63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 5. Sociologia Rural |
A PLURIATIVIDADE NO BRASIL |
Priscila Casari 1 Cristiane Feltre 2 |
1. Ciências Econômicas - FACE - UFG 2. DEP - UFSCAR |
INTRODUÇÃO: |
Com a especialização da mão-de-obra e implementação de novas tecnologias, ocasionadas pela modernização da agropecuária, há uma nova divisão do trabalho dentro das unidades familiares. O termo pluriatividade surge como uma forma de exprimir as atividades agropecuárias e não-agropecuárias que os membros da família residente no meio rural passam a exercer no meio rural ou urbano. São consideradas pluriativas as famílias rurais que possuem pelo menos uma pessoa que trabalha em outro ramo de atividade que não a agropecuária. Vários estudos foram feitos sobre a pluriatividade em cidades, estados e regiões brasileiras, no entanto, ainda há carência de pesquisas que tratem do país como um todo. O objetivo geral deste artigo é analisar a pluriatividade no Brasil em 2009, e especificamente: analisar características dos estados relacionadas ao nível de pluriatividade (educação, infraestrutura e número de empresas de comércio, serviços e produção); apresentar a distribuição das famílias pluriativas e não pluriativas por estado; e caracterizar os domicílios e os chefes de famílias pluriativas e não pluriativas. |
METODOLOGIA: |
São apresentados dados sobre educação, infraestrutura e número de empresas em cada estado, a partir de dados de 2008 e 2009 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeita (INEP) e do Ministério dos Transportes. Em seguida, busca-se determinar o percentual de pluriatividade em cada estado e descrever algumas características dos domicílios e dos chefes de família brasileiros, usando dados da Pesquisa Nacional por Amostra em Domicílios (PNAD-IBGE) de 2009. Para a medida de pluriatividade, utilizou-se o conceito de família extensa, que é formada pelos membros do domicílio, exceto pensionistas, empregadas domésticas e seus parentes. Se pelo menos um membro de uma família extensa, residente em área rural, trabalhar em atividade não agropecuária, enquanto outro trabalhar em atividade agropecuária, a família é dita pluriativa. As características dos domicílios e dos chefes de família estudadas são: rendimento domiciliar, posição na ocupação (domicílio empregador, conta-própria, ocupado ou não ocupado), acesso à rede de água, rede de esgoto, coleta de lixo e energia elétrica, existência de telefone fixo e veículo no domicílio, sexo, idade e escolaridade do chefe da família, tamanho da família extensa. |
RESULTADOS: |
Em relação à disponibilidade de escolas, destacam-se as regiões N, SE e CO e, no caso de universidades, os estados da região SE e CO. As taxas de alfabetização são menores na região NE. O número de estabelecimentos industriais, comerciais e de serviços é maior em SP, RJ e DF, as regiões N e NE possuem menor disponibilidade. No grupo de infraestrutura, se observam a falta de disponibilidade de estradas e iluminação elétrica na região NE. Analisando o percentual de famílias pluriativas, percebe-se que estas famílias estão mais concentradas na região NE. Percebe-se também que 17 dos 27 estados brasileiros têm mais de 50% de famílias pluriativas, sendo que, para o país como um todo, esse percentual é de 51,39%. Os estados com menor percentual de pluriatividade são: DF, RJ e SP. O rendimento é menor entre as famílias pluriativas, que têm mais domicílios conta-próprias e ocupados. Rede de água, rede de esgoto, coleta de lixo e energia elétrica estão mais presentes em famílias não pluriativas, que também possuem mais telefone fixo. No entanto, mais famílias pluriativas têm veículo. Em relação ao chefe da família, entre as famílias pluriativas: há mais homens, eles são cerca de três anos mais jovens e têm pouco mais de três anos de escolaridade. Além disso, a família pluriativa é maior. |
CONCLUSÃO: |
O objetivo desse artigo foi analisar a pluriatividade no Brasil em 2009. O maior nível educacional poderia representar maiores oportunidades de trabalho fora do setor agropecuário e o número de estabelecimentos industriais, comerciais e de serviços representam a possibilidade de obtenção de emprego fora das unidades rurais. No entanto, os estados com menor percentual de pluriatividade também são aqueles com maiores possibilidades de educação e maior número de empresas. As evidências mostram que a pluriatividade ocorre com mais frequência em estados mais pobres e com menos infraestrutura, assim a pluriatividade está associada não apenas à oportunidade de trabalho em atividades não agropecuárias que são dadas aos moradores de áreas rurais, mas também está associada à necessidade de complementação de renda. Assim, conclui-se que a complementação do rendimento familiar é, provavelmente, o fator mais importante para determinar a pluriatividade no Brasil. Dessa forma, podem-se propor políticas de incentivo à pluriatividade em regiões rurais onde haja pobreza. Futuras pesquisas podem aprofundar a análise de fatores relacionados à estrutura fundiária e a produtividade como promotores ou não da pluriatividade, além de observar a evolução da pluriatividade ao longo do tempo. |
Palavras-chave: pluriatividade, estados brasileiros, rendimento. |