63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 2. Geografia Regional |
FORMAÇÃO TERRITORIAL, EVOLUÇÃO NO USO DA TERRA E CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA NO MUNICÍPIO DE SERRANÓPOLIS/SUDOESTE DE GOIÁS. |
Dimas Moraes Peixinho 1 Marluce SIlva Sousa 2 Iraci Scopel 1 |
1. Prof. Dr. Depto de Geografia UFG-Campus de Jataí 2. Profa. M.Sc. Instituto Federal de Goiás- Campus de Jataí |
INTRODUÇÃO: |
O objetivo deste trabalho é verificar o processo de apropriação espacial em Serranópolis/GO, enfatizando as interrelações entre a estrutura regional e as características locais, resultantes das alterações das formas passadas, caracterizadas, no território do município, pelo uso técnico da ocupação com as características naturais. A formação territorial do município está no contexto da expansão da estrutura socioeconômica brasileira do final do século XIX, quando as características ambientais e as possibilidades técnicas marcam apropriação por meio da pecuária extensiva. A relação entre ocupação e as características naturais se imbricam da diversidade natural e nas condições técnicas do período. A fertilidade dos solos e a disponibilidade de água eram as características que “determinavam” a localização inicial da ocupação. Com a predominância da pecuária extensiva, que requeria basicamente pastagens naturais e água, a ocupação materializou na forma espacial marcada pela sede da propriedade, as áreas das pastagens, e os vagos caminhos de circulação entre essas e a sede de município, normalmente pequenos e distantes um dos outros. Verifica-se que essa conformação espacial foi sendo alterada conforme se expandiu o modelo técnico de ocupação do Cerrado, a partir da década de 1970. |
METODOLOGIA: |
Há várias possibilidades para interpretação espacial. Mas Isso não significa uma redução metódica. Ao contrário, o(s) método(s) permite(m) firmar a lógica da condução da pesquisa. Nessa perspectiva, a análise espacial focada na produção do espaço, do espaço concreto, pode ser interpretada a partir das categorias geográficas estrutura, processo, função e forma. A forma é apreendida através da paisagem, que é materializada no arranjo espacial. A função é requerida pelas estruturas produtivas e que, ao serem realizadas, materializam-se nas formas. Ao observar a dinâmica do arranjo espacial no seu processo de construção é possível identificar, tomando como referências os elementos da paisagem, as formas de apropriação da natureza e os seus usos. Nesse sentido, a descrição é o primeiro momento para a construção da análise, seguida da busca das funções das estruturas produtivas, considerando as condições naturais e as técnicas usadas no processo de apropriação dessas. Os recursos usados para a descrição da área da pesquisa incluíram levantamento do uso atual das áreas, através de técnica de geoinformação, registro fotográficos, entrevistas com proprietários e trabalhadores, coletas de dados secundários, especialmente do IBGE (instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). |
RESULTADOS: |
As pinturas rupestres encontradas no município indicam que a ocupação dessas áreas remonta 11.000 ap., quando a sua área nuclear foi ocupada pelos Paleoíndio da Tradição Itaparica(Barbosa 2003). O domínio técnico dos grupos autóctones não promoveram uma modificação substancial na paisagem. Entre as marcas iniciais e o povoamento recente do município a sua ocupação foi efetivada a partir da expansão da pecuária, em meados do século XIX. O regime de apossamento de terras foi livre, gerando grandes fazendas de criação, marca da concentração fundiária existente. Até meados do século XX, o sudoeste de Goiás esteve à margem da economia nacional. Sousa (2007), analisando a ocupação do município, mostra que, em 1965, a vegetação nativa representava 77% da cobertura da terra enquanto o uso efetivo era, com poucas exceções, restrito às proximidades dos cursos d’água. Na década de 1970, o Estado induzido um modelo técnico que renovou o processo produtivo no Cerrado. O espaço, e mais especificamente o uso da terra, passou por transformações expressivas e o Sudoeste de Goiás tornou-se um símbolo da modernização. Portanto, o modelo produtivo foi estruturado em novos moldes, com a modificação na base técnica, a abertura de novas áreas e novas culturas. |
CONCLUSÃO: |
A paisagem é caracterizada cada vez mais pelos elementos técnicos, reduzindo cada vez da diversidade natural. Neste processo a natureza passa à condição de valor de troca e de adequação às necessidades de acumulação capitalista, justificando-se argumentar que as próprias mudanças na natureza subordinam-se à lógica do mercado. Com as novas tecnologias as áreas de “chapadões” com seu relevo plano, que são mais propícias à mecanização, passaram a ser destinadas, principalmente, às lavouras. Paralelamente, com a introdução de novas variedades de gramíneas, especialmente as braquiárias SSP, as áreas de solos pobres em nutrientes, em relevo suave-ondulado foram destinadas à pecuária. Dessa forma, na relação processo produtivo e condições ambientais, Serranópolis se insere no processo de expansão da sojicultura de forma “marginal”, explicada pelas características dos elementos naturais. Assim, pode-se inferir que as formas de apropriações estão associadas às vantagens do meio ecológico, no sentido do lucro decrescente. A intensificação do uso pelas atividades agropecuárias, sem a observação de manejos adequados, especialmente nas áreas dos Neossolos Quartzanênicos, está desencadeando a formação de grandes manchas de solos desnudos, marcas da paisagem atual de Serranópolis. |
Palavras-chave: Serranópolis, formação territorial, uso da terra. |