, em estudantes e professores, concepções erradas acerca de fenômenos astronômicos cotidianos, como as fases da lua, estações do ano e movimento aparente do sol. Conforme apontam Langhi e Nardi (2004) há uma padronização de atitudes no ensino de Astronomia: antes de iniciar sua formação, os professores têm concepções alternativas sobre os fenômenos astronômicos que persistem após sua formação inicial, como resultado de um curso de graduação falho ou isento de conteúdos sobre o assunto. Assim, essas concepções são repassadas para os alunos, criando um ciclo. Como a maioria dos professores não é capacitada para ministrar os conteúdos de Astronomia previstos no currículo escolar, se apóiam apenas nos livros didáticos, gerando sérios problemas, pois grande parte desses livros apresenta erros conceituais, como já detectado por Canalle, Trevisan e Lattari (1996;1997; 2000); Leite e Hosoume (2005), e outros.
Neste trabalho procuramos investigar junto a alunos de ensino médio e superior do IFG_Campus Jataí quais são suas concepções sobre as causas das fases da lua, de eclipses e das estações do ano e verificar se as concepções apresentadas pelos alunos depende do seu nível de escolaridade.
METODOLOGIA:
Este trabalho envolveu alunos seis alunos dos cursos integrados de nível médio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG) Campus Jataí interessados em participar de um curso de extensão sobre Astronomia e a turma do 7º período do curso de Licenciatura em Física do ano letivo de 2011, composta por seis alunos.
Utilizamos como instrumento de coleta de dados um questionário, cuja elaboração foi baseada em artigos que identificaram as principais concepções espontâneas sobre conteúdos de Astronomia apresentadas por alunos e professores. Foram propostas questões abertas (Por que ocorrem o dia e a noite?; O período diurno e noturno têm sempre a mesma duração? Por quê?; Por que ocorrem as estações do ano?; O que é: um eclipse lunar e um eclipse solar?) e questões objetivas sobre características e fenômenos associados à lua e à órbita da Terra.
O questionário foi respondido pelos alunos do ensino médio na primeira aula do curso de extensão e pelos alunos da licenciatura na primeira aula da disciplina de Astronomia. Foi realizada uma análise das respostas obtidas, comparando-se os resultados obtidos por cada um dos grupos.
RESULTADOS:
A análise das respostas do questionário mostrou que o índice de acertos dos alunos do ensino médio foi maior que os do curso superior. Sobre os eclipses, a maioria dos alunos da licenciatura respondeu “não sei” e os que esquematizaram um eclipse solar erraram o posicionamento dos astros (Terra, Lua e Sol); apenas um desenhou corretamente um eclipse lunar. Entre os alunos do ensino médio, 83% acertou o que é um eclipse lunar, e 67% um eclipse solar.
Todos afirmaram que o período diurno e noturno dependem da época do ano, mas ninguém explicou corretamente o porquê. A ideia de que as estações do ano ocorrem “devido a distância do Sol à Terra” apareceu nas respostas de alunos dos dois níveis de ensino. Em relação à órbita da Terra em torno do Sol, houve unanimidade na escolha de uma elipse com excentricidade bem maior que a real. Quase todos os alunos de ensino médio sabem que a Lua tem movimento de rotação e translação mas nenhum aluno da Física acertou esta questão.
A concepção de que a Lua permanece uma semana completamente “cheia” foi confirmada por metade dos alunos do ensino médio e 67% dos de ensino superior. Outra opção aceita por 67% dos alunos de licenciatura e 33% de ensino médio foi que as fases da Lua acontecem por causa da sombra produzida pela Terra em sua superfície.
CONCLUSÃO:
Neste trabalho verificou-se a existência de concepções alternativas em alunos de ambos os níveis de escolaridade. O desempenho dos alunos da licenciatura foi pior em comparação com os do ensino médio. Os alunos do ensino médio que acertaram as questões sobre eclipses e fases da Lua estudaram esses assuntos em aulas de Óptica, enquanto os outros alegaram ter estudado Astronomia apenas no ensino fundamental. Confirmamos assim o resultado de vários trabalhos que afirmam que muitas concepções espontâneas sobre Astronomia vem sendo perpetuadas por falhas na formação dos professores, tanto de ensino fundamental, como do ensino médio.
Mais da metade dos alunos confirmou que a Lua se apresenta “cheia” no céu por uma semana. Isso mostra que os alunos não têm o hábito de observar fenômenos astronômicos cotidianos.
Observamos que a situação atual do ensino de Astronomia no Brasil exige modificações urgentes. É preciso garantir subsídios para o tratamento adequado das concepções alternativas dos alunos, de forma a fomentar o interesse das crianças e adolescentes em entender conceitos astronômicos, a fim de possibilitar a construção de conhecimentos científicos, capazes de explicar os fenômenos astronômicos e ampliar sua visão de ciência e do universo em que vive.
Palavras-chave: concepções alternativas, ensino de Astronomia, fenômenos astronômicos.