63ª Reunião Anual da SBPC

D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública

As necessidades de saúde de usuários de uma unidade básica de São Luís-MA

Maria José Carvalho Santos 1 Rosilda Silva Dias 2 Talita Raquel Almeida Portella 3 Raíssa Maria Salazar Pestana 4 Leandro de Sousa Rosa 5 Patrícia Azevedo Ribeiro 6

1. Depto de Enfermagem - UFMA 2. Profa. Ms./ Orientadora - Depto de Enfermagem - UFMA 3. Depto de Enfermagem - UFMA 4. Depto de Enfermagem - UFMA 5. Depto de Enfermagem - UFMA 6. Depto de Enfermagem - UFMA

INTRODUÇÃO:

Campos e Mishima (2004) afirmam que para viver antes de tudo é preciso satisfazer necessidades e que estas não são iguais nem naturais, e são compreendidas como as boas condições de vida, o acesso aos serviços de saúde, a criação de vínculos entre profissional de saúde e usuário e a autonomia que cada pessoa tem no seu modo de conduzir a vida, essa construção deve orientar o sentido de integralidade de atenção. As características do processo de trabalho da Estratégia Saúde da Família constituem uma ferramenta eficaz para o levantamento das necessidades de saúde, apesar do caráter imprevisível e subjetivo do processo saúde-doença. Este estudo tem como objetivo identificar as necessidades de saúde manifestadas por usuários de uma Unidade Básica do município de São Luís-MA.

METODOLOGIA:

Trata-se de um estudo transversal descritivo com abordagem quantitativa, realizado em uma Unidade Saúde da Família de São Luís - MA. A população corresponde a todos os usuários atendidos nesta unidade, maiores de 18 anos e que concordassem com a sua participação na pesquisa por meio do termo de consentimento livre e esclarecido. O projeto de pesquisa foi devidamente apresentado e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (n° protocolo: 4643/10 em 19/11/2010). A amostra totalizou 450 usuários selecionados por demanda espontânea, que atenderam aos critérios de inclusão. Para a coleta de dados foi utilizado como instrumento um questionário misto e estruturado, essa etapa da pesquisa foi realizada no período de 23 de novembro de 2010 a 23 de janeiro de 2011, nos turnos matutino e vespertino. Os dados foram lançados no Epi Info 6.04 e em seguida analisados para serem apresentados em eventos científicos.

RESULTADOS:

A maioria dos entrevistados era do sexo feminino (86%), encontravam-se entre 23 e 88 anos, com idade média de 46,8 anos e referiram renda mensal familiar de 1 a 2 salários mínimos (88%). A procura por consulta específica para hipertensos e diabéticos foi pronunciada por 36% dos entrevistados e estes dependiam dos medicamentos da farmácia da unidade para suprir suas necessidades, enquanto que a imunização infantil e a puericultura foram referidas por 24%, seguidos pelo pré-natal e atendimento para saúde bucal, com 8,5% cada. Para os entrevistados, os serviços mais necessários e que não são oferecidos pela unidade são: a realização de exames básicos (hemograma, Tipo I/EAS e parasitológico), bem como a baixa disponibilidade de medicamentos na farmácia. Os médicos da unidade foram os profissionais em que houve maior criação de vínculo para com os usuários entrevistados, seguido pelos enfermeiros. Este estudo revela que 30% dos participantes procuraram o serviço de saúde apenas quando há necessidade e 50% procuraram para consultas de rotina e/ou uma vez por mês, porém estes últimos constituem na sua maioria usuários hipertensos e/ou diabéticos que dependem da medicação fornecida mensalmente pela unidade, e que tem como requisito a consulta.

CONCLUSÃO:

As necessidades de saúde identificadas neste estudo foram as necessidades de maior abrangência dos serviços oferecidos pela unidade, o acesso aos serviços pelos usuários, a criação de vínculos efetivos entre usuário/profissional e o auto-cuidado dos usuários. Ficou evidente que é imperativo conhecer a realidade da comunidade para direcionar as políticas e as ações específicas. Para tanto, é necessário utilizar as ferramentas adequadas para avaliar os impactos produzidos sistematicamente, e ainda considerar que há uma consubstancialidade e uma circularidade entre as necessidades e processo de trabalho, pois, reiterando, as necessidades não são iguais e nem naturais, porque são desiguais a distribuição e o consumo dos produtos do processo de trabalho.

Palavras-chave: Saúde, Necessidades de Saúde, Atenção Básica de Saúde.