63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 3. Clínica Médica
Automedida Da Pressão Arterial Como Instrumento De Melhor Adesão Ao Tratamento E Seguimento Da Hipertensão Arterial
Fabrício Alves Araújo 1
Ana Luiza Lima Sousa 2
1. Acadêmico de Medicina - UFG
2. Profa. Dra./Orientadora - Liga de Hipertensão - UFG
INTRODUÇÃO:
A hipertensão arterial sistêmica é uma doença crônica altamente prevalente, de elevado custo socioeconômico, que gera grande impacto na morbimortalidade mundial. Diversos são os tratamentos farmacológicos e não farmacológicos para o tratamento de hipertensão, porém, apesar do benefício do tratamento antihipertensivo e da ampla disponibilidade de opções terapêuticas, as taxas de controle e aderência ainda são insatisfatórias. A medida casual da pressão arterial é considerada padrão para diagnóstico e acompanhamento do paciente hipertenso. Entretanto, essa medida está sujeita a vários fatores de erro, como a influência do observador, do ambiente onde é realizada a medida e o número reduzido de leituras que não reproduzem dados confiáveis a longo prazo. A monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) possui maior eficiência para o diagnóstico e acompanhamento dos pacientes inclusive com melhor predição de risco cardiovascular quando comparada a outros métodos. A Automedida, mensuração da pressão arterial (PA) realizada pelo próprio paciente ou familiar, em seu domicílio e usualmente sem utilizar protocolo específico para esse propósito, tem sido também aventada como instrumento de adesão e seguimento de pacientes hipertensos, com boa correlação das medidas diurnas de MAPA.
METODOLOGIA:
Trata-se de um ensaio clínico controlado randomizado, avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Médica Humana e Animal do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG), cujo objetivo foi avaliar a adesão e o seguimento de pacientes hipertensos ao tratamento anti-hipertensivo com a introdução da pratica rotineira da automedida da pressão arterial.Todos participantes foram informados sobre os procedimentos do estudo e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. A amostragem foi realizada entre os pacientes da Liga de Hipertensão Arterial – UFG localizados no arquivo ativo, sendo constituída por 57 pacientes. Os critérios de inclusão e excluso foram preestabelecidos. Os pacientes do grupo estudo e grupo controle foram monitorizados com medida casual da pressão arterial e MAPA. Os pacientes do grupo estudo, além desses parâmetros, foram submetidos à automedida.
RESULTADOS:
Em concordância com outros autores, este estudo observou que as medidas casuais de pressão arterial em pacientes hipertensos são mais elevadas que os valores obtidos na automedida em domicílio. Concomitante a este dado, detectamos maior correlação dos valores pressóricos obtidos através da automedida com os da MAPA (aferições diurnas), em relação aos do consultório. Quanto a adesão ao tratamento, o referido estudo não pode concluir uma melhora significativa dos valores tensionais com a instituição da automedida.
CONCLUSÃO:
O uso rotineiro da automedida da pressão arterial não obteve resultados positivos no controle pressórico dos pacientes. A melhora da adesão ao tratamento com a instituição da medida rotineira de pressão não pode ser comprovada. Como método de seguimento do paciente hipertenso, a automedida é válida. Por apresentar correlação mais fidedigna com a MAPA, a automedida pode ser usada no acompanhamento de pacientes em tratamento, uma vez que apresenta menor custo, retira fatores de erro da medida casual e é um método mais cômodo ao paciente. Há perspectivas de que a automedida se configure como método complementar às medidas casuais de consultório, para auxiliar no manejo clínico da hipertensão arterial.
Palavras-chave: hipertensão, automedida da pressão arterial, MAPA.