63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional
INCONTINÊNCIA URINÁRIA EM MULHERES PÓS-MENOPAUSA: ENSAIO CLÍNICO
Fabiana Bruinsma 1
Franciele Prediger 1
Evelise Moraes Berlezi 2
Daniela Zeni Dreher 3
1. Bolsista de Iniciação - PIBIC/CNPq, acadêmica do curso de fisioterapia do Departamento de Ciências da Saúde- UNIJUÍ
2. Pesquisadora/orientadora de bolsista de iniciação científica - Departamento de Ciências da Saúde- UNIJUÍ
3. Pesquisadora colaboradora
INTRODUÇÃO:
O aumento da expectativa de vida feminina nos últimos anos despertou maior preocupação e interesse com a saúde e qualidade de vida das mulheres. A perda da continência urinária é uma condição desconfortável e estressante, que afeta em torno de 50% das mulheres em alguma fase de suas vidas, podendo resultar em isolamento social, pois elas têm medo de, ao estar em um espaço público, apresentar uma perda urinária. Além disso, muitas vezes desistem da prática de esportes ou de outras atividades que possam revelar seu problema, causando depressão, angústia e irritação e, freqüentemente, apresentam diminuição da auto-estima e sentem-se humilhadas e embaraçadas ao falar sobre sua situação. A justificativa do presente estudo está na prevalência 25,3% de queixa de perda de urina em mulheres que participam da pesquisa “Estudo multidimensional de mulheres pós-menopausa do município de Catuípe/RS”. Este percentual apresenta-se elevado comparados a literatura para a faixa etária de 50 a 65 anos de idade. Sendo a incontinência urinária uma condição passível de prevenção e reabilitação o objetivo deste estudo é verificar eficiência da intervenção coletiva de exercícios hipopressivos e de Kegel, método de baixo custo.
METODOLOGIA:
Este estudo trata-se de um ensaio clínico. A população foram mulheres pós-menopausa com queixa de perda de urina, estas mulheres participam da pesquisa institucional “Estudo multidimensional de mulheres pós-menopausa do município de Catuípe/RS”. Para compor a amostra foi analisado o banco de dados para selecionar as mulheres segundo o critério de perda de urina, após foi realizada visitas domiciliares para apresentação do projeto de pesquisa e convite à participarem do estudo. Através de agendamentos individuais foi realizado anamnese e exame físico. A anamnese explorou a história uroginecológica da mulher e o exame físico constou da avaliação da força perineal e da pressão perineal através do biofeedback. Com o diagnóstico funcional de incontinência urinária de esforço constituiu-se o grupo de intervenção fisioterapêutica. A intervenção foi realizada de forma coletiva, com duração de 12 semanas, com duas sessões semanais. A técnica empregada foram exercícios hipopressivos e de Kegel. Após 12 semanas as participantes foram reavaliadas.
RESULTADOS:
No protocolo aplicado obteve-se a resolutividade da IUE em 30% dos casos. Quanto a freqüências de perda de urina segundo a intensidade de esforço 60% das mulheres eliminaram os escapes de urina no ato de tossir e espirar. Referente a avaliação do grau de contração da musculatura do assoalho pélvico houve o incremento de força muscular dos músculos profundos (de 2 para 4) e superficiais (de 2 e 3 para 4). Quanto aos valores de pressão de fechamento uretral verificou-se que a média do grupo na pré-intervenção foram as seguintes: a média da pressão mínima foi de 32,3±19,2mmHg, valor mínimo de 9 mmHg e máximo 66 mmHg; a média da pressão máxima foi de 61,1± 25,7mmHg, valor mínimo de 26 mmHg e máximo de 112 mmHg. Na pós intervenção estes valores foram: pressão mínima de 32,7±14,8mmHg, valor mínimo de 7 mmHg e máximo de 50 mmHg; pressão máxima de 62,3±18,0 mmHg, valor mínimo de 29 mmHg e máximo de 78 mmHg. Destaca-se que esses valores estão abaixo dos valores de encontrados na literatura. Porém os estudos encontrados não são de mulheres em período pós-menopausa.
CONCLUSÃO:
A contribuição deste estudo está na comprovação da eficiência do protocolo no tratamento da IUE. Além disso, por se tratar de um método de baixo custo e de uma intervenção coletiva é uma estratégia que tem grande aplicabilidade na atenção básica, tanto para tratar mulheres que apresentam IUE como prevenir a IU, especialmente em mulheres pós-menopausa, que sofrem com a privação do estrogênio e que tem como uma das conseqüências a redução do tônus muscular que é uma das causas de IUE. Um dos limitadores do estudo foi o tamanho amostral, um dos motivos para a baixa participação pode ser o preconceito e tabus das mulheres que se justifica em parte pela escolaridade, renda e cultura.
Na avaliação dos resultados os pesquisadores sugerem que os grupos de intervenção devam estar organizados segundo o grau de gravidade da sua incontinência, o que não foi previsto neste protocolo, esta hierarquização pode permitir melhores resultados uma vez que poderia ser trabalhados protocolos diferenciados considerando a gravidade da incontinência tanto sob aspectos relacionados a freqüência de exercícios como intensidade ou outros métodos associados aos exercícios de Kegel e hipopressivos.
Palavras-chave: Pós-menopausa, Incontinência urinária de esforço, exercícios coletivos.