63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 3. Filosofia - 2. Filosofia |
A LIBERDADE EM SARTRE: DAS QUESTÕES RELATIVAS AO INDIVÍDUO E A SOCIEDADE |
Santusia Rabelo Nunes 1 Cezar Luiz De Mari 2 Sidimara Cristina de Souza 3 Sandra Neres Santos 4 |
1. Profa. Dra./Orientadora - Depto. Interdisciplinar de Ciências Básicas- DICB/UFVJM 2. Prof. Dr./Co-orientador- Depto. de Educação- UFV 3. Graduanda em Serviço Social na UFVJM 4. Graduanda em Serviço Social na UFVJM |
INTRODUÇÃO: |
Esta pesquisa se coloca em termos de investigação de uma vertente filosófica do século XX denominada existencialismo e seus contributos em termos de debate sobre a liberdade. Ao discutirmos esta temática, de alguma maneira, remetendo a um conjunto de outras categorias necessárias para tal entendimento. Conhecer e analisar essas categorias torna possível observar em termos contemporâneos como as grandes temáticas são insuperáveis e ao mesmo tempo como dizem coisas novas em tempos diversos. A angústia e a má-fé são duas categorias das quais nos referimos. Elas nos ajuda a pensar em termos de uma existência autêntica, isto é, capaz de ser significativa como campo de decisão livre. A pesquisa presente teve por objetivo geral estudar o conceito sartreano de Liberdade desenvolvido nas obras O ser e o nada; Crítica da razão dialética e Existencialismo é um humanismo. Os objetivos específicos foram: analisar as categorias de Ser e Consciência em Sartre e sua relação com a categoria Liberdade; definir a categoria Má-fé e Angústia; compreender a idéia de Existência Autêntica e Inautêntica; compreender a noção de subjetividade/eu e da externalidade/outro em Sartre e verificar as implicações teórico-práticas da temática da liberdade no debate filosófico e ético contemporâneo. |
METODOLOGIA: |
O presente trabalho, de caráter explicativo e bibliográfico buscou analisar as obras: O ser e o Nada, publicada em 1943, estudo de caráter existencial e antológico, descrevendo as principais estruturas do Ser-no-Mundo. Foi realizada analise do texto O existencialismo é um humanismo, publicado em 1946, buscando o significado ético do existencialismo, contestando as objeções marxistas e católicas. O autor, nesta obra, apresenta o existencialismo como um humanismo onde o homem é o criador de todos os valores, emitindo a necessidade de fatores externos e unindo liberdade e responsabilidade, escolha e compromisso social. Analisamos também a Critica da razão dialética, publicado em 1960, onde encontramos reflexões com o objetivo de aproximar o debate do existencialismo com o marxismo, a questão da liberdade na relação com o outro e com a complexidade social. Esse trabalho contou com a participação de alunos e professores do curso de Serviço Social da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM. |
RESULTADOS: |
Descrever a liberdade sempre foi e ainda continua sendo uma missão difícil, principalmente no mundo moderno. A perspectiva da liberdade leva o homem a deparar-se com a condição de decidir, uma vez que as suas escolhas são rodeadas de riscos e isso lhe causa insegurança e medo. Na vida social, vivemos uma relação constante entre o Eu e o Outro, e essa mediação faz com que ocorra um comprometimento da liberdade. Os valores e costumes quando cristalizados e naturalizados, impedem a ação livre, pois estão vinculados a estereótipos e a ideários sociais em que o homem é mediação para outros fins. Vivemos em um momento da história onde são estabelecidos mecanismo de controle da ação humana por padrões pré-estabelecidos socialmente, entretanto somos responsáveis pelas nossas ações, sejam elas frutos dos condicionamentos ou resultado da ação livre e consciente, uma vez que “estamos condenados a ser livres”, segundo o autor Jean Paul Sartre. Dados os condicionamentos sociais a liberdade anda sempre a perigo, incorrendo em má-fé ou abandono da liberdade em função de externalidades, pondo em questão a capacidade do homem de afirmar sua maioridade, no sentido posto pela filosofia moderna (Cf. KANT, 1982, NIETZSCHE, 1999). |
CONCLUSÃO: |
Descrever a liberdade sempre foi e ainda continua sendo uma missão difícil, principalmente no mundo moderno, onde a mesma é vista como a essência do poder. E assim como Sartre questionou, ainda continuamos a nos perguntar se: a liberdade é indescritível? Somos realmente livres? Em que medida o homem tem superado as externalidades em direção a uma existência autêntica? A humanidade, segundo Sartre, passou por momentos de total abandono de si e do outro, quando construiu imagens divinas abdicando as responsabilidades sobre a sua ação. A autenticidade do homem se vincula diretamente ao fato de reconhecer que o único capaz de responsabilizar-se por si é o próprio homem. A perspectiva da liberdade leva o homem a deparar-se com a condição de decidir, uma vez que as suas escolhas são rodeadas de riscos e isso lhe causa insegurança e medo. E nessa concepção o indivíduo escolhe fugir, gozando da vida como se cada minuto fosse único, ou ignora o que realmente é, negando-se, vivendo uma vida que não é a sua, expressa a negação daquilo que seria a liberdade em Sartre. Em síntese podemos concluir que a temática da liberdade em Sartre implicará sempre na análise da relação eu e o outro, o cerne da vida social e dos conflitos. |
Palavras-chave: Liberdade, Consciência, Existencialismo. |