63ª Reunião Anual da SBPC |
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Linguística - 1. Lingüística Aplicada |
APRENDIZAGEM COLABORATIVA DE LÍNGUAS: UMA EXPERIÊNCIA DE COLABORAÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA |
Ana Maria de Miranda Marques Borges 1 Eliana Melo Machado Moraes 1 |
1. Mestranda em Estudos Linguísticos - Faculdade de Letras - UFG/Campus Goiânia 2. Profa. Dra./Orientadora - Faculdade de Letras - UFG/Campus Jataí |
INTRODUÇÃO: |
Com a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais no início dos anos de 1980 do século XX, as propostas de ensino de Língua Portuguesa (L1) tem apresentado mudanças significativas no foco de ensino/aprendizagem dos conteúdos e metodologias até então vislumbradas pelos profissionais da área. Diante desse novo molde de ensino/aprendizagem de L1 a perspectiva sociocultural advinda dos estudos com base vygotskyniana, torna-se essencial nesse processo, uma vez que ela propicia, através da interação oral, a colaboração entre os aprendizes no sentido de promover apoio, um ao outro, na aquisição e/ou aprimoramento dos conhecimentos linguísticos necessários para a realização de uma tarefa. Assim, o objetivo desta pesquisa é verificar as contribuições da teoria sociocultural para aprendizagem de L1, através de um processo dialógico de interação colaborativa em sala de aula. Este estudo tenta observar a maneira como interações colaborativas em sala de aula resultam na aquisição de conhecimentos linguísticos pelo aprendiz, sendo que tais interações promovem análise, reflexões e questionamentos sobre a língua. Acreditamos que esta pesquisa torna-se importante uma vez que pode auxiliar os professores de Língua Portuguesa a refletirem sobre as contribuições da interação em sala de aula; e que a aprendizagem colaborativa é uma metodologia eficaz nesse ensino, por proporcionar aos estudantes oportunidades para refletirem sobre a língua e, assim, aprenderem. |
METODOLOGIA: |
Os dados foram coletados em uma sala de aula de L1, durante a realização de uma produção de texto narrativo, proposta pela professora da turma. Foi gravada a interação entre um par de alunos do 7º ano/2010 do ensino fundamental da educação básica de uma escola pública de uma cidade do interior do estado de Goiás durante a elaboração de sua produção escrita. Na pesquisa procuro elucidar como os dois alunos construíram as experiências de aprendizagem interativa de L1, por meio da construção conjunta do texto escrito. A proposta da atividade foi estabelecida diante da seguinte situação: em duplas, os alunos deveriam escrever um texto narrativo com três personagens (escolhidos livremente pelo par), que participassem de uma situação inusitada, a qual os participantes deveriam criar, em um dado espaço e tempo determinado pela dupla. A tarefa foi elaborada pela professora da turma, todavia a decisão quanto ao planejamento, elaboração e estruturação da mesma ficou a cargo dos alunos, os quais discutiram e interagiram para decidirem, em colaboração, qual seria a melhor maneira de executarem a tarefa. Para este estudo, foi gravada em áudio a interação colaborativa dos alunos e, posteriormente, os diálogos foram analisados pela pesquisadora e selecionados somente os trechos que ilustram este estudo. |
RESULTADOS: |
A pesquisa mostrou que a realização da atividade de produção escrita em dupla possibilitou aos alunos escreverem de maneira mais correta, pois quando tinham dúvidas eles podiam discutir com o colega e esclarecê-las. Também mostrou que trabalhando juntos eles podiam analisar melhor sua produção e perceberem coisas que não veriam se estivessem realizando a tarefa sozinhos. Quando os educandos trabalham em duplas ou em grupos muitas de suas dúvidas em L1 são solucionadas e também pode perceber problemas no texto só pela leitura do outro, nos momentos em que eles revisam o texto para verificar se está bom. Além da ajuda mútua que a dupla recebe, ao conversarem sobre o que estão escrevendo os alunos fixam melhor aquilo que aprendem juntos. Isso mostra que a interação colaborativa propicia aprendizagem significativa e desenvolvimento cognitivo ao aprendiz, sendo que Vygotsky nos afirma que o ‘bom aprendizado’ se adianta ao desenvolvimento. Nesse sentido, pude constatar que o educando pode realizar uma tarefa através da interação, a responsabilidade de ensinar não necessariamente deve ser somente do professor como no ensino tradicional, mas deve ser também dos alunos, sujeitos que tanto aprendem quanto ensinam numa perspectiva construtivista de ensino aprendizagem. |
CONCLUSÃO: |
A proposta de aprendizagem colaborativa de L1 desenvolvida neste estudo abre valiosas possibilidades para que os participantes estabeleçam contatos socioculturais significativos para seu desenvolvimento em relação às questões da língua. A pesquisa mostrou que ao dialogarem sobre seu texto, através da interação oral, os alunos participam da tarefa de resolução de problemas, refletindo e negociando sobre a maneira de resolvê-los. Dessa forma, os aprendizes assumem um papel mais ativo e participativo em sua aprendizagem, refletindo sobre sua própria produção linguística (Figueiredo, 2003). Isso propicia maior desenvolvimento cognitivo do aprendiz a cerca das propriedades da língua materna, as quais ele ainda não conheça ou que tenha pouco domínio. Por mais que muitos ainda desacreditem nos benefícios da interação colaborativa para a aprendizagem de L1, pude concluir que a co-construção do conhecimento produz resultados positivos para o ensino de L1. Esta estratégia de ensino-aprendizagem pode, dentre outros, melhorar as habilidades de escrita, promovendo e/ou aprimorando os conhecimentos linguísticos do aluno. |
Palavras-chave: Interação oral, Aprendizagem colaborativa, Língua Portuguesa. |