63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 5. Educação de Adultos
CONCEPÇÃO DE PROFESSOR SOBRE A PROBLEMATIZAÇÃO NO ENSINO E APRENDIZAGEM
Valderês da Conceição do Monte 1
1. Dept. Educação, Faculdade da Escada – FAESC/Secretaria de Educação de Pernambuco
INTRODUÇÃO:
A educação não é uma prática em que o educador vai inserindo nos educandos uma infinidade de conteúdos, baseada numa visão de mentes vazias, mas numa perspectiva de problematização dos homens em suas relações com o mundo.
A educação problematizadora tem seu princípio na relação dialógica entre educador e educando, possibilitando-os uma aprendizagem mútua, por meio de um processo libertador.
Nesta educação considera-se a construção de conhecimentos em que o educador parte das vivências e experiências do educando. Pois, os conteúdos oferecidos devem ser na forma de problemas, cujas relações devem ser descobertas e construídas por eles, que precisam reorganizar esse conhecimento, adaptando-o à sua estrutura cognitiva prévia, para descobrir relações, leis ou conceitos que precisará assimilar.
Este ensino deve ser construído a partir de situações de aprendizagem significativas, problematizadoras e contextualizadas. Exigindo, assim, uma prática docente que reconheça os saberes dos alunos, os obstáculos à aprendizagem, e o conhecimento dos conteúdos a serem ensinados.
O estudo investigou a concepção de professor sobre problematização do ensino e aprendizagem no Projeto Travessia anos finais do Ensino Fundamental.
METODOLOGIA:
Este estudo foi realizado tomando como base uma pesquisa realizada na Gerência Regional Metropolitana Sul da Secretaria de Educação do Governo do Estado de Pernambuco, localizada em Recife/PE.
A coleta de dados foi feita por meio de questionário composto de 03 (três) perguntas abertas, com 42 professores todos com Licenciatura nas áreas de Exatas e Humanas e que atuam no Projeto Travessia do Ensino Fundamental.
Este Projeto é oferecido aos alunos da rede Pública Estadual de Pernambuco que estão na distorção idade/série e tem por finalidade oportunizar o educando à conclusão do Ensino Fundamental num prazo de 18 meses, permitindo adequar a sua idade à série. Sua metodologia fundamenta-se no princípio Freireano, estruturado em 03 módulos, orientados por eixos temáticos.
O questionário foi entregue no início de uma formação em serviço buscando investigar a concepção do professor sobre a problematização no processo de ensino e aprendizagem.
Os dados obtidos no questionário foram analisados levando em consideração apenas as respostas da 1ª questão: “O que você entende por problematização”, em seguida realizado um confronto com a fundamentação teórica, a fim de verificar se há uma relação direta entre o que os professores discursam e essa teoria.
RESULTADOS:
O objetivo da questão levantada foi verificar se as aulas de exatas e humanas se aproximavam de uma concepção de educação dialógica-problematizadora.
Os dados revelam que 14 professores consideram a problematização como sendo o momento onde se realiza a introdução do conteúdo a ser trabalhado. Mas, não explicam ou apresentam atividades que justifiquem tal resposta.
11 professores entendem que a problematização deve “despertar a curiosidade” dos educandos. Percebe-se nestas respostas um indicativo de curiosidade epistemológica apresentada por Freire.
Para 08 professores a problematização visa “questionar o conteúdo”. Isto acontece quando o professor, em torno de uma questão busca problematizar dialogando com os alunos sobre o modo como ele a interpreta e compreende, levando-o a romper com as possíveis dúvidas.
Problematizar para 05 professores é resgatar conhecimentos prévios dos alunos. Tal resposta é a mais próxima de Freire, que a considera como uma prática dialógica entre professor e educando, pois na educação dialógica-problematizadora a aquisição do conhecimento no ensino e aprendizagem não pode prescindir da problematização (FREIRE, 1977).
CONCLUSÃO:
Este estudo revelou que os professores de exatas e humanas do Projeto Travessia ainda apresentam uma visão distorcida em relação à concepção de educação dialógica-problematizadora. Revelando que ainda têm uma prática no desenvolvimento de atividades em que os sujeitos não são desafiados a responderem a situações-problemas. Infelizmente ainda não se propiciam espaço para a discussão dos resultados criando momentos que envolvam o educando para que eles encontrem suas respostas às situações propostas.
Quando o aluno é problematizado, ele participa com mais interesse e segurança explicitando suas ideias em torno do objeto de estudo e, ao mesmo tempo exercita seu pensamento.
A pesquisa ainda revela que os professores carecem de formação continuada que os desafiem a ensinar aprender e a desenvolverem atividades numa perspectiva dialógica-problematizadora.
Palavras-chave: Educação de adultos, Problematização, Educação Dialógica.