63ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 6. Literatura
A PRODUÇÃO CINEMATOGRÁFICA HOLLYWOODIANA E SEU DIÁLOGO COM A LITERATURA NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM
Gismair Martins Teixeira 1
1. Prof. Ms./Orientador - Secretaria da Educação do Estado de Goiás
INTRODUÇÃO:
INTRODUÇÃO
Conforme o crítico literário norte-americano, Harold Bloom, vive-se na atualidade a sobreposição da imagem de diferentes mídias sobre o ato e o hábito da leitura. Ler o mundo pela imagética à disposição é mais fácil, rápido e cômodo. Mas também pode-se revelar mais superficial em termos de apreensão dos conteúdos veiculados. Na prática docente do ensino de literatura na rede pública, constitui-se um perpétuo desafio ao professor a busca por incentivos que tornem a leitura mais prazerosa para o corpo discente. Isolá-la do universo em que o estudante está imerso parece contraproducente. Assim, a presente pesquisa caracterizou-se como uma experiência que objetivou estabelecer um vínculo entre a produção cinematográfica mais forte da indústria cultural, a hollywoodiana, e a prática de leitura de importantes nomes da literatura brasileira e universal por parte do alunato do ensino médio da rede pública da unidade onde a atividade foi desenvolvida. O resultado alcançado junto aos alunos na apreensão dos conteúdos lítero-cinematográficos trabalhados de maneira concomitante se mostrou bastante satisfatório, o que por si confere relevância ao projeto que está descrito em nosso portfólio na unidade escolar e que trazemos para este espaço de conhecimento.
METODOLOGIA:
MÉTODOS
Os métodos aplicados consistiram basicamente na exibição de obras produzidas por grandes estúdios da indústria cinematográfica adredemente selecionadas, que guardavam alguma relação temática com os conteúdos trabalhados em sala de aula com alunos do ensino médio, mormente os de terceira série, que estavam na iminência de se submeterem a avaliações importantes na trajetória estudantil, como o Enem e os diversos vestibulares oferecidos por universidades públicas e particulares. Dessa forma, procedia-se à exibição de um filme. Em seguida, adotava-se a estratégia de discussão em grupo acerca do conteúdo da peça exibida. No momento seguinte, que se estendia temporalmente por diversas aulas, os sujeitos participantes tinham acesso a material didático que dialogava intertextualmente com o filme exibido em aparelhagem de DVD de última geração e em sala climatizada. Num outro momento, procedia-se à produção textual de resenhas e artigos de opinião que apresentavam as peças culturais em foco como elementos geradores de textos versando sobre assuntos da atualidade, como é característico da última tipologia textual mencionada.
RESULTADOS:
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados alcançados na aplicação desse projeto foram animadores. Percebeu-se, quando não um interesse para a leitura da obra literária, pelo menos uma maior compreensão do conteúdo proposto na grade curricular. Houve depoimentos curiosos, e pôde-se perceber em avaliações escritas o desempenho alcançado por alunos com dificuldades de abstração cognitiva anteriores à execução do projeto. Após a exibição do filme Troia, uma adaptação do diretor Wolfgang Petersen para o clássico de Homero, A Ilíada, houve estudante que se mostrou interessado em conhecer o texto homérico. Em outra etapa, após a apresentação do soneto do poeta pré-modernista, Augusto dos Anjos, intitulado O morcego, exibiu-se o filme Batman begins, que relata a transformação da personagem diante do enfrentamento do medo que tinha em relação ao estranho mamífero voador e consequente assunção do herói. Puderam os alunos perceber o quanto o soneto do poeta brasileiro estabeleceu um instigante diálogo com a produção cinematográfica do diretor Christopher Nolan. O resultado geral apareceu nas provas escritas de maneira satistória, pois os alunos puderam estabelecer instigantes correlações culturais em produções textuais que são comumente cobradas em processos seletivos universitários.
CONCLUSÃO:
CONCLUSÕES
No tópico anterior foram mencionadas duas peças cinematográficas trabalhadas com os alunos. Óbvio, a exiguidade de espaço não permite mais desdobramentos, mas se pode dizer nestas conclusões que outros filmes foram apresentados em perspectivas que dialogavam com outros conteúdos do universo literário trabalhado junto aos alunos da unidade escolar em que o projeto foi aplicado. Certo, não se trata de um projeto pioneiro, mas sim bem executado. Tal convicção não se vincula a idiossincrasias do autor, porém aos resultados observados. Chamou-nos a atenção o quanto a mente moderna da juventude está fortemente influenciada pela imagem, confirmando a observação de intelectuais mundo afora, como o crítico literário mencionado na introdução deste resumo. Porém, despertou-nos também a convicção de que é possível estabelecer uma ponte entre as mídias da atualidade e o prazer do texto a que se referia o pensador francês Roland Barthes, num autêntico processo cultural semiótico.
Palavras-chave: Cinema - Literatura - Conhecimento