63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre
Composição química (fenóis totais e taninos condensados) em espécies arbóreas em uma Mata de Galeria do DF.
Gleide Dislene Keila Nepomuceno 1
Simone Kuster Mitre 2
Mercedes Maria da Cunha Bustamante 3
1. Aluna de iniciação científica - Instituto de Ciências Biológicas - UnB
2. Aluna de mestrado - Instituto de Ciências Biológicas - UnB
3. Profa. Dra./ Orientadora - Instituto de Ciências Biológicas - UnB
INTRODUÇÃO:
As Matas de Galeria são formações florestais do Bioma Cerrado que acompanham cursos de água de pequeno porte formando corredores de mata fechados sobre córrego e riachos. São áreas de preservação permanente devido sua importância na manutenção, funcionamento e equilíbrio de córregos e riachos e pela transferência de matéria e energia de sistemas terrestre para aquáticos que é resultado do processo de decomposição de material vegetal do entorno. A velocidade da decomposição pode estar relacionada com a qualidade do detrito. Os metabólicos secundários podem ser encontrados em diferentes concentrações e proporções nas plantas e possuem funções ecológicas distintas de suporte estrutural, lignina e celulose e proteção contra herbívora, compostos fenólicos. Estes são responsáveis por diminuir a palatabilidade e impedir a digestibilidade, promovendo proteção aos frutos e folhas. O objetivo do trabalho foi de quantificar a concentração de fenóis totais e taninos condensados em três espécies representativas da Mata de Galeria do córrego Pitoco com o intuito de verificar as possíveis implicações destes no processo de decomposição das espécies incubadas no córrego.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado na Mata de Galeria do Córrego do Pitoco localizado na Reserva Ecológica do IBGE (15º 55’ 52” S e 47º 52’ 39.9” W), sendo o córrego considerado como de primeira ordem. As espécies utilizadas no estudo estão dentre as lenhosas mais abundantes da Mata e foram as que contribuíram mais na produção total de serapilheira coletada na comunidade úmida: Emmotum nitens (Icacinaceae), Symplocus mosenii (Symplocaceae) e Maprounea guianensis (Euphorbiaceae). Para determinação das taxas de decomposição em ambiente aquático foram confeccionadas bolsas de decomposição (20x20 cm) organizadas em seqüências compostas por quatro réplicas, correspondendo a sete tempos de incubação (0, 7, 15, 30, 60, 90, 120 dias). Os compostos secundários analisados foram os fenóis totais e os taninos condensados, as analises foram realizadas em triplicatas e absorbância medida em espectrofotômetro (Shimadzu UV-1203, Shimadzu Corporation, Japan). Para fenóis totais o protocolo utilizado foi Folin-Ciocalteau medido em 760 nm e taninos condensados foram utilizando o protocolo de precipitação de proteínas (Hagerman e Butler, 1978) medido em
510 nm.
RESULTADOS:
No tempo zero, início da incubação, a concentração de fenóis totais para as espécies Maprounea guianensis e Emmotum nitens foi 27 e 14 %, respectivamente enquanto Symplocus mosenii apresentou 1,5 %. A concentração de taninos condensados em M. guianensis foi de 9,4 %, enquanto que para E. nitens 6,2 % e para S. mosenii o limite de detecção da metodologia não possibilitou quantificar a presença do composto indicando concentrações baixas. A razão de taninos condensados em relação a fenóis totais: 35% em M. guianensis e 42% em E. nitens. No decorrer de sete dias de incubação as espécies apresentaram decaimento na concentração de compostos secundários e a biomassa remanescente nas bolsas foi de 75%. M. guianensis apresentou concentração de 8 % de fenóis e E. nitens a concentração foi de 4,4 %. Em S. mosenii a concentração foi para 0,9 %. Taninos condensados apresentaram redução, M. guianensis o valor foi de 4,9 % e em E. nitens 2,9 %. A razão taninos para fenóis em E. nitens foi 66 % e em M. guianensis foi 60 % indicando que outros fenóis são lixiviados mais rapidamente que os taninos condensados. Após quinze dias de incubação M. guianensis apresentou valor de 6 %, E. nitens de 2,1 % e S. mosenii 0,5 % e de taninos condensados: M. guianensis com 1,3 % e E. nitens com 0,6 %.
CONCLUSÃO:
Apesar das diferenças entre as espécies quanto à concentração de polifenóis totais e taninos condensados, detectou-se uma tendência geral de decaimento da concentração dos compostos secundários em um curto período de tempo, nos primeiros sete dias de incubação no córrego. Este acontecimento pode estar relacionado uma lixiviação intensa das folhas que pode ter levado à perda acelerada destes compostos e possibilitando com isso o estabelecimento de macroinvertebrados que agem como decompositores, acarretando em perda de biomassa nas bolsas de decomposição. Observou-se ainda que as espécies M. guianensis e E. nitens foram as que apresentaram uma decomposição mais lenta, apesar da rápida perda destes compostos, o que pode estar relacionado com outros fatores químicos não analisados neste estudo.
Palavras-chave: decomposição, lixiviação, compostos secundários.