63ª Reunião Anual da SBPC |
D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 3. Análise Nutricional de População |
FATORES ASSOCIADOS A DOENÇAS CRÔNICAS EM PARTICIPANTES DO PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL |
Ana Gabriella Pereira Alves 1 Samantha Pereira Araújo 1 Wanessa Santana Braga 1 Nathália Barbosa e Silva 1 Maria Sebastiana Silva 2 |
1. Faculdade de Nutrição - UFG 2. Professora Dra./Orientadora - Faculdade de Educação Física - UFG |
INTRODUÇÃO: |
Dados publicados pela Organização Mundial da Saúde indicam que as modificações nos padrões alimentares estão relacionadas com o aumento na ingestão das gorduras e proteínas de origem animal e redução de carboidratos complexos. Além dessas mudanças, resultados de pesquisas realizadas em diversas regiões do país evidenciam uma redução substancial nas práticas corporais, promovidas pelo uso de equipamentos eletrônicos e transportes automotores e redução das atividades de lazer. Todas estas transformações, ligadas ao modo de vida das pessoas, têm contribuído para o aumento nos índices de obesidades e das doenças correlacionadas. Devido a isto, várias estratégias que visam à saúde e qualidade de vida foram criadas em várias esferas da sociedade. Neste sentido, foi criado, como parte dos projetos de extensão da Faculdade de Educação Física, o Programa de Alimentação Saudável, que tem como finalidade a educação alimentar e nutricional da comunidade do Campus II da UFG e da população dos bairros circunvizinhos. Diante do exposto, o presente estudo objetivou avaliar alguns fatores associados às doenças crônicas presentes nos indivíduos que participam do Programa de Alimentação Saudável da FEF. |
METODOLOGIA: |
Participaram do estudo, após assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, 36 indivíduos, sendo 27 adultos e 9 adolescentes. Do total dos participantes, aproximadamente 61% eram do sexo feminino. Os fatores de risco foram determinados considerando-se: índice de massa corporal (IMC), circunferência da cintura (CC), perfil alimentar e a prática regular de exercícios físicos. A CC, peso e altura foram medidos utilizando-se fita métrica inextensível, balança eletrônica Kratos e estadiômetro Sanny, respectivamente, e avaliados, de acordo com a faixa etária, a partir de parâmetros de referência descritos na literatura. Para determinação do perfil alimentar utilizou-se o instrumento anamnese alimentar, onde se coletou informações sobre os alimentos mais frequentemente consumidos e o número de refeições realizadas. Os alimentos foram avaliados considerando os tipos e porções recomendadas em cada grupo. Para analisar o consumo de hortaliças utilizou-se a classificação A, B e C, categorizadas a partir do conteúdo em calorias: menos calórica a A, depois B e a mais calórica C. Ainda, por meio da anamnese, foi possível coletar informações sobre a prática regular de exercícios físicos pelos indivíduos e classificá-las em leve, moderada e intensa, segundo normas da literatura. |
RESULTADOS: |
Os resultados indicaram que 66,6% dos adultos e 85,7% dos adolescentes tinham valores de IMC adequados. Quanto à CC, em 72,2% dos adultos estava adequada e em 71,4% dos adolescentes acima do recomendado. Dos dados do perfil alimentar obteve-se que 50,0% dos participantes realizam pelo menos quatro refeições por dia. Recomenda-se a ingestão de pelo menos três refeições diárias e dois lanches, além de 3 porções de frutas ou sucos de frutas naturais e hortaliças. No entanto, estas recomendações são negligenciadas. De fato, no presente estudo foi observado que pouco mais de 50,0% dos participantes consomem hortaliças do tipo A, como alface e tomate, pelo menos uma vez por dia; as do tipo B, como cenoura e chuchu, são consumidas por apenas 25,0%, na mesma frequência. O consumo diário de frutas e suco natural é realizado por 38,7% e 22,2% dos indivíduos, respectivamente. O leite é consumido pelo menos uma vez ao dia por 50,0% deles. O feijão e pão são consumidos por mais de 50,0%, no mínimo uma vez por dia. Os embutidos (presunto e mortadela), margarina, sorvete, doce e refrigerante são ingeridos no mínimo uma vez na semana. Cerca de 80% dos indivíduos praticam regularmente algum exercício físico, sendo que destes 82,76% praticam atividade leve, 13,79% moderada e 3,45% intensa. |
CONCLUSÃO: |
Considerando os dados da circunferência da cintura, que é um indicativo do acúmulo de gordura abdominal, e consequentemente risco para doenças crônicas, os adolescentes atendidos no Programa de Alimentação Saudável são os que apresentaram os piores resultados. No que se refere ao perfil alimentar, em geral, a população esquece ou omite a frequência e quantidades ingeridas de determinados alimentos, o que dificulta a associação da ingestão de alimentos, por exemplo, com o excesso de peso ou a presença de dislipidemia. Mesmo diante das dificuldades, por meio da anamnese, foi possível observar entre os adultos e os adolescentes um consumo inadequado de alimentos, seja pelo número de porções ou pela frequência de consumo. Semelhante a dados populacionais publicados, além do reduzido número de porções e frequência de consumo, a pouca variedade das frutas e hortaliças inseridas nas preparações também representam um problema, e podem contribuir para surgimento de doenças crônicas. No presente estudo, os resultados das práticas corporais não configuram um fator de risco para doenças crônicas para a maioria dos indivíduos dos dois grupos estudados. |
Palavras-chave: Programa de Alimentação Saudável, Exercício físico, Perfil alimentar. |