63ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 5. Agronomia
PROPOSTAS AGRONÔMICAS AOS AGRICULTORES QUE TRABALHAM COM SOLOS ARENOSOS
Iraci Scopel 1
Marluce Silva Sousa 2
Dimas Moraes Peixinho 1
Douglas Siqueira Freitas 3
1. Prof. Dr. - Depto de Geografia - UFG
2. Profa. M.Sc. - Campus Jataí - IFG
3. Graduando - Depto de Agronomia - UFG
INTRODUÇÃO:
Os solos arenosos (Neossolos Quartzarênicos-RQ) representam, aproximadamente, 15% das áreas do Cerrado, ou seja, cerca de 300 mil km². No sudoeste de Goiás são cerca de 1,6 milhões de ha, ou seja, quase 20 %. A percepção desta dimensão torna-se mais contundente quando se observa que toda uma propriedade, seja grande ou pequena, própria ou arrendada, contem somente solo arenoso.
A necessidade de pesquisa é própria da evolução do conhecimento científico, porém é tanto mais carente quando se trata de obter respostas para casos particulares. Neste sentido, os RQ, por suas limitações, naturalmente ocupam um segundo plano nas pesquisas de solos, ainda mais que, quase no seu todo, se tratam de terras inaptas para lavoura. Entretanto, os conhecimentos já divulgados sobre esses solos são muito importantes e contemplam uma vasta literatura de grandes pesquisadores no Brasil e no mundo.
Este trabalho, embora pretensioso na sua concepção, tem como objetivo sugerir práticas e usos que vislumbrem ao agricultor alguma saída que permita sua sobrevivência em terras de RQ, do SW de Goiás. Longe de ter solucionado as inúmeras questões relativas ao uso dessas terras, entretanto, algumas respostas encontradas talvez possam ser utilizadas com proveito pelo agricultor.
METODOLOGIA:
Com vistas a recuperar áreas degradadas de RQ, foi instalado no ano de 2008/2009 e em 2009/2010, no município de Serranópolis (GO), experimento com cinco culturas anuais, além de um tratamento com pasto consorciado de braquiária com estilosantes e outro com cana-de-açúcar. Na área experimental foi incorporado calcário para correção do pH e metade das parcelas receberam adubação química, conforme recomendação do laboratório de análises de solos. O delineamento consistiu em quatro blocos casualisados, coletando-se material vegetal para análises do tecido e comparações de peso seco. Também amostrou-se as parcelas para análise de solos. Em 2008/2009 foi conduzido, ainda, um experimento em casa-de-vegetação, durante dois meses, para observações do desenvolvimento das culturas e análise da água lixiviada. No período agrícola de 2009/2010 semi incorporou-se cama-de-frango às parcelas, e cultivou-se somente o pasto, mantendo-se a cana-de-açúcar do ano anterior. Foi feita análise da variância e teste de F, além de equações de correlação.
RESULTADOS:
Como informações da pesquisa, sabe-se que os RQ são constituídos por 85% ou mais de areia; portanto possuem pouco silte e argila, partículas estas com mais atividade física e química no solo; No perfil dos RQ estudados, existe pouca variação de textura em profundidade, sendo denominados na classificação brasileira de solos, ao nível de ordem e subordem, de Neossolos Quartzarênicos (RQ), onde, nas unidades de mapeamento simples aparecem, às vezes, como inclusão, os Latossolos de textura média. Nos RQ, o quartzo é o mineral predominante.
As análises químicas e físicas de rotina, realizadas em amostras de RQ do Sudoeste de Goiás, indicam que, do ponto de vista químico, os solos caracterizam-se pela baixa CTC, alto teor de alumínio e muito baixa área superficial específica no conjunto de seus constituintes. Ainda, apresentam teores muito baixos dos nutrientes P, Ca, Mg, K e dos micronutrientes e de matéria orgânica, o que limita o desenvolvimento das culturas. O Alumínio com saturação da CTC acima de 50% limita o crescimento e a penetração das raízes.
São solos muito friáveis, sendo a permeabilidade e as taxas de infiltração de água muito rápidas, >254 mm/h, sendo a porosidade total essencialmente devida aos macroporos.
CONCLUSÃO:
O tempo de experimentação ainda é curto para produzir resultados muito satisfatórios, porém alguns resultados possibilitem afirmar que:
-A calagem do solo é importante para aumentar teores de Ca e Mg mas, também, para reduzir o Alumínio tóxico, presente em quase todo o perfil;
-A cama-de-frango ou, talvez, qualquer adubo orgânico é fundamental para recuperação e adubação neste tipo de solo;
-Altas doses de adubação química tiveram pouco efeito no desenvolvimento das plantas ao contrário do que ocorreu com a adubação orgânica;
-Pelas características físicas, pode-se afirmar que é muito importante o manejo do solo em plantio direto;
-Além da falta de nutrientes e de matéria orgânica, a grande limitação desses solos é a falta de água pois este solo tem baixa capacidade de armazenamento de água;
-Sugere-se o uso de material orgânico para adubação, como cama-se-frango, estrume de animais, matéria vegetal qualquer, adubação verde ou mulch.
Resultados preliminares da pesquisa indicam que apenas o pasto e a cana-de-açúcar mostram potencial para o cultivo, sempre com a adição de adubação orgânica.
A continuidade e o aprofundamento das pesquisas nesta classe de solos é muito importante para viabilizar a sobrevivência do agricultor, assentado nesta classe de solos.
Palavras-chave: Solos arenosos, Sudoeste de Goiás, Conservação do solo.