63ª Reunião Anual da SBPC

C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 4. Farmacologia

ESTUDO COMPARATIVO DO TRANSPORTE MUCOCILIAR EM MODELOS DE TIREOIDECTOMIA EM COBAIAS DESAFIADAS A OVOALBUMINA

Caio Átila Prata 1 Thiago Brasileiro de Vasconcelos 1 Rômulo César Afonso Goulart Filho 1 Sávya Albuquerque Barros 1 Cristiano Teles de Sousa 1 Vasco Pinheiro Diógenes Bastos 2

1. Faculdade Estácio do Ceará – Estácio/FIC 2. Prof. Dr.Orientador - Faculdade Integrada do Ceará – Estágio/FIC

INTRODUÇÃO:

INTRODUÇÃO Os pulmões constituem uma grande superfície epitelial que está em contato direto com o ar ambiente. Várias doenças e/ou a exposição a poluentes estão relacionadas ao mal funcionamento do transporte mucociliar, a saber: asma, fibrose cística, doença pulmonar obstrutiva crônica, discinesia ciliar primaria e algumas síndromes. O estudo do transporte do muco, por ação ciliar e por tosse, pode ser realizado tanto in vivo como in vitro. Estados hipertireóideos têm sido associados a uma exacerbação da asma, pois pode haver maior produção de IgE ou de ânion superóxido nos macrófagos e neutrófilos. Estudos anteriores confirmaram que a supressão da atividade da tireóide está relacionada a uma redução da sensibilidade antigênica (ovalbumina) provavelmente por diminuição das concentrações de IgE. Esta imunoglobulina participa ativamente na promoção de broncoconstrição, pela indução de liberação de histamina por mastócitos. Este estudo propõe fazer uma análise comparativa do transporte mucociliar em traquéias de cobaias desafiadas a ovalbumina tireoidectomizadas cirúrgica e quimicamente.

METODOLOGIA:

METODOLOGIA Utilizamos cobaias machos divididos em três grupos de seis animais; um naive e dois de tireoidectomia. Os animais foram tireoidectomizados quimicamente por meio da administração de propiltiouracil (0,05%) na água bebida por 6 semanas. Na tireoidectomia cirúrgica foi realizada uma incisão longitudinal mediana na pele e fáscia do pescoço. As glândulas tireóideas foram retiradas por meio de dissecação com cotonetes de algodão. A sensibilização foi através de injeções intraperitoneais de ovoalbumina, sendo desafiados 21 a 50 dias após a sensibilização, no processo de desafio aconteceram duas sessões seqüências de inalação de ovoalbumina de 15 minutos cada (1 e 5 mg/ml) 24 horas antes dos experimentos. Para tal, os cobaios foram colocados em uma caixa de acrílico com dois orifícios laterais: um para acoplar o nebulizador e o outro para evitar a reinalação do ar. Os animais foram anestesiados com uretana (1.2 g/kg, i.p.). Após a anestesia os animais foram fixados em decúbito dorsal, injetados 2µl de uma solução gelatinosa a 0,3g/ml contendo 0,5% do corante azul de Evans na traquéia do animal e após 2 minutos, a traquéia foi aberta e medido o transporte mucociliar (TMC) com um paquímetro. Probabilidades menores que 0,05 foram aceitas como indicativas de significância estatística.

RESULTADOS:

RESULTADOS Na análise dos valores de T3 e T4, hormônios tireoideanos, foi verificado inicialmente que esses valores eram de: T3 = 1,16 ± 0,07 nmol/l e de T4 = 28,40 ± 3,24 nmol/l, e após o processo de tireoidectomia química, esses hormônios apresentaram os seguintes valores: T3 = 0,93 ± 0,04 nmol/l e T4 = 18,69 ± 1,11 nmol/l, ocorreu uma redução significativa (p < 0,05; teste t de Student) nos valores de T4 confirmando o estado hipotireóideo. No grupo controle os cobaios naive obtiveram um transporte mucociliar (cm) de 0,68 ± 0,07 e desafiado de 0,26 ± 0,06. No grupo tireoidectomizado quimicamente os cobaias desafiados obtiveram um transporte mucociliar (cm) de 0,21 ± 0,03 e no grupo tireoidectomizado cirurgicamente e desafiado o transporte mucociliar (cm) foi 0,30 ± 0,00. A redução do TMC foi significativa (p<0,05; Test t de Student) nos animais desafiados com ou sem tireoidectomia (química ou cirúrgica), quando comparados com o grupo naive. Nos dois modelos de tireoidectomia não foi evidenciado redução significativa no TMC.

CONCLUSÃO:

CONCLUSÃO O método de desafio foi efetivo, pois os animais sensibilizados/desafiados demonstraram alteração no transporte mucociliar quando comparado ao grupo naive. Este estudo evidenciou que os animais desafiados com quadro de hipotireoidismo não apresentaram uma melhora no transporte mucociliar. Essa redução do TMC deve-se ao fato do processo de sensibilização associada ao dano epitelial. Concluímos que os modelos de tireoidectomia não exercem alteração significativa sobre a melhora no transporte mucociliar dos grupos de animais desafiados, os quais mimetizam um quadro de asma.

Palavras-chave: Transporte mucociliar, asma, tireoidectomia.