63ª Reunião Anual da SBPC |
E. Ciências Agrárias - 5. Medicina Veterinária - 3. Medicina Veterinária Preventiva |
EFICÁCIA DE IVERMECTINA E ALBENDAZOL CONTRA NEMATÓIDES GASTRINTESTINAIS EM REBANHO OVINO NATURALMENTE INFECTADO NO MUNICÍPIO DE PALMAS, TOCANTINS, BRASIL. |
Ronaldo Alves Pereira Júnior 1 Sebastiana Adriana Pereira Sousa 1 Alana de Almeida Valadares 2 Ricardo Rodrigues Valadares 3 Fabiana Cordeiro Rosa 4 Marcello Otake Sato 5 |
1. Acadêmicos de Medicina Veterinária da EMVZ/UFT, Campus de Araguaína/TO. 2. Acadêmica de Engenharia Ambiental da UFT, Campus de Palmas/TO. 3. Acadêmico de Zootecnia da Universidade Católica do Tocantins, Palmas/TO. 4. Docente de Medicina Veterinária da UFT, Campus de Araguaína/TO. 5. Orientador Docente do Curso de Medicina da UFT, Campus de Palmas/TO. |
INTRODUÇÃO: |
A produção e a produtividade da criação de ovinos estão sendo afetadas devido a questões sanitárias, sendo a ocorrência de doenças parasitárias o principal fator limitante ao avanço da criação. Além disso, um agravante é a constante resistência dos parasitas gastrintestinais a antihelmínticos disponíveis no mercado, o que acarreta problemas como queda da produção de leite, redução do ganho de peso e comprometimento do desempenho reprodutivo e do sistema imunológico. A resistência anti-helmíntica é um fenômeno pelo qual um princípio ativo não consegue manter a mesma eficácia contra os parasitos, se utilizado nas mesmas condições, após determinado período. Esta resistência dos nematóides aos fármacos decorre do uso intensivo de princípios ativos, super ou subdoses, diagnósticos incorretos e da falta de rotatividade de bases farmacológicas, podendo-se definir este fenômeno como a capacidade hereditária de uma população parasitária reduzir a sua sensibilidade à ação de uma ou mais drogas. Em virtude da importância da resistência aos antihelmínticos e em alerta ao crescente uso indiscriminado dessas substâncias pelos produtores, o objetivo deste trabalho foi avaliar a eficácia antihelmíntica da Ivermectina e do Albendazol em ovinos naturalmente infectados do município de Palmas/TO. |
METODOLOGIA: |
O trabalho foi desenvolvido na fazenda Recanto dos Valadares, município de Palmas/TO, onde selecionou-se, aleatoriamente, 24 animais naturalmente infectados de ambos os sexos, e idade semelhante. Os animais encontravam-se sadios e sem tratamento anti-helmíntico a 5 meses, portanto aptos a serem submetidos aos testes. Foram formados 3 grupos com 8 animais cada, de forma aleatória, sendo um controle (não tratado), um tratado com ivermectina 1% e outro com albendazol 1,9%. As vias e doses de administração seguiram as recomendações contidas na bula de acordo com o fabricante. Foram coletadas amostras fecais diretamente da ampola retal para avaliação pré-tratamento (dia zero) e pós-tratamento (7º, 14º e 21º dia). As mesmas foram encaminhadas ao Laboratório de Parasitologia Veterinária da EMVZ/UFT para serem submetidas à contagem de ovos por grama de fezes (OPG). A cada dia pós-tratamento foi obtida a porcentagem Redução da Contagem de Ovos por Grama de Fezes em cada grupo através da seguinte fórmula: Redução (%) = média de OPG do dia zero - média de OPG do dia n x 100/média de OPG do dia zero. Como indicativo de eficiência foi considerado o que preconiza o Grupo Mercado Comum: >98%= Altamente efetivo; 90-98%= Efetivo; 80-89%- Moderadamente efetivo; e <80%= Insuficientemente ativo. |
RESULTADOS: |
No grupo tratado com ivermectina, observou-se que a redução dos ovos nas fezes ocorreu a partir do 14º dia após a administração (49,81%), obtendo-se eliminação de 100% aos 21 dias. Já os resultados relativos ao tratamento com albendazol, mostram que a partir do sétimo dia após o tratamento a redução de ovos é significativa (81,92%), chegando à redução de 100% na contagem de ovos após passados 21 dias pós-tratamento. Outro estudo no estado do Tocantins, avaliando a eficácia da administração de albendazol em ovinos de duas propriedades, observou resultados semelhantes aos desta pesquisa, de forma que no sétimo dia pós-tratamento, os animais observaram redução de 85,7 e 94 % de ovos de nematóides por grama de fezes. Tais resultados se diferem dos encontrados no estado do Alagoas, onde obteve-se variações de 80% a 97,89% e 87% a 98,74% para albendazol e ivermectina, respectivamente. A redução maior do albendazol no decorrer dos dias, quando comparada à ivermectina, provavelmente não se deve, unicamente, à morte dos parasitos adultos, mas à ação inibitória na fertilidade e oviposição dos nematódeos promovida pelos fármacos, em especial, o albendazol, representante do grupo químico dos Benzimidazóis, caracterizados por sua forte propriedade ovicida. |
CONCLUSÃO: |
Foi possível observar que ambos os fármacos testados são eficazes na redução da contagem de ovos nas fezes de ovinos de Palmas/TO, não havendo, portanto, a ocorrência de resistência parasitária na propriedade estudada. Apesar de não haver indícios de resistência parasitária na propriedade estudada, faz-se necessária a cautela à administração de anti-helmínticos, como o cálculo exato da dose, evitando assim super ou subdosagem; a rotatividade entre os medicamentos, que não deve ser muito frequente, porém deve ocorrer; administração estratégica destes fármacos, fazendo com que este controle seja realmente eficaz; e realização de testes de resistência uma vez ao ano, por exemplo, a fim de identificar a ocorrência ou não de resistência parasitária, antes que haja problemas na criação. Estes são fatores que maximizam o controle de helmintoses e reduzem a ocorrência de resistência aos antihelmínticos. |
Palavras-chave: Antihelmínticos, Nematóides, Resistência Parasitária. |