63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 2. Farmacologia Clínica
CLASSIFICAÇÃO DE RISCO AO FETO EM PRESCRIÇÕES DE GESTANTES NO MUNICÍPIO DE PONTAL DO ARAGUAIA – MT.
Marcus Moreira Pinheiro 1
Isabel Assunção Maia 1
Jacqueline Viana Garcia Marques 1
Eleomar Vilela de Moraes 1
Elisama Goetz 2
Flávia Lúcia David 3
1. Instituto de ciências Biológicas e da Saúde/ICBS, Enfermagem-UFMT (graduando)
2. Coordenadora do PSF Geraldo Pimenta de Almeida/Pontal do Araguaia-MT (enfermeira)
3. Profa. Dra./Orientadora - Instituto de ciências Biológicas e da Saúde/ICBS, Farmácia-UFMT
INTRODUÇÃO:
Com o intuito de estabelecer uma regulamentação adequada para normatizar e avaliar os medicamentos utilizados por gestantes, a agência americana Food and Drug Administration (FDA) adota uma classificação de acordo com o risco ao feto. Essa classificação divide os medicamentos em cinco categorias de risco, sendo A, B, C, D e X. Tais indicadores são parâmetros altamente normatizados, objetivos, que não precisam ser adaptados a cada país ou a cada realidade e cujo emprego é recomendado para qualquer estudo sobre o uso de medicamentos para gestantes. O uso de medicamentos na gestação merece especial atenção pelos riscos potenciais ao feto em desenvolvimento devendo ser, por princípio, evitado. Mesmo em frente a tantas recomendações de uma atitude cautelosa no uso dos medicamentos na gravidez, tem-se observado, na prática, uma demasiada prescrição de medicamentos a puérperas. Levando em consideração este fato, tornam-se importantes estudos que identifiquem o uso de medicamentos neste grupo. Considerando os aspectos apresentados, este trabalho investigou as prescrições medicamentosas em gestantes usuárias do serviço público de saúde do município Pontal do Araguaia – MT, no ano de 2010 e classificou os medicamentos nas categorias de risco ao feto segundo a FDA.
METODOLOGIA:
O estudo foi descritivo, transversal, retrospectivo que avaliou os dados dos prontuários arquivados das gestantes usuárias de um Serviço Público de Saúde (SUS), cadastradas no serviço de informações sobre pré-natal nos PSFs do município de Pontal do Araguaia. Foram coletados dados referentes à idade e os medicamentos utilizados. Quanto ao critério de inclusão foram consideradas todas os prontuários que forneciam a idade e medicamentos prescritos. Foram excluídos os prontuários que não continham medicamentos. Os medicamentos de uso sistêmico identificados nas prescrições analisadas, durante qualquer período da gestação, foram classificados conforme a Anatomical Therapeutical Chemical (ATC). A verificação da categoria de risco dos medicamentos prescritos foram feitas a partir da consulta da base de dados Micromedex®. As análises foram feitas pelo programa Epi info versão 3.5.2®. Os dados analisados foram considerados estatisticamente diferentes dos valores de p<0,05. Os dados médios foram representados com seus respectivos desvios-padrões (MÉDIA±DP) Os dados foram coletados de modo a preservar a identidade das paciente, medico ou enfermeiro, respeitando-lhes o direito a privacidade. Não houve qualquer tipo de contato com os gestantes (Protocolo n° 987/CEP/HUJM/2011).
RESULTADOS:
Foram análisados 65 prontuários (1,37% da população) e a faixa etária entre 14 a 39 (25,1±6,8) anos. As seis classes terapêuticas que constavam na categoria de risco segundo a FDA mais encontradas foram: antibióticos sistêmicos, analgésicos, antiácidos, antiespasmódicos, antianêmicos e vitaminas, representadas por (entre parênteses o código ATC): amicacina (J01GB06), butilescopolamina (A03BB03), acetaminofeno (N02BE01), ácido ascórbico (A11GA01), ácido fólico (B03BB01) e vitamina E (A11HA03) e hidróxido de alumínio (A02AB01). A prevalência de consumo de medicamentos na gestação observada foi maior nas classes de risco C (42,8%) e A (42,8%), seguido da classe D (14,3%). Classificação dos medicamentos usados durante a gravidez de acordo com as categorias de risco se refere a A - nenhum risco; C - os riscos não podem ser excluídos, mas os benefícios superam os riscos potenciais; D - evidência de risco fetal, mas a necessidade pode justificar o seu uso. Está contra-indicado na gravidez. Alguns medicamentos que apresentam riscos ao concepto poderiam ser substituídos por outra classe medicamentosa de menor risco. O uso de sais de ferro e vitaminas durante a gestação é uma intervenção de rotina adotada por muitas instituições.
CONCLUSÃO:
Fatores maternos, especialmente intercorrências de saúde, determinam o consumo de medicamentos na gestação sugerindo que seu uso seguro e correto pode ser orientado pelo prescritor. A grande porcentagem de medicamentos que constam na categoria C de risco ao feto, e a existência de prescrições com medicamentos da categoria D implica na necessidade de capacitação/educação continuada dos profissionais da saúde. Conhecer o perfil dos medicamentos usados na gravidez pode ajudar a planejar programas de esclarecimento para pacientes e de educação continuada para profissionais de saúde e planejar intervenções educativas dirigidas a gestantes.
Palavras-chave: gravidez, medicamentos, farmacoepidemiologia.