63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 3. Filosofia - 2. Filosofia |
TOTALITARISMO E LITERATURA DE TESTEMUNHO NA SEGUNDA GUERRA |
Ethannyn Mylena Moura Lima 1 Adriano Correia Silva 2 |
1. Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Goiás – FAFIL/UFG 2. Prof. Dr./Orientador – Faculdade de Filosofia - FAFIL/UFG |
INTRODUÇÃO: |
No seu ensaio O Narrador, Walter Benjamin (1994) aponta como tese principal a relação entre o surgimento do Romance e extinção da Narrativa; e o processo de urbanização gradativa, associado ao início da Revolução Industrial e da ascensão da burguesia. Assim, a chamada “literatura de testemunho”, referente ao período pós-Segunda Guerra, é marcada por uma “volta”, por assim dizer, à narrativa, onde os textos são marcados por estruturas da linguagem falada, onde predomina o elemento da experiência de vida transmitida. A “caracterização” da Segunda Guerra, como um ponto de inflexão histórico de tal altura (ou profundidade), involucrando horrores inenarráveis, relativamente às estruturas de linguagem de então, - isto devido ao caráter nunca antes visto de fatos como o nazismo e os campos de concentração, verdadeiras indústrias da morte - é endossada por Hannah Arendt, em Origens do Totalitarismo (1989), relatada por Alesanker H. Lakz com O sobrevivente (2000), testemunha e narrador dos campos de concentração nazistas. Dessa forma, o tema se mostra pertinente dentro do campo filosófico, uma vez que a narração desses acontecimentos constituem um ferramental importante na análise dos sistemas totalitários e consequentemente, os valores humanos |
METODOLOGIA: |
Em se tratando de uma pesquisa de estrito cunho teórico, foi desenvolvido táticas de leitura, tais como fichamentos e resumos, dos textos dos autores relacionados ao tema da pesuisa, selecionados para compor a bibliografia da teórica do estudo. |
RESULTADOS: |
Nosso objetivo esteve centrando em analisar os sistemas totalitários por intermédio da literatura de testemunho, e para isso, utilizamos os escritos de Lakz (2000) que hoje se dedica a dar palestras sobre os campos de concentração nazistas e preside a Associação Brasileira dos Israelitas Sobreviventes da Perseguição Nazista - Sherit Hapleitá, do Rio de Janeiro. Dessa forma, estudamos O Narrador de Benjamin para compreender as estruturas narrativas da chamada literatura de testemunho e a mensagem que ela nos passa sobre os campos, tema discutido por Arendt em diversas obras. Fato que contribuiu para compreender que a narrativa da literatura de testemunho não possui um rigor literário de escrita e sim algo próximo do diário, mesmo se tratando de uma escrita mais sofisticada, como encontramos em Primo Levi (1988); Arendt (1989), por sua vez, mostrou que tal sistema foi capaz de provar o mal banal, o mal sem raízes e a anulação total dos direitos humanos. |
CONCLUSÃO: |
Através da leitura dos textos propostos, foi possível entender a mensagem passada para nós através da literatura de testemunho, bem como e levantar questionamentos como: qual o legado que a literatura de testemunho nos deixa, se é que devemos enxergar um legado nela? Não há legado algum, mas também podemos interpretar de outra forma, de que se deve esquecê-lo (o evento nazista), não da forma em que os rastros sejam apagados, mas esquecer como Ricoeur (2007) nos aponta um esquecimento que possibilite a abstração do fato e dessa forma contribua para uma não repetição em nenhuma esfera da sociedade, sendo possível assim se esquecer do passado sem a probabilidade de repeti-lo. |
Palavras-chave: Totalitarismo, Literatura de Testemunho, Narrativas. |