63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 5. Genética Vegetal
ANÁLISE DA MICROSPOROGÊNESE EM LINHAS ENDOGÂMICAS DE MILHO DOCE
Wagner Andre Fagundes 1
Maria Suely Pagliarini 2
Marcos Ventura Faria 1
Paulo Roberto Da Silva 3
1. Universidade Estudual do Centro-Oeste - UNICENTRO
2. Universidade Estadual de Maringá - UEM
3. Prof. Dr./Orientador Universidade Estudual do Centro-Oeste - UNICENTRO
INTRODUÇÃO:
O (Zea mays) milho apresenta 2n=20, sendo o um poliplóide críptico com ancestral apresentando número básico de cromossomos x=5. O consumo de milhos especiais tem aumentado progressivamente. Dentre estes, o milho doce começou a ser explorado recentemente, e poucas cultivares estão disponíveis para cultivo. Desta forma o desenvolvimento de cultivares com qualidades desejadas tem sido um dos objetivos de alguns programas de melhormaneto de milho no país. Para o desenvolvimento de cultivares de milho é necessária a obtenção de linhagens endogâmicas. Estas linhagens podem apresentar instabilidade devido à endogamia. O uso de material geneticamente instável em cruzamentos pode comprometer a obtenção de uma cultivar. Dentro deste contexto, é essencial a existência de um programa citológico operando ao lado dos programas de melhoramento. A avaliação do comportamento meiótico é de grande interesse em programas de melhoramento, pois sabe-se que em vários tipos de cereais a instabilidade meiótica pode levar à decadência da cultivar. Considerando que a endogamia é necessária em um programa de melhoramento de milho e que esta pode levar a irregularidades meióticas, este trabalho teve como objetivo a análise dos efeitos da endogamia na meiose em linhagens endogâmicas de milho doce.
METODOLOGIA:
Para obtenção do material biológico para a análise meiótica, foram plantadas, no município de Guarapuava - PR, três linhagens de milho doce, a saber, S2, S3 e S4. O delineamento para plantio foi em blocos casualizados com quatro repetições. Para a análise meiótica inflorescências masculinas de três plantas de cada repetição foram coletadas e fixadas em Carnoy (3 álcool etílico:1 ácido acético) por 24 horas e mantidas em álcool 70% sob refrigeração até o momento da confecção das lâminas. As lâminas foram preparadas pela técnica de esmagamento e coradas com Carmim Propiônico a 1,0%. Para cada planta foram analisadas 50 células de cada fase da meiose, compreendidas entre metáfase I e tétrade. Todas as anormalidades encontradas foram consideradas e as mais representativas foram fotografadas com auxílio de um microscópio ótico de luz branca.
RESULTADOS:
A análise meiótica revelou anormalidades meióticas em todas as linhagens de milho doce analisadas. As anormalidades comuns foram cromossomos fora da placa metafásica em metáfase I e II, cromossomos retardatários em anáfase I e II, micronúcleos em telófase I e II e prófase II e tétrades com micrócitos de tamanho reduzido. Ao total foram analisadas 60 plantas, sendo 20 de cada linhagem. Dezessete plantas da linhagem S2 apresentaram comportamento meiótico com ITN (Índice de Tétrades Normais) acima de 90%. As três plantas restantes apresentaram ITN de 80%, 68% e 48%. Os valores baixos destas plantas fizeram com que o IGTN (Índice Geral de Tétrades Normais) da linhagem S2 ficasse em 68%. Da linhagem S3, somente uma planta mostrou-se com ITN abaixo de 80%, sendo 32%. Na linhagem S4 as 20 plantas analisadas apresentaram ITN acima de 96%. Estes dados garantiram que o IGTN da linhagem S4 ficasse acima de 99% . Na geração S4 não foram encontradas plantas com IGTN muito baixo. A hipótese para o não aparecimento destas plantas em S4 é que como estas apresentam IGTN muito baixo, provavelmente tenha dificuldade para produzir sementes o que inviabiliza o avanço destas plantas nas gerações seguintes. Para fortalecer esta hipótese é necessário o teste de fertilidade polínica destas plantas.
CONCLUSÃO:
As linhagens iniciais S2 e S3 apresentaram, em baixa freqüência, plantas com alto índice de anormalidades meióticas, o que poder ser efeito da endogamia. A linhagem S4 apresentou meiose normal com índice de normalidade próximo a 100% e a não observação de plantas com alto índice de anormalidades nesta linhagem é devido provavelmente pela dificuldade na produção de sementes por estas plantas na geração S2 e S3. A análise da meiose nas gerações S0 e S1 e o teste de fertilidade polínica em todas as gerações poderá auxiliar em conclusões mais precisas a respeito do efeito da endogamia na meiose em milho doce.
Palavras-chave: Zea mays, Meiose, Melhoramento.