63ª Reunião Anual da SBPC |
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública |
ESCALA NUMÉRICA E ESCALA DE FACES: MENSURAÇÃO DA INTENSIDADE DA DOR CRÔNICA E PREFERÊNCIA POR UMA DAS ESCALAS ENTRE IDOSOS NÃO INSTITUCIONALIZADOS |
Ana Paula da Costa Pessoa 1 Layz Alves Fereira Souza 2 Patrícia Pereira de Vasconcelos 3 Charlise Fortunato Pedroso 4 Adélia Yaeko Nakatani Kyosen 5 Lílian Varanda Pereira 6 |
1. Aluna Mestranda - Faculdade de Enfermagem/Universidade Federal de Goiás 2. Aluna Mestranda - Faculdade de Enfermagem/Universidade Federal de Goiás 3. Mestranda em Enfermagem/UFG, Especialista em Estratégia em Saúde da Família 4. Acadêmica - Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás – UFG. 5. Professora Drª. - Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. 6. Profa. Dra./Orientadora – Faculdade de Enfermagem/Universidade Federal de Goiás. |
INTRODUÇÃO: |
O aumento da longevidade fez com que a dor assumisse maior importância, dada a expressiva prevalência e freqüente causa de comorbidades entre os idosos. Vários instrumentos têm sido propostos e utilizados para se iniciar a avaliação de dor do idoso. Exemplos de tais instrumentos incluem a Escala Numérica (EN) e a Escala de Faces (EF), inicialmente elaborados para adultos e crianças. Estudos apontaram tais escalas como as preferidas e mais indicadas para medida da dor também em idosos. A EF ocupa lugar de destaque na preferência dessa população quando comparada a outras escalas de medida. Contudo, mais de um terço dos entrevistados, com diferentes graus de comprometimento cognitivo, não foram capazes de completar a EF, enquanto 72,6% deles completaram a EN. Em nosso país, ainda são raros os estudos que investigam a preferência dos idosos por uma escala de medida, buscando sustentação para o seu uso nessa população. Assim, este estudo foi desenvolvido e teve como objetivos: Mensurar a intensidade da dor crônica auto-referida pelos idosos por meio da EN e da EF e Identificar a preferência dos idosos, em relação às duas escalas de medida, considerando as diferentes décadas de vida. |
METODOLOGIA: |
Estudo de base populacional, descritivo e transversal, realizado em Goiânia-GO, aprovado pelo Comitê de Ética da UFG (050/2009) e financiado pela FAPEG, edital 2007/01. A amostra aleatória foi de 934 idosos, não institucionalizados. Considerou-se idoso o individuo com 60 anos ou mais e dor crônica, aquela existente há 6 meses ou mais. Os dados foram coletados por meio de entrevista domiciliar que ocorreu de dezembro de 2009 a março de 2010, por entrevistadores treinados. Os idosos selecionados assinaram o TCLE. Realizou-se uma avaliação das funções mentais do idoso por meio do Mini Exame do Estado Mental (MEEM), mesmo havendo déficit cognitivo os idosos foram submetidos à tarefa de medida, para identificação da capacidade de utilizar as escalas. As escalas foram apresentadas em forma de cartão plastificado, com o desenho ampliado para o tamanho 21 cm de comprimento por 10 cm de largura. (EN de 0 a 10 e EF de 0 a 6) Os dados foram organizados em planilhas do SPSS 16.0. As variáveis foram exploradas pela média, desvio padrão, freqüências absolutas e porcentuais. Associações entre as variáveis foram investigadas por meio do teste do qui-quadrado, Exato de Fisher e Coeficiente de correlação de Spearman. Para todos os testes foi considerado um nível de significância de 5%. |
RESULTADOS: |
Dos 934 idosos que participaram do estudo, 477 (51,1%) referiram dor crônica. Eram do sexo feminino 70,6% e 29,4% do masculino. A idade média foi igual a 71,6 anos (d.p.=8,3), sendo que 54,6% estavam na faixa etária de 60-70 anos; 29,2%, na de 71 – 80; 14,3%, de 81 – 90; e 1,9%, acima de 90. Entre os idosos com dor crônica, 94,3% conseguiram realizar a tarefa de medida por meio da EN e a média dos escores de intensidade foi de 6,71; d.p.=2,2 (Med= 7,0; Q1= 5,0; Q3=8,0, Min=1,0; Máx=10,0), indicando dor moderada-forte. Quanto à EF, 94,5% conseguiram completá-la, as faces escolhida com maior frequência (17,6%; 16,2%) foram as faces 4 e 2, indicando dor de intensidade leve-moderada. Quando indagados sobre a escala preferida para a tarefa de medida, 55,2% (n=264) indicaram a EN; 36,2% (n=173) escolheram a EF e 8,6% (n=41) não opinaram. Houve diferença estatisticamente significativa (p=0,005) entre a preferência pelas escalas e a variável idade, sendo que os idosos jovens preferiram a EN e os muito idosos preferiram a EF. Houve associação significativa entre preferência pelas escalas e a variável sexo (p=0,015), sendo que as mulheres proporcionalmente, escolheram a EF. Não houve associação significativa entre as variáveis: habilidade cognitiva, escolaridade e classe econômica. |
CONCLUSÃO: |
Os resultados deste estudo permitem concluir que os idosos não institucionalizados, de Goiânia, GO, convivem com dor crônica de intensidade moderada-forte. A maioria deles preferiu a EN para medida da sua dor, no entanto, as mulheres e os mais idosos preferiram a Escala de Faces. Estudos desta natureza são importantes, pois, contribuem com apropriação das escalas mais adequadas para a medida da dor nessa população. Tal contribuição favorece a avaliação da experiência dolorosa, apoiada no relato de quem sente a dor e não apenas nos próprios pressupostos dos profissionais de saúde, cuidadores e familiares. |
Palavras-chave: Medição da dor, Idoso, Dor crônica. |