63ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Linguística - 5. Teoria e Análise Lingüística
DISCURSOS SOBRE A MULHER NA POSIÇÃO DE SUJEITO CORRUPTO: ANÁLISE DE CASOS.
Eliane de Jesus Brito 1
Mayara Archieris Amorim 1
Jakeline Jesus Abade 1
Thaiane Dutra Luz Costa 1
Thiago Alves França 1
Maria da Conceição Fonseca-Silva 1
1. Depto.de Estudos Linguísticos e Literários, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB/LAPADis
2. Depto.de Estudos Linguísticos e Literários, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB/LAPADis
3. Depto. de Estudos Linguísticos e Literários, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB/LAPADis
4. Depto.de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB/LAPADis
5. Depto.de Estudos Linguísticos e Literários, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB/LAPADis
6. Profa: Dra./ Orientadora – Depto. de Estudos Linguísticos e Literários – UESB/LAPADis
INTRODUÇÃO:
Neste trabalho, apresentamos os primeiros resultados do subprojeto de pesquisa Memória discursiva, corrupção e mulheres que atuam no poder político legislativo: estudo de casos, vinculado ao projeto temático “Memória discursiva, mulher e esferas de poder político”, coordenado Pela Profa. Dra. Maria da Conceição Fonseca-Silva. Apesar de o termo corrupção ter uso variado, interessa-nos a corrupção relacionada a atos ou práticas ilegais de violação de bens públicos para obtenção de benefícios privados. Tomando as revistas de informação Veja e Istoé como lugares de memória discursiva, onde podemos identificar como os sentidos sobre corrupção são construídos, retomados, ressignificados quanto a mulher enquanto sujeito político corrupto que atua no Poder Legislativo. Mobilizamos nas análises conceitos do da Análise de Discurso francesa (AD), bem como de Foucault.
METODOLOGIA:
O corpus da pesquisa, que está vinculada ao subprojeto que originou este trabalho, é constituído de reportagens identificadas nas revistas Veja e Istoé no período de 2009 a 2010 e 1999 a 2010, respectivamente. O material analisado faz parte de um banco de dados selecionado e catalogado por membros bolsistas do Grupo de Pesquisa em Análise de Discurso (GPADis), no Laboratório de Análise de Discurso (LAPADis), sob orientação da coordenadora do projeto. Foram selecionadas tanto reportagens que discursivizavam acerca da mulher no poder político quanto as que tratam da mulher de alguma forma envolvida no espaço político, sem necessariamente ocupar cargo político. Inicialmente, todas as reportagens foram separadas por número de edição e data. Em um segundo momento, catalogamos as reportagens por número de edição e tema, em pastas específicas. Para acessar analiticamente o material, realizamos o estudo de textos do referencial teórico da AD e de textos que tratam da corrupção política. Para este trabalho, foram separadas apenas formulações que tratam sobre a mulher envolvida em casos de corrupção no poder legislativo, em razão do recorte para o trabalho. Em seguida, as formulações foram descritas-interpretadas, isto é, analisadas com base no referencial teórico-metodológico estudado.
RESULTADOS:
As revistas Veja e Istoé veicularam formulações acerca da mulher que atua no Poder Legislativo. Analisamos, nos periódicos analisados, como a mulher é discursivizada no lugar de sujeito político corrupto. As redes analisadas indicaram funcionamentos diferentes. Na primeira rede analisada, a mulher é discursivizada em um papel “secundário” ou não exclusivo, e seu ato corruptivo relaciona-se à figura do homem, sendo necessária, para a primeira rede, uma associação entre a corrupção feminina e seus pares masculinos. Nessas formulações, a mulher aparece ligada por laços de parentesco, seja como filha, esposa ou ex-esposa, com políticos corruptos, estando assim enredada juntamente com figuras masculinas nos casos de corrupção. Na segunda rede analisada, identificamos um funcionamento diferente, pois a mulher, discursivizada como sujeito corrupto, não aparece associada, nos casos de corrupção, a um parceiro político com o qual tem vínculos familiares. Assim, a mulher subjetiva-se no lugar de sujeito corrupto sozinha, isto é, sendo discursivizada como figura central dos casos de corrupção, contrastando com a primeira rede de formulações.
CONCLUSÃO:
Considerando como corruptivas as práticas ilegais tendo como fim benefícios privados em detrimento do bem público, e tomando as revistas como lugares de memória discursiva, que a mulher, enquanto sujeito discursivo que atua no poder político Legislativo, é subjetivada no lugar de sujeito político corrupto tanto quando apresenta uma relação “secundária”, em relação ao sujeito masculino, ou seja, quando está ao lado de um parente político homem, quanto quando aparece em um papel central nos casos de corrupção.Ressaltamos, por fim, que, embora na primeira rede a mulher esteja subjetivada também no lugar ora de esposa ora de filha, em ambos como “subserviente” a uma ordem patriarcal, na segunda rede, a corrupção por ela praticada não se associa ao lugar do feminino, sendo, antes uma posição a ser ocupada por qualquer indivíduo e de forma independente do sexo. O contraste que chamamos atenção é para a heterogeneidade discursiva acerca da discursivização da mulher como sujeito corrupto, ora como esposa-filha corrupta, ora como um sujeito corrupto que em nada difere dos políticos homens neste mesmo lugar subjetivados.
Palavras-chave: Mulher, Poder Legislativo, Corrupção.