63ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Linguística - 6. Liguística
ANÁLISE DA CONFIGURAÇÃO FORMÂNTICA DA VOGAL [a] REALIZADA POR CONQUISTENSES
Tássia da Silva Coelho 1
Dyuana Darck Santos Brito 2
Jaciara Mota Silva 3
Renato Abreu Soares 4
Vera Pacheco 5
1. Lab. de Pesq. e Estudos em Fonética e Fonologia/Univ. Est. do Sudoeste da Bahia
2. Lab. de Pesq. e Estudos em Fonética e Fonologia/Univ. Est. do Sudoeste da Bahia
3. Lab. de Pesq. e Estudos em Fonética e Fonologia/Univ. Est. do Sudoeste da Bahia
4. Lab. de Pesq. e Estudos em Fonética e Fonologia/Univ. Est. do Sudoeste da Bahia
5. Profa. Dra./Orientadora – Lab.de Pesq. e Est. em Fonética e Fonologia/DELL/UESB
INTRODUÇÃO:
O Brasil, à semelhança de outros países, caracteriza-se pela não unidade linguística, são as diferenças dialetais, que podem estar no padrão entoacional, na realização de consoantes e/ou vogais. Algumas diferenças dialetais se acentuam de tal maneira, que, pela forma de falar de uma pessoa, é possível deduzir a que estado da federação essa pessoa pertence. É assim, também, com o dialeto baiano, que, auditivamente falando, possui traços que lhe são peculiares na realização de vogais. Diante disso, pergunta-se: a vogal [a] produzida por falantes de Vitória da Conquista, cidade baiana, é diferente daquela produzida em outras regiões do Brasil? Em que? Com o intuito de responder a tais questões, este trabalho visou a avaliar a configuração formântica da vogal [a] produzida por falantes conquistenses e a comparar os valores obtidos para Vitória da Conquista com valores encontrados para a mesma vogal em outras regiões do Brasil. Os resultados desta pesquisa podem ser aplicados em clínicas fonoaudiológicas na terapia de fala, síntese e reconhecimento de fala, fonética forense, entre outros.
METODOLOGIA:
Para a presente pesquisa, foi montado um corpus com palavras dissílabas, com a estrutura CV.CV, contendo todas as consoantes oclusivas e as fricativas labiodentais e pós-alveoláres surdas e sonoras, com a vogal [a] nas posições tônica e pretônica. As palavras foram inseridas na frase veículo “digo ________ baixinho”, com o objetivo de padronizar o contexto de produção das mesmas e foram impressas e apresentadas a três informantes, dois do sexo masculino e um do sexo feminino, com faixa etária entre 18 e 25 anos, estudantes, naturais de Vitória da Conquista e residentes na mesma cidade. Foi solicitado aos informantes que pronunciassem quatro vezes cada frase em tom de voz e velocidade de fala normais. As falas foram gravadas em uma cabine acústica do Laboratório de Pesquisa e Estudos em Fonética e Fonologia (LAPEFF). Os arquivos sonoros foram abertos no programa Praat, no qual foi feita a mensuração dos valores de F0, F1, F2 e F3 extraídos no ponto estacionário da vogal, com a finalidade de obter valores com o mínimo de interferência dos segmentos adjacentes. Os dados obtidos a partir das mensurações foram tabulados em uma planilha do Excel para a obtenção das médias, em seguida foram rodados no BioEstat, para análise estatística.
RESULTADOS:
As vogais são sons complexos periódicos, pois apresentam uma configuração formântica regular e são caracterizadas, principalmente, segundo a movimentação da língua no trato vocal. Essa movimentação determina os valores dos dois primeiros formantes (doravante F1 e F2) que permitem delimitar e identificar as vogais no espectrograma: quanto maior o alteamento da língua e menor o espaço vertical do trato vocal, menor será o valor de F1; enquanto que na horizontal, se o deslocamento da língua for maior em direção à abertura da boca, maior será o valor de F2, à medida que, se o deslocamento for maior em direção à faringe, o valor de F2 será menor (PINTO 2007).
Após a comparação entre os valores da vogal [a] nas posições tônica e pretônica produzida por conquistenses, fez-se uma análise estatística, por meio da qual foi possível afirmar que não houve diferença acentuada, tendo apenas quatro ocorrências significativas.
Os valores médios dos dois primeiros formantes encontrados foram comparados com valores obtidos em Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e Recife, de acordo com Moraes, Callou e Leite (1996). Essa comparação nos permitiu observar que, no dialeto conquistense, as médias dos valores de F1 e F2 são maiores. O F2 encontrado é bem próximo apenas do F2 de Porto Alegre.
CONCLUSÃO:
Os resultados desta pesquisa indicam que há diferenças na configuração formântica da vogal [a] do dialeto conquistense em comparação com algumas cidades brasileiras como Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e Recife e apontam quais diferenças são essas. Os dados indicaram semelhança nas posições tônica e pretônica na produção da vogal por falantes conquistenses. Além disso, a configuração formântica da vogal [a] produzida por estes indivíduos comparada à vogal [a] realizada nestes outros locais evidencia que a realização por conquistenses é mais aberta do que por falantes das quatro cidades confrontadas, como indicaram os valores de F1; e mais anteriorizada, como apontaram os valores de F2.
Palavras-chave: Acústica, Fonética, Vogais.