63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua) |
ENSINO DE CIÊNCIAS NO CONTEXTO DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA: SOBRE FORMAÇÃO DOCENTE E A LEI 10.639. |
Ellen Pereira Lopes de Souza 1,2 Caio Martins Arantes 3 Anna Maria Canavarro Benite 4,5 |
1. Secretaria de Estado da Educação de Goiás 2. Laboratório de Pesquisa em Educação Química e Inclusão – LPEQI, IQ – UFG 3. Laboratório de Pesquisa em Educação Química e Inclusão – LPEQI, IQ – UFG 4. Profa. Dra./ Orientadora - Mestrado em Educação em Ciências e Matemática – UFG 5. Laboratório de Pesquisa em Educação Química e Inclusão – LPEQI, IQ - UFG |
INTRODUÇÃO: |
A comunidade afro-descendente, ainda hoje, sofre com o preconceito, o descaso e a falta de oportunidades; fenômeno social esse que teve origem no contexto vivido desde a época da colonização. Na tentativa de intervenção da superação do presente modo de organização social, após décadas de lutas por políticas educacionais de inclusão, em 9 de Janeiro de 2003, foi sancionada pelo presidente Lula, a lei 10.639, que torna obrigatório o ensino sobre história e cultura Afro-Brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, além de algumas providências como a inclusão do dia 20 de Novembro (dia da consciência negra) no calendário oficial das escolas. Apesar de promulgada há oito anos, destaca-se a falta de iniciativas fortes no âmbito nacional e preparação do corpo docente para desenvolvimento de ações que contribuam para a formação crítica do aluno em relação a origem histórica da sociedade brasileira. Neste cenário, se configura essa investigação, que objetiva estudar a mobilização de saberes docentes a respeito da lei 10.639, produzidos pela tríade de professores de ciências (professor formador, professor em formação inicial e professor do ensino básico formação continuada). |
METODOLOGIA: |
Esta investigação apresenta elementos de uma pesquisa-ação, e se instaura no desenvolvimento de conhecimento e compreensão como parte da prática a fim de intervir no processo de maneira coletiva. O instrumento de coleta de dados utilizado foi à entrevista semi-estruturada, realizada com alunos da graduação em licenciatura em ciências (física, química, biologia e matemática) e professores formadores de cursos de licenciatura em ciências de Instituições de Ensino Superior do estado de Goiás e professores de ciências da educação básica. O roteiro da entrevista foi constituído a partir de quatro questões norteadores: 1) o conhecimento dos entrevistados sobre a lei 10.639; 2) a concepção sobre a temática; 3) o conhecimento de ações que operacionalizam a lei e 4) as concepções sobre os impactos da lei no âmbito formação de professores de ciências. A base de dados constituída pelo discurso oriundo das entrevistas foi analisada pela técnica de análise do discurso e procuramos estabelecer um paralelo entre o prescrito no discurso oficia l(legislação vigente) e o discurso em ação (discurso da tríade de sujeitos da pesquisa). Adotamos o referencial sócio-histórico, como fundamentação teórica. |
RESULTADOS: |
Nossos resultados revelam que todos os entrevistados desconhecem a lei, porém enxergam nela uma forma de capacitar os futuros professores para uma educação, que com a globalização, se mostra cada vez mais multicultural, promovendo a inserção desta cultura, que a muito se mostra esquecida. Durante a análise observou-se também que a maioria dos entrevistados mencionou o conceito de raça e racismo quando perguntados sobre a necessidade da abordagem da temática nos cursos de formação docente, o que nos fez refletir sobre a evolução humana segundo as ciências. Da mesma forma, a questão do racismo pode ser explicada pela importância discutida com os entrevistados, de encontrar respostas para justificar como a ciência forneceu os aportes teóricos para a legitimação de uma categoria, hoje refutada, cujas implicações políticas podem ser traduzidas nas formas do racismo e do preconceito vivenciados desde a época da colonização. Diante disso, percebemos que para que o professor realize seu trabalho contemplando a lei na sala de aula, faz-se necessário um saber (conhecer a lei) e um saber-fazer (compreender o que deve ser feito com a lei). Saberes esses que deveriam ser ensinados em sua formação nas Instituições de Ensino Superior. |
CONCLUSÃO: |
Discutir as relações culturais implica modificações, perdas e recriações em nós mesmos e em nossas práticas pedagógicas, extrapolando os muros da escola e revalidando o fazer pedagógico inserido nos desafios das mudanças de valores, de lógicas e de representações sobre o outro, principalmente, aqueles que fazem parte dos grupos historicamente excluídos da sociedade. Nessa perspectiva, nossa proposta, cumpre seu papel formativo e se constitui numa estratégia para capacitar futuros professores a tratar sobre temáticas étnico-raciais nas salas de aulas. Esse processo vivenciado nos cursos de formação de professores pode contribuir diretamente na construção das identidades sociais. |
Palavras-chave: Políticas Públicas, Formação de Professores de Ciências, Lei 10.639. |