63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 8. Medicina
AVALIAÇÃO DOS EFEITOS ADVERSOS À RADIOTERAPIA EM PACIENTES COM CÂNCER DE MAMA E A CORRELAÇÃO COM O PAPEL DO GENE “ATM” PELA ANÁLISE DE POLIMORFISMOS DE BASE ÚNICA (SNPs)
Natalia Jatene 1
Jean Teixeira de Paiva 2
Renata de Bastos Ascenço Soares 3
1. Academica de Medicina PUC-GO
2. Mestrando- PUC -GO
3. Profa. Dra./Orientadora -Depto de Medicina- PUC -GO
INTRODUÇÃO:
O câncer de mama é o câncer mais comum e um dos líderes de causa de morte entre mulheres no mundo com 519.000 óbitos em 2004, ano da última estatística da Organização Mundial de Saúde (OMS). O tratamento das neoplasias de mama deve ser multidisciplinar, visando o tratamento integral da paciente. As modalidades terapêuticas são a cirurgia e radioterapia para o tratamento local, e a quimioterapia e hormonioterapia para tratamento sistêmico. Enquanto hoje a maioria dos pacientes tolera bem a terapia por radiação convencional, os clínicos ainda observam uma quantidade substancial de pacientes (mais de 10%) que sofrem de efeitos adversos severos decorrentes de sensibilidade intrínseca do tecido normal. A radiossensibilidade seria sugerida como uma característica complexa e poligênica resultante de uma interação de um número de genes em vias celulares diferentes, onde o maior desafio seria identificar a combinação de variantes genéticas múltiplas de baixa penetrância (polimorfismos de nucleotídeo único, SNPs) que afetam o complexo fenótipo celular e clínico e podem, por conseguinte ser úteis como potenciais biomarcadores para predizer resposta do tecido normal após radioterapia.
METODOLOGIA:
As informações clínicas das pacientes foram coletadas das fichas de radioterapia por teleterapia e dos prontuários do Serviço de Arquivo Médico do Hospital Araújo Jorge de pacientes portadores de câncer de mama tratadas com radioterapia há pelo menos cinco anos. As reações actínicas foram classificadas segundo os critérios do Radiation Therapy Oncology Group. Foram coletadas pelo menos 50 amostras de 15 mL de sangue periférico heparinizado. Após a coleta, todo o material foi armazenado em microtubos e conservado à -80ºC. Para extração de DNA utilizamos o instrumento e a tecnologia desenvolvida pela Invitrogen Corporation, CA. O kit iPrep™ PureLink™ gDNA Blood. Para amplificação da região de interesse do gene ATM (NM_000051.3) definimos um par de oligonucleotídeos. Para avaliação dos amplicons, os mesmos foram submetidos à eletroforese, em seguida purificados e posteriormente analisados por reação de sequenciamento utilizando o oligonucleotídeo interno. Posteriormente as reações de sequencimento foram analisadas utilizando eletroforese de capilar. A análise estatística dos dados dos prontuários das pacientes foi realizada utilizando o pacote de software SPSS 15.0
RESULTADOS:
Segundo a classificação TNM da União Internacional Contra o Câncer , mostrou 1caso (2%) de estágio 0, 4 casos (8%) de estágio I, 21 casos (42%) de estágio IIA, 14 casos (28%) de estágio IIB, 3 casos (6%) de estágio IIIA ,6 casos (12%) de estágio IIIB e 1 caso (2%) IIIc. A suspensão temporária do tratamento radioterápico foi necessária para recuperação da toxicidade em 12 (24%) das 50 pacientes avaliadas. A freqüência de toxicidade aguda da pele (dermatite actínica), seguindo o escore de morbidade do RTOG, foi de 8 casos (16%) de grau 0, 31 casos (62%) com grau I, 11 casos (22%) com grau II.Quanto à toxicidade tardia da pele, pelos critérios de morbidade RTOG/EORTC, foram 36 pacientes (72%) com grau 0, grau I em 6 pacientes (12%), grau II em 8 pacientes (16%) e nenhum caso de grau III ou IV.E em relação à derme, 44 pacientes (88%) com grau 0, grau I em 1 paciente (2%), grau II em 1 paciente (2%), nenhuma com grau III e 4 casos em grau IV (8%).A relação entre toxicidade aguda e suspensão da radioterapia foi significativa com um p <0, 001. Em relação à dose de reforço, 18 pacientes (36%) necessitaram de reforço no leito tumoral.
CONCLUSÃO:
A toxicidade do tecido normal associada à radioterapia interfere nos custos na qualidade de vida das pacientes e principalmente nos resultados terapêuticos Existem poucos estudos que analisem os efeitos adversos da radioterapia em pacientes com câncer de mama o que torna difícil discutir os resultados encontrados, no Brasil parece não haver nenhuma pesquisa a respeito.
Em um estudo realizado no Canadá o qual avaliava os resultados em longo prazo da radioterapia hipofracionada em comparação com a radioterapia padrão a incidência de toxicidade tardia da pele grau IV foi zero após 5 e 10 anos semelhante a nossa pesquisa. Nessa pesquisa canadense após 5 anos da radioterapia padrão 82,3% apresentavam toxicidade tardia da pele grau 0, 14, 4% grau I, 2,6% grau II e 0,7% grau III .Nossos dados mostram maior incidência de toxicidade tardia da pele em todos os graus. Vale relembrar que o estudo ainda está em andamento e a relação entre os dados clínicos e genéticos das pacientes ainda será estabelecida permitindo assim uma discussão mais rica e interessante.
Palavras-chave: Câncer de mama, Radiossensiblidade, Gene ATM.