63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 4. Educação Básica |
A LITERATURA INFANTIL COMO CONTEXTO PARA A ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA NAS SÉRIES INICIAISDO ENSINO FUNDAMENTAL |
Luciana Muffo Blancacco 1 Érika Dias Soares 2 Emerson Izidoro dos Santos 2,3 Luís Paulo de Carvalho Piassi 2,4,5 |
1. EMEI Prof. Maria Thereza Fumagalli 2. Programa de Pós-graduação Interunidades em Ensino de Ciências da USP 3. Estação Ciência – USP 4. Curso de Licenciatura em Ciências da Natureza da EACH-USP 5. Programa de Pós Graduação em Estudos Culturais da EACH-USP |
INTRODUÇÃO: |
Apresentamos nesse trabalho uma proposta de atividade, que utiliza livros de literatura infantil, com temas de ciências características físicas de animais e sua forma de equilíbrio e lcomoção. A discussão dessas relações fornece elementos para abordagem de noções de física e biologia, ligados à ideia da evolução enquanto adaptação às condições de vida das espécies. De acordo com Silva (1991) mesmo havendo uma grande difusão da ciência por meio de mídias como rádio e televisão, a produção e divulgação da ciência e da cultura utilizam a expressão escrita como em periódicos, livros e revistas especializadas, A leitura é, portanto o meio mais prático para a aquisição de determinados conhecimentos. Nossa hipótese é de que noções de física e biologia possam ser abordadas a partir da leitura de livros de literatura infantil, uma vez que, segundo Faria (2008), “os textos literários provocam no leitor reações diversas, que vão do prazer emocional ao intelectual”. Sendo assim, o objetivo desse trabalho é aplicar uma atividade para alunos do 2º ano do Ensino Fundamental, da Escola Chico Mendes, da cidade de Guarulhos, utilizando um livro de literatura infantil buscando desenvolver conceitos físicos por meio da leitura. |
METODOLOGIA: |
Utilizamos para o trabalho o livro “Essa não é minha cauda” (BAREDES e LOTERZSTAIN, 2006) que conta o sonho de um garoto, que faz descobertas a respeito da locomoção e equilíbrio dos animais. A história é finalizada quando o garoto acorda e percebe que embora não tenha cauda, possui músculos que também o faz se locomover. Para o desenvolvimento das atividades os alunos foram divididos em grupos de quatro crianças, para realizar a leitura da história e de detalhes interessantes como diferenças e semelhanças entre os animais, etc. Logo após, a professora atribuiu um animal para cada grupo, sendo feita uma pesquisa de cada um deles, procurando coletar o maior número de informações. Os alunos então registraram as hipóteses levantadas, criando esquemas através da escrita e de desenhos que possibilitassem a cada grupo, apresentar à turma o que foi concluído. A professora utilizou questões problematizadoras, para que os diferentes grupos pudessem ter contato com as características dos outros animais. Por fim pediu-se que os alunos fizessem seus registros por meio de textos e desenhos. Assim a atividade pôde ser caracterizada como uma brincadeira, pois segundo Vigotski (2008) através da brincadeira a criança cria planos de vida real desenvolvendo-se por meio da atividade. |
RESULTADOS: |
Utilizamos para a análise do desenvolvimento das atividades o conceito vigostskinianos de interação social entre parceiros com diferentes capacidades, situação em queo parceiro mais capaz e o menos capaz interagem a fim de proporcionar o desenvolvimento e a aquisição de novos conhecimentos, especialmente pelo parceiro menos capaz (Vigotski, 2001). Por meio das atividades os alunos puderam, mesmo que de maneira simples, assimilar e explicar para as outras crianças noções físicas relacionadas à locomoção dos animais e a relação desse meio de locomoção com o ambiente em que o animal vive. Como havia crianças não alfabetizadas ou pouco alfabetizadas nos grupos, os alunos puderam participar da criação dos esquemas por meio de desenhos. As questões problematizadoras possibilitaram também a socialização das hipóteses dos grupos, mesmo àqueles que ainda não conseguem decifrar a língua escrita, além de possibilitar um enriquecimento nas pesquisas. Após as atividades o interesse pela leitura e a procura de livros por parte dos alunos aumentou bastante, o que auxiliou no processo de alfabetização daqueles que ainda não tinham domínio da língua e também na melhora da fluência da leitura dos que já possuíam algum domínio. |
CONCLUSÃO: |
Verificamos com esse trabalho que é possível desenvolver atividades que possibilitem às crianças adquirir, por meio da leitura e interpretação de obras ficcionais, noções físicas e de biologia, o que pode colaborar para a aquisição de conceitos que serão desenvolvidos mais tarde, durante a vida escolar desses estudantes, em aulas específicas dessas ciências. A utilização da literatura como ferramenta para estimular a reflexão e promover o desenvolvimento noções científicas mostrou-se adequado uma vez que as crianças interessam-se bastante tanto pela leitura de livros infantis de uma forma geral como, especificamente, por histórias que envolvem animais. Por meio da reflexão e interpretação história as crianças conseguiram relacionar as características dos animais reais com os retratados no livro, pois os desenhos encontrados na obra estudada são bastante fiéis às características dos animais. |
Palavras-chave: Literatura infantil, Alfabetização científica, Ensino fundamental. |